Saúde
‘Covid zero’: por que China tem dificuldade para vacinar idosos
Reality Check team – BBC News
Diante de protestos sem precedentes na China contra as medidas de combate à covid, as autoridades chinesas informaram que estão ampliando a campanha de vacinação para idosos.
A taxa relativamente baixa de vacinação entre pessoas mais velhas é um grande obstáculo para a China poder relaxar sua estratégia de “covid zero”.
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Quantos idosos estão vacinados?
A China reconheceu que registra taxas relativamente baixas de vacinação entre os idosos, que têm maior probabilidade de ficar gravemente doentes ou morrer ao se infectar com o coronavírus, em comparação com as faixas etárias mais jovens.
Em abril deste ano, os dados oficiais mostravam que apenas cerca de 20% dos idosos com mais de 80 anos haviam recebido duas doses de vacina e uma de reforço, enquanto menos de 50% da faixa etária de 70 a 79 anos estavam nessa situação.
Os números oficiais mais recentes, divulgados num momento em que protestos contra os lockdowns se espalham pelo país, apontam um salto acentuado nessas taxas de vacinação, para cerca de 40% totalmente vacinados com uma dose de reforço acima dos 80.
Essas taxas de vacinação da China para idosos são significativamente menores do que, por exemplo, as de Brasil, EUA e Reino Unido.
Os números do Reino Unido em novembro indicam que cerca de 80% das pessoas com 80 anos ou mais morando na Inglaterra haviam recebido uma dose de reforço nos três meses anteriores.
A China também anunciou um plano para aumentar as taxas de vacinação entre os idosos. E estabeleceu uma meta de chegar a 90% da população com mais de 80 anos vacinada com duas doses ou a dose de reforço até o final de janeiro.
Por que a taxa de vacinação é baixa entre idosos?
O chefe do painel de especialistas em covid da China, Liang Wannian, disse à BBC que a hesitação em se vacinar entre os idosos é um fator importante.
“Muitos idosos têm comorbidades. Eles acham que não será seguro tomar a vacina. Mas, na verdade, é seguro”, disse ele.
Ao contrário de outros países que vacinaram os idosos primeiro, a China priorizou a população em idade de trabalhar quando iniciou seu programa de vacinação no final de 2020.
O país também testou suas vacinas fora da China em países com populações muito mais jovens — e inicialmente disse à sua própria população idosa que não havia dados suficientes sobre a eficácia e a segurança das vacinas para recomendar que eles se vacinassem.
A infraestrutura de saúde comunitária também é vital para a distribuição de vacinas, diz George Liu, da Universidade La Trobe em Melbourne (Austrália). Ele diz que isso falta aos idosos na China.
“Diferentemente da imunização planejada para crianças, as unidades comunitárias de saúde não têm uma lista completa de nomes e um planejamento para idosos, e não têm atualmente um processo para garantir uma cobertura adequada de vacinação para eles”, diz Liu.
A confiança nas vacinas produzidas localmente também foi prejudicada por uma série de escândalos de saúde nos últimos anos. Isso inclui questões de segurança e padrões de produção para vacinas contra raiva, bem como para difteria e tétano.
As vacinas produzidas na China são eficazes?
A China desenvolveu e produziu suas próprias vacinas, que usam uma forma inativada do vírus para treinar o corpo para combater o vírus inteiro.
Embora eficazes, elas não são tanto quanto as vacinas de mRNA usadas em outras partes do mundo, que são produzidas a partir da parte principal do vírus que infecta as células do corpo.
Pesquisas sugerem que duas doses da vacina mRNA da Pfizer/Biontech dariam 90% de proteção contra casos graves da doença ou morte, enquanto a Sinovac, uma das vacinas mais usadas na China, daria proteção de 70%.
E longos períodos de lockdown na China significam que houve muito menos encontro de pessoas.
Por conta disso, mesmo para aqueles que foram vacinados, houve menos exposição ao vírus e, portanto, menos se beneficiam da chamada “imunidade híbrida” — isto é, proteção através de uma combinação de vacinação e contato com o próprio vírus.
“É esse muro de proteção acumulada… através de exposição natural e vacinas eficazes, que fizeram da covid algo que a maioria do resto do mundo agora está disposta a conviver”, diz a repórter de saúde e desinformação da BBC, Rachel Schraer.
Acrescente a isso o fato de que novas subvariantes da ômicron surgiram e se espalharam mesmo entre os vacinadas, e isso torna a perspectiva de eliminar o vírus ainda mais improvável.
Por que a China não usou vacinas ocidentais?
Nos estágios iniciais do lançamento da vacina durante a pandemia, a China fez um grande investimento em sua própria produção.
No ano passado, afirmou ter produzido metade do estoque existente de vacinas contra covid do mundo.
Portanto não é surpreendente que o país relute em usar vacinas desenvolvidas em outros lugares.
A Alemanha estimulou a China a considerar o uso de vacinas de mRNA desenvolvidas no Ocidente. Atualmente, elas são difíceis de obter na China, disponíveis apenas para residentes estrangeiros.
Acredita-se que a China esteja desenvolvendo sua própria vacina de tecnologia mRNA, mas não está claro quando elas poderão estar disponível.
Reportagem adicional de Wanyuan Song
– Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63867257
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.
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