Saúde
Constipação intestinal: conheça as causas, os sintomas e os tratamentos
Também conhecida como prisão de ventre ou intestino preso, a constipação intestinal é um problema caracterizado pela dificuldade persistente em evacuar, causado por alteração no funcionamento do intestino. O quadro típico, com duração mínima de três meses, ocorre quando o paciente costuma evacuar menos de três vezes por semana.
“Esse é um transtorno mais comum nas crianças, nos idosos e nas mulheres, principalmente durante a gravidez, e impacta a qualidade de vida de quem o possui. Além disso, o intestino preso pode estar associado também a doenças do cólon e do reto, como diverticulose, hemorroidas, fissuras anais e câncer colorretal”, afirma Danilo Munhóz, médico coloproctologista de Brasília.
Sintomas da constipação intestinal
Os sinais mais característicos podem variar de uma pessoa para outra ou na mesma pessoa em diferentes crises. Os mais comuns são número menor de evacuações, dificuldade para eliminar as fezes que se apresentam ressecadas, muito duras e pouco volumosas e sensação de esvaziamento incompleto do intestino . Outros sintomas, como gases, mal-estar, desconforto, distensão e inchaço abdominal, também podem estar ligados à prisão de ventre.
Causas da constipação intestinal
A ingestão insuficiente de fibras , a falta de atividade física regular e o excesso de consumo de proteína animal e de alimentos industrializados são as principais causas da constipação intestinal. Outros geradores da problemática são mudanças na vida ou na rotina, como gravidez, envelhecimento e viagens, uso excessivo de laxantes e ingestão de poucos líquidos. Quando surge a vontade de evacuar, é importante que ela seja atendida na mesma hora, pois o adiamento também pode comprometer o funcionamento regular do intestino.
Doenças que interferem no funcionamento do intestino
Algumas doenças ou condições, como AVC (Acidente Vascular Cerebral), síndrome do intestino irritável (SII), depressão, doença de Parkinson e diabetes , podem prejudicar a maneira como o intestino funciona. Existem algumas medicações que também podem levar à constipação, como diuréticos, analgésicos, anti-histamínicos, antidepressivos, antiespasmódicos, anticonvulsivos e antiácidos de alumínio.
Como prevenir a prisão de ventre?
A melhor forma de prevenção é por meio da ingestão de água e das fibras presentes nos alimentos. Um adulto precisa ingerir diariamente, em média, 25 g de fibra e 2 litros de água. Quando isso não acontece, há alteração do funcionamento intestinal, aumentando as chances do desenvolvimento de constipação.
“A fibra é importante porque nós, humanos, não somos capazes de digerir a maioria das fibras presentes nas frutas, verduras e cereais integrais (celulose), assim ela permanece no interior do nosso intestino até o momento da eliminação, retendo água no nosso bolo fecal e tornando-o mais pastoso, o que facilita o transporte até o reto e a sua posterior eliminação através da defecação”, explica Danilo Munhóz.
Outras dicas para evitar a constipação são:
- Ir ao banheiro sempre que tiver vontade;
- Ingerir álcool com moderação, porque ele estimula a diurese e desidrata as fezes;
- Lembrar que a ingestão de farelos pode aumentar a produção de gases;
- Comer frutas, se possível, com casca, nos intervalos entre as refeições;
- Tentar administrar as situações de estresse e as crises de ansiedade , pois as emoções têm influência sobre o funcionamento do intestino. Esse órgão é conhecido, inclusive, como “segundo cérebro”.
Alimentos que influenciam o funcionamento do intestino
Alguns alimentos podem influenciar positiva ou negativamente o funcionamento do intestino. Entre aqueles que pioram a constipação, estão arroz, batata, farinha de trigo, sucos de goiaba e limão, mandioca, pão branco, entre outros.
Os alimentos com características mais laxantes, ou seja, que soltam o intestino, são abóbora, abacaxi, aveia, abacate, feijão, mamão, melão, pepino, repolho, entre outros. Há, ainda, aqueles que podem desenvolver mais gases, como batata-doce, brócolis, couve-flor, ervilha, leite, ovo, uva-passa e verduras em geral.
Formas de tratamento
Para tratar a prisão de ventre, é importante que ocorram mudanças na dieta e no estilo de vida. Também existe a possibilidade do uso de medicamentos que amolecem as fezes, assim como há técnicas comportamentais capazes de reverter o quadro.
O biofeedback , por exemplo, é um método que busca melhorar o tônus da musculatura anal, assim como a sensibilidade da região anorretal. Isso, por sua vez, pode auxiliar bastante no tratamento da constipação intestinal. Também é possível treinar o intestino para que ele funcione perto do mesmo horário todos os dias.
A neuromodulação sacral pode ser recomendada caso não haja uma adaptação aos tratamentos convencionais ou às pessoas que tiveram algum dano causado ao nervo ou músculo. Ela consiste em um tratamento reversível que usa um pequeno neuroestimulador, colocado debaixo da pele, que envia leves impulsos elétricos por meio de um eletrodo até os nervos da pélvis que controlam o intestino. Esse procedimento visa ao funcionamento intestinal correto.
Quando procurar por ajuda médica?
Um especialista deve ser procurado caso sejam notadas mudanças bruscas no ritmo do intestino sem que tenha ocorrido nenhuma mudança nos hábitos alimentares. Se as fezes estiverem muito ressecadas ou muito finas, se surgirem sinais de sangramento ou se acontecer um emagrecimento constante sem nenhuma explicação aparente, o indicado também é procurar auxílio médico.
Por Thamara Paiva
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.