Alvos de recentes e acaloradas discussões, o campo da cultura, ou melhor, os investimentos públicos no setor cultural precisam de maiores esclarecimentos tanto por parte dos nossos gestores públicos quanto dos que se beneficiaram e/ou se beneficiam das políticas de incentivos culturais. Afinal, qual o impacto que um evento cultural pode ter na cidade em que ocorre? Qual a geração e retorno econômico? E quanto a produção de renda e emprego, arrecadação de impostos, aumento da visitação em sítios turísticos?

Ainda que tardio, o Ministério da Cultura (o extinto Minc) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou no fim do ano de 2018 uma pesquisa que mensurou dados como esses e comprovar que o retorno financeiro de um evento cultural vai muito além do investido. De acordo com o estudo, a cada R$ 1 investido em projetos culturais financiados R$ 1,59 retornam à economia por meio da movimentação financeira que geram. A participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) pode chegar a 4,5%. Para efeitos de comparação, o tradicional setor têxtil corresponde a 2,3%.

A análise considerou ainda que as atividades culturais respondem por, pelo menos, 1 milhão de empregos diretos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, dão conta de que o número de trabalhadores brasileiros em cultura é maior do que o da indústria automobilística. Com a atual taxa de desemprego, dados como esses não podem ser desconsiderados quando refletimos sobre o setor cultural.

Muitos gestores municipais brasileiros já parecem entender que o investimento em cultura é lucrativo e começam a investir não somente na realização de eventos e festivais culturais mas também na criação de indicadores para acompanhar o retorno econômico deles.  A Cidade de São Paulo, por exemplo, divulgou, a respeito da Virada Cultural que aconteceu na semana passada em São Paulo, o conjunto de informações a seguir com o qual finalizo nosso bate papo de hoje:

O que você acha? Podemos olhar para a cultura sob o viés e relevância econômica?

Fonte: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. A Cultura na Economia Brasileira. FGV Projetos, n. 23, 2015.