Saúde
Anvisa aprova novo uso de remédio para casos graves de Covid-19
Foi publicado no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (16), a determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ) que aprova o uso de dexametasona de forma injetável para o tratamento de casos graves de Covid-19 .
O pedido foi submetido à agência pela farmacêutica brasileira Aché, responsável pelo corticoide no país, onde é comercializado com o nome de Decadron .
A determinação da Anvisa aprova que o medicamento seja indicado apenas para os pacientes com formas graves ou críticas da infecção pelo novo coronavírus.
Ou seja, serão contemplados aqueles que apresentem a saturação de oxigênio inferior a 90% e dificuldades respiratórias. Os pacientes em estado crítico são aqueles que têm uma piora considerável no quadro da doença e chegam a precisar de aparelhos de manutenção de vida, ou apresentam quadros de sepse/choque séptico.
O medicamento deve ser integrado ao tratamento desses pacientes apenas mediante orientação médica.
A Anvisa alerta ainda que a dexametasona para quadros delicados, assim como outras substâncias que receberam o aval para a Covid-19, não são substitutos para as vacinas, que são eficazes em prevenir o agravamento da doença em primeiro lugar.
A nova indicação do Decadron para o tratamento de casos graves da Covid pela Anvisa segue a indicação da Organização Mundial Saúde (OMS) sobre os remédios que podem ser utilizados para a doença, atualizadas em setembro. Também acompanha manifestações semelhantes de outras autoridades reguladoras, como a Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
Para fazer a orientação, a OMS analisou uma série de estudos com os remédios. Em relação à mortalidade, sete trabalhos, que totalizaram 1.703 participantes, mostraram uma redução de 160 óbitos a cada mil pessoas para 126 entre os que receberam os corticoides. Outros dois estudos, com 5.481 participantes, observaram uma queda na necessidade de ventilação mecânica, de 116 pacientes a cada mil pessoas para 86.
Outras atualizações da OMS
A nova determinação da OMS indica o uso combinado dos corticoides com mais dois outros tipos de medicamentos que já eram orientados para formas graves ou críticas da Covid-19: os bloqueadores da interleucina 6 tocilizumabe e sarilumab, anticorpos monoclonais geralmente utilizados para tratar casos de artrite reumatoide.
Em setembro, o tocilizumabe chegou a ser incorporado para o tratamento do novo coronavírus no Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Ministério da Saúde, com um prazo de 180 dias para que a tecnologia seja oferecida. No Brasil, ele é vendido com o nome comercial de Actemra pelo laboratório Roche.
O outro medicamento é o baricitinibe, também utilizado originalmente para artrite reumatoide. Ele é chamado de inibidor da janus quinase, uma enzima que entre outras funções atua na inflamação do corpo.
Comercializado no Brasil com o nome de Olumiant pela farmacêutica Eli Lilly, ele também foi incorporado ao SUS para tratamento da Covid-19, tendo sido o primeiro remédio a ser incluído na rede pública para a doença, em abril deste ano. A OMS orienta a combinação da dexametasona com o tocilizumabe e o baracitinibe.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.