Minas Gerais
Produtores do Norte de Minas aprendem técnicas de convivência com a seca
Apesar das chuvas intensas do início do ano, o Norte de Minas já sente os efeitos da estiagem prolongada. Para amenizar o problema, a equipe da Unidade Regional da Emater-MG de São Francisco vem buscando alternativas para os produtores e ministrando treinamentos sobre técnicas agropecuárias de convivência com a seca no semiárido. O último evento foi um seminário, realizado no fim de abril, que reuniu 85 agricultores em Patis e teve como foco a alimentação de bovinos tanto para leite como para corte.
No Norte de Minas, o longo período de estiagem se caracteriza por 6 a 7 meses sem chuvas e com uma grande intensidade de insolação. Este ano, houve poucas chuvas em março, ocorrência de grande importância para a região, pois é vista como um sinal do grau de agressividade do período seco no decorrer do ano.
“No começo do ano, choveu demais, mas depois passou. Agora a pastagem já está seca e, com o milho muito caro, os produtores precisam arrumar opções mais acessíveis para alimentar o rebanho. Esses extremos climáticos estão exigindo cada vez mais planejamento do pecuarista”, argumenta o coordenador regional de Culturas da Emater-MG, Frederico Rodrigues Botelho.
Múltiplos uso da mandioca
Uma das recomendações que estão sendo passadas aos produtores da região é o incentivo ao cultivo da mandioca. “A mandioca é um alimento altamente nutritivo e serve tanto para a alimentação humana como animal. Dela, você consegue aproveitar tudo, até a rama (parte área da planta). Ela também é muito rústica, tolerante a estiagem prolongada e é fácil encontrar mudas, pois é bastante comum seu cultivo na agricultura familiar”, salienta Frederico.
O coordenador conta que, na região, muitos produtores rurais têm investido no cultivo e uso da mandioca. A técnica tem gerado economia para os produtores e propiciado mais qualidade para a alimentação animal. Devido à sua rusticidade, a mandioca é pouco exigente em fertilidade de solo e tolerante a períodos de seca, sendo uma alternativa para a substituição do milho e do sorgo no Norte do estado.
“Muita gente já plantava mandioca para fazer farinha e polvilho, porém, a parte aérea, manivas e folhas eram desperdiçadas. Agora a parte aérea da planta é transformada em feno e silagem, melhorando a nutrição animal”, explica o coordenador.
O coordenador de Regional de Pecuária da Emater-MG, Antônio Faria Salgado Júnior, destaca que o interessante é o produtor ter, além da mandioca, o capiaçu, uma cultivar de capim-elefante de alto rendimento para produção de silagem.
“A mandioca é rica em proteína, mas dá pouca quantidade de alimento. Então você planta o capiaçu, que não tem muita proteína, para dar volume. Aí você mistura um balaio de silagem de rama de mandioca e dois de silagem de capiaçu para ter uma oferta maior de ração”, explica o técnico. Devido a estiagem, Antônio Faria recomenda ainda que o produtor procure fazer uma pequena área de mandioca irrigada por gotejamento, aproveitando a água acumulada no período de chuvas.
Cultura resistente à seca
A palma forrageira é mais uma alternativa recomendada para a alimentação do rebanho bovino no Norte do estado, principalmente em tempos de seca. A planta serve de alimento para bois, cabras e ovelhas, além de ajudar na hidratação dos animais, já que é constituída por até 90% de água. Além de ser uma boa opção para a dieta dos animais, a palma se sobressai em condições de seca. Em um hectare de terra é possível obter mais de 100 toneladas de palma forrageira, com custo baixo e pouca água. Mas como ela tem baixo teor de fibra, proteína e matéria seca, a palma não deve ser utilizada como única fonte de alimento para os bovinos.
Além da adoção de variedades mais resistentes, o coordenador regional de Culturas salienta que é importante o agricultor se preocupar com as condições de solo, que será implantada a lavoura, verificando a acidez, a fertilidade e a compactação do terreno e se há processo erosivo. “Assim as plantas vão encontrar um ambiente mais propício para o desenvolvimento de suas raízes. Quanto mais profundas as raízes forem, mais facilmente elas vão achar água e nutrientes, levando a planta suportar melhor as adversidades do clima”, recomenda Frederico.
Brasil e Mundo
Descobrindo Ouro Preto: História, Cultura, Gastronomia e Cautela
Visitar Ouro Preto, no coração da mineiridade, é viajar no tempo. Fundada em 1711, essa joia do barroco brasileiro preserva a rica história da mineração (o ciclo do ouro no país), o encanto da literatura, foi nestas terras que Tomás Antônio Gonzaga viveu seu grande amor com Marília de Dirceu, inspirando uma das obras mais marcantes da literatura mundial, a genialidade de mestres como, Antônio Francisco Lisboa; o Aleijadinho, um dos maiores mestres da arte barroca no Brasil e claro, Tiradentes, uma figura central na história do Brasil, que tem uma forte conexão com Ouro Preto, antiga Vila Rica, que foi o cenário principal da Inconfidência Mineira, movimento de resistência à exploração colonial portuguesa.
