Saúde
Quem disse que diabético não pode tomar cerveja?
Eu recebo diariamente mensagens no Instagram ou no YouTube de pessoas querendo ajuda para saber se podem consumir bebida alcoólica tendo diabetes. São dúvidas comuns como: tenho diabetes, posso consumir bebida alcoólica? Qual a quantidade ideal que um diabético pode beber? Cerveja é um veneno para o diabetes?
Percebo que são perguntas que muitos gostariam de fazer para os respectivos médicos, mas não têm coragem. O assunto ainda é tratado como um tabu dentro dos consultórios. Por um lado, paciente com diabetes que tem vergonha ou medo de perguntar. Por outro, o médico acaba não explicando com um certo receio de parecer que está incentivando o consumo de bebida alcoólica. Ou, quando toca no assunto, é categórico em dizer para não beber.
Ao sair do consultório, essa pessoa com diabetes vai deixar de beber álcool para o resto da vida? Pode ser que sim, mas tenho certeza de que não é a decisão da maioria. O problema é que essa pessoa vai continuar consumindo bebidas, que, dependendo da quantidade e da forma ingerida, podem afetar o controle do diabetes e até oferecer riscos graves.
Sim, diabético pode beber e, quando a Carol Netto, nutricionista doutora em nefrologia e diabetes, me respondeu isso, ela foi muito incisiva ao completar… de forma MODERADA.
Não quero incentivar ninguém a começar a beber álcool todos os dias ou de forma exagerada. Na verdade, se você tem diabetes e quer beber, é preciso entender o que acontece com o corpo quando essas bebidas são ingeridas, o que isso reflete no controle da sua glicemia e quais os riscos.
Carol Netto, doutora em nutrição pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), me explicou, que antes de começar a beber, é preciso monitorar a glicemia e não ficar de barriga vazia o tempo todo. A maioria das bebidas alcoólicas acaba tendo um efeito hiperglicêmico, ou seja, que faz a glicemia subir na primeira hora de consumo, mas, dependendo do tempo que você estiver bebendo, o risco de hipoglicemia (glicose abaixo de 70mg/dl) aumenta.
Daí a importância de verificar mais a glicemia para evitar que ela fique muito tempo alta ou a hipoglicemia, que pode fazer com que a pessoa perca a consciência.
É fundamente deixar alguém sempre de sobreaviso por perto para, caso você não se sinta bem, essa pessoa posso tomar uma decisão por você.
A médica endocrinologista Denise Franco, uma das maiores referências em diabetes no mundo, reforça a importância de monitorar a glicemia ao consumir bebida alcoólica e, dependendo da quantidade ingerida, deixar alguém por perto para tomada de decisão em caso de hipoglicemia.
Ao ingerirmos bebida alcoólica, o fígado, que também tem um papel de liberar e equilibrar os níveis de açúcar no sangue, acaba “deixando” essa função de lado para metabolizar o álcool. Por isso o risco da glicose cair aumenta.
No caso da cerveja, uma preferência brasileira, é importante lembrar que essa bebida tem mais carboidrato, o que acaba elevando a glicose no sangue rapidamente, além de possuir calorias significativas, que contribuem para o ganho de peso.
Segundo a médica Denise Franco, é importante lembrar que, quando ingerimos uma quantidade maior de álcool, acabamos perdendo a noção do quanto de carboidrato que foi ingerido e isso afeta na tomada de decisão.
Para quem usa insulina é importante antes de dormir fazer o monitoramento e corrigir com uma dose menor da substância, pois a hipoglicemia pode acontecer entre 8 e 12 horas depois do consumo de álcool.
Portanto, com moderação e autocuidado com o diabetes, é possível consumir bebida alcoólica sem colocar em risco a saúde e aproveitar os momentos especiais. Mas lembre-se que esse consumo por pessoas com diabetes não deve fazer parte da rotina.
Para mais informações sobre como cuidar do diabetes e diminuir o risco de complicações no futuro acesse o Portal Um Diabético .
Boas glicemias e feliz ano novo para todos nós!
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.
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