Minas Gerais

Cafeicultores do Sudoeste mineiro “multiplicam” crédito rural

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A trajetória de dois irmãos de São Tomás de Aquino, no Sudoeste mineiro, é um exemplo de experiência bem-sucedida do uso do crédito rural, aliado à assistência técnica, para impulsionar a geração de renda de agricultores familiares e melhorar a produção. O financiamento da cafeicultura, principal atividade da família, viabilizou melhorias nas propriedades, avanço tecnológico, aumento da produtividade e melhores condições de vida para os produtores e familiares. Além da oportunidade, também se destaca a vontade de cada um deles em investir na atividade.

Assim é a história de Reginaldo Farchi e Ronaldo Alves Farchi, que aprenderam desde cedo com o pai a lida com as lavouras de café. No início, investiram também no plantio de milho, numa propriedade dividida entre os sete irmãos. Porém, acabaram migrando novamente para a cafeicultura e expandiram as respectivas propriedades. “Comecei como cafeicultor, com meus pais e irmãos. Trabalhei muito até ter o meu próprio dinheiro para comprar uma outra parte da fazenda, onde plantei mais café. Tudo que consegui vem da roça e das lavouras”, revela Reginaldo.

Hoje, eles comercializam o café para cooperativa e exportadora da região. Reginaldo tem uma propriedade de 6,5 hectares em produção, denominada Sítio Alto da Colina. A média de produção anual é de 200 sacas beneficiadas. Já Ronaldo, proprietário do Sítio Lagoa, tem nove hectares de café em produção, com a média 300 sacas de café.

Para atingirem o atual estágio de produção, os irmãos Farchi contaram com a assistência técnica da Emater-MG. Também foram contemplados pelo Luz para Todos, programa federal que beneficiou residências rurais sem energia elétrica e, principalmente, pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

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Expansão

Com projetos elaborados pela Emater-MG, eles já acessaram várias linhas de custeio e investimento do Pronaf. Reginaldo usou os recursos para investir em tratos culturais, canalização da água para abastecimento da residência e financiamento da construção da moradia e do terreiro de secagem de café.

O irmão Ronaldo também acessou o Pronaf para o financiamento da construção da casa e do terreiro de secagem de café, no sítio. Além disso, se valeu do crédito para investir na compra de um trator e outros maquinários. E, mais recentemente, instalou energia solar na propriedade, novamente com recursos do crédito rural do programa federal.

“O Pronaf é tudo de bom. Sem ele eu poderia ter melhorado, mas teria mais dificuldade. Pensa bem, eu tinha quatro filhos e nada de dinheiro. Eu e minha família conseguimos muitos benefícios para o nosso desenvolvimento na agricultura. Primeiro a lavoura de café, depois o terreiro concretado, trator, carreta, pulverizador, roçadeira e, por último, a construção da casa e a energia solar”, enumerou.

Há 16 anos, o agrônomo do escritório local da Emater-MG de São Tomás de Aquino, Fausto Ornelas, acompanha e presta assistência técnica aos agricultores familiares do município, entre eles, os irmãos Farchi. Segundo o técnico, com o apoio da empresa, diversas famílias locais também vêm superando dificuldades. “Entre as diversas famílias beneficiadas, podemos destacar esses dois irmãos. Eles são exemplos de superação, união, dedicação, empenho, organização, persistência e amor pelos trabalhos realizados. Pelo que tenho acompanhado dessas trajetórias, a cada dia eles colhem mais frutos”, explica.

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Meio ambiente

Outro aspecto que chama a atenção na história dos irmãos Farchi é a iniciativa de ambos em formar reservas ambientais por conta própria. Reginaldo, por exemplo, separou duas áreas na propriedade para plantar árvores. Uma é próxima à mina de água, que além de abastecer a casa, também serve a outras três famílias. A outra tem o objetivo de sombrear as lavouras e “quebrar” o vento que pode prejudicar os cafezais. “Plantei árvores frutíferas, eucalipto, cedro, paineira, jequitibá, moreira e embaúba. Todas são pra conservar o solo e a mina de água”, diz.

Ronaldo também está formando uma reserva de madeiras de lei em sua propriedade. “Sempre gostei de arborizar. Plantei mogno, teca, jequitibá rosa, cedro e jacarandá. Já, já vou plantar uma carreira delas entre os cafés pra proteger do sol e do vento. Fiz uma com abacateiro”, informa.

Projetos da Emater

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) destina-se a estimular a geração de renda e melhorar o uso da mão de obra familiar, por meio do financiamento de atividades e serviços rurais agropecuários e não agropecuários.

São beneficiários do Pronaf os agricultores e produtores rurais que compõem as unidades familiares de produção rural e que comprovem seu enquadramento mediante apresentação da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) ativa. Também são observados alguns critérios, como, por exemplo, o trabalho familiar como predominante.

A Emater-MG elabora projetos do Pronaf para os agricultores familiares em Minas Gerais. Em 2021, foram 11 mil projetos, no valor de R$ 820 milhões.

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A Crise das Emendas Parlamentares: Mentiras, Bloqueios e o Debate sobre Transparência

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ARTIGO/ Sob o pretexto de garantir maior transparência, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, bloqueou em agosto deste ano a liberação de aproximadamente R$ 25 bilhões em emendas, um gesto que escancarou as fragilidades e controvérsias desse mecanismo tão utilizado no Congresso. No entanto, um fenômeno curioso e preocupante ganhou destaque: a discrepância entre os valores anunciados por deputados em suas bases.

Conforme dados orçamentários, cada deputado possui acesso a cerca de R$ 37 milhões em emendas parlamentares, valor destinado a projetos que supostamente beneficiam suas regiões. Entretanto, não são raros os casos em que deputados inflacionam esses números, anunciando repasses de R$ 100 milhões, R$ 150 milhões ou mais. Essa prática, além de ser enganosa, mostra como a ausência de fiscalização detalhada abre espaço para a manipulação de informações.

Segundo um estudo do Instituto Transparência Brasil, apenas 30% dos eleitores têm acesso real às informações sobre o destino das emendas em suas regiões, e a maioria aceita os números divulgados sem questionamentos.

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O ditado “a mentira tem perna curta” parece não se aplicar ao universo político. Na verdade, nessa esfera, a mentira parece correr com facilidade: deputados utilizam a falta de conhecimento técnico da população para perpetuar suas narrativas, enquanto poucos se preocupam em verificar a realidade dos dados.

Esse cenário torna ainda mais urgente a implementação de mecanismos efetivos de rastreamento das emendas parlamentares.

Com a reestruturação, o TCU atuará diretamente para garantir que os recursos sejam destinados às áreas previamente definidas e que os parlamentares não utilizem as emendas de forma clientelista ou irregular. Resta saber se essa transparência será duradoura ou apenas uma resposta momentânea às crises entre os poderes.

Enquanto a nova estrutura avança, fica a reflexão: o caos no uso das emendas foi tolerado por anos. Por que a mudança aconteceu somente agora? A moralidade do processo só é lembrada em momentos de interesse político?

Embora a decisão tenha sido criticada por parte do Congresso, ela expôs uma verdade incômoda: muitos parlamentares dependem exclusivamente das emendas para justificar sua atuação política. O bloqueio gerou tensões entre os Três Poderes e colocou em xeque o equilíbrio institucional, especialmente porque apenas obras emergenciais e projetos em andamento foram liberados.

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A decisão de Dino veio acompanhada de uma provocação: por que a transparência não foi exigida antes?

A crise das emendas parlamentares vai além do bloqueio de recursos: ela revela como a opacidade e a manipulação de informações prejudicam o desenvolvimento do país. É essencial que o Congresso, a sociedade e o Judiciário avancem na construção de um sistema orçamentário transparente e rastreável, que impeça o uso indevido de recursos públicos e que garanta a aplicação real em benefícios para a população.

Enquanto isso não acontece, ficamos com uma lição clara: no Brasil, a mentira na política não tem perna curta — ela tem pernas longas, calçadas com sapatos de luxo, e corre bem longe da verdade.

Escrito por Alex Cavalcante Gonçalves – repórter e assessor parlamentar

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