Além disso Ouro Preto respira arte e festas. A cidade comemorou no último dia 18 de novemebro o aniversário de 210 anos de Aleijadinho, um evento que celebrou a arte, a cultura e a história da cidade. Durante uma visita na cidade, a nossa equipe conversou com o Ouro-pretano, Mauro Francisco de Souza Silva, conhecido por Mauro Amorim que é o organizador da 45ª Semana do Aleijadinho 2024 e Coordenador do CPP da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Ouro Preto.
— confira a entrevista abaixo com o coordenador da Semana da Aleijadinho, Mauro Amorim.
A riqueza cultural de Ouro Preto também pode ser vista nas galerias e exposições. Visitamos uma mostra de desenhos de um renomado artista local, falecido aos 94 anos; José Pio Monte.
“A Arte de JPio” é uma exposição, retrospectiva dos trabalhos artísticos e dos desenhos técnicos de Zé Pio e promove o resgate de peças industriais e a planificação de estruturas não mais existentes em Ouro Preto: o artista apresenta obras produzidas desde a década de 1970 nas técnicas óleo sobre tela, bico de pena, nanquim aguada, lápis e giz pastel. Na exposição que aconteceu na última semana desenhos em bico de pena despertaram ainda mais a paixão do público pelo artista. Durante a exposição, conversamos com o filho do artista, que compartilhou histórias emocionantes sobre o trabalho de seu pai e sua ligação com a cidade.
— confira o vídeo abaixo do engenheiro José Carvalho Monte, filho do artista Pio Monte, que ressalta o legado de seu pai, um dos maiores artistas do Brasil.
Outra experiência marcante foi a visita a uma mina histórica de extração de pedras preciosas e ouro. Apesar de sua beleza e riquezas naturais, Ouro Preto carrega em suas raízes uma história de exploração. Durante o auge do ciclo do ouro, milhares de pessoas ( inclusie crianças) foram escravizadas para trabalhar em condições insalubres, extraindo riquezas destinadas à Coroa Portuguesa. Essa herança de sofrimento contrasta com o esplendor de magia da cidade, que hoje se destaca como um dos maiores patrimônios históricos do Brasil. Para se ter uma ideia da crueldade, a expectativa de vida dentro das minas era inferior há 5 anos.
Com tanta história provavelmente deu água na boca e vontade de saborear essa cidade, e claro, Ouro Preto encanta também pelo paladar. A cidade oferece uma gastronomia rica e diversificada, com restaurantes que agradam a todos os gostos. Seja para um jantar romântico, um momento em família ou uma reunião entre amigos, os ambientes são aconchegantes e acolhedores. Além da tradicional e deliciosa comida mineira, há opções de culinária internacional que tornam a experiência ainda mais especial.
Com cerca de 74 mil habitantes, Ouro Preto une história, cultura e sabores únicos, sendo um destino que marca para sempre quem passa por lá. Fique atento para aproveitar sua viagem com responsabilidade e desfrute de tudo o que essa cidade extraordinária tem a oferecer e antes de pegar a estrada escoha sua pousada preferida e seja cauteloso na contratação de guias, nem tudo que se vê e ouve pode ser verdade, na dúvida: pesquise. Boa viagem!
Saiba Mais sobre Tiradentes
Conexão de Tiradentes com Ouro Preto
• Inconfidência Mineira: Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, era um dos líderes do movimento que buscava a independência de Minas Gerais e a autonomia do Brasil em relação a Portugal. Ouro Preto, como capital da capitania, era o centro das discussões e conspirações da Inconfidência.
• Prisão de Tiradentes: Embora tenha sido capturado no Rio de Janeiro, muitas das articulações da Inconfidência aconteceram em Ouro Preto, onde residiam vários inconfidentes.
Pontos Históricos Relacionados
1. Casa dos Contos: Era usada como casa de fundição e prisão temporária de alguns inconfidentes. Hoje é um museu que retrata a história da economia brasileira no período colonial.
2. Museu da Inconfidência: Localizado na antiga Casa de Câmara e Cadeia, guarda documentos, objetos e memórias dos inconfidentes, incluindo homenagens a Tiradentes.
3. Igreja de São Francisco de Assis: Essa igreja barroca é uma das obras-primas de Aleijadinho e representa a riqueza e a religiosidade da época, contextos que influenciaram os movimentos sociais.
Legado de Tiradentes
Tiradentes é considerado um mártir da independência brasileira. Sua memória é honrada em Ouro Preto por meio de eventos culturais, como a Semana da Inconfidência, realizada em abril, e pelo reconhecimento do seu papel como símbolo de liberdade.
A cidade, com sua arquitetura colonial preservada, oferece uma viagem no tempo, permitindo compreender melhor os ideais e o sacrifício de Tiradentes em um momento crucial da história do Brasil.
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