Saúde
Há três anos era confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil
O Ministério da Saúde confirmou no dia 26 de fevereiro de 2020 o primeiro caso de Covid-19 no Brasil . O infectado foi um homem de 61 anos que havia chegado de viagem da Itália, na região de Lombardia. O paciente deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo e permaneceu em quarentena por 15 dias.
Residente da capital paulista, o primeiro caso esteve em território italiano entre os dias 9 e 21 de fevereiro. Ao chegar no Brasil, ele procurou um serviço de saúde com sintomas respiratórios. Ao realizar o teste para a doença e positivar, outras 30 pessoas da família do paciente foram colocadas em observação.
Na época, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que já era esperada a circulação do vírus, mas que, diferente dos demais países com transmissão, o Brasil ainda não está no inverno – período em que há maior risco de contágio. “É mais um tipo de gripe que a humanidade vai ter que atravessar. Das gripes históricas com letalidade maior, o coronavírus se comporta à menor e tem transmissibilidade similar a determinada gripes que a humanidade já superou”, disse o chefe da pasta no dia 27 de fevereiro de 2020.
Três anos depois, o Brasil soma mais de 37 milhões de casos, segundo o Ministério da Saúde. Em março e abril de 2021 houve um grande pico de pessoas infectadas no país, chegando a bater 79.298 óbitos somente no terceiro mês do ano. Em 8 de abril foi o dia com mais registros de mortes, chegando a 4.249 vítimas da doença.
Ao iG, Paulo Petry, doutor em epidemiologia pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atribuiu o pico de casos e mortes por Covid-19 a um conjunto de fatores, como, por exemplo, o relaxamento das medidas não farmacológicas.
“Houve um certo cansaço, um certo desconforto e as vacinas eram muito incipientes. Houve também um relaxamento, algumas festas de final de ano, ida a praias e enfim ocorreu esse pico um ano após o primeiro caso no Brasil”, explica o epidemiologista.
Mortes
A primeira morte por conta do novo coronavírus no Brasil aconteceu em 12 de março, segundo o Ministério da Saúde. A vítima, Rosana Aparecida Urbano, de 57 anos, foi internada no Hospital Municipal Doutor Carmino Cariccio, na Zona Leste da cidade, um dia antes de falecer em decorrência da doença.
Atualmente, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), ocorreram 94 mortes nas últimas 24 horas e 11 mil casos. Ao todo, o Brasil soma 698.915 óbitos por Covid-19.
“Hoje nós temos quase 700 mil mortes e eu sempre gosto de lembrar, porque às vezes o número não impacta e na imaginação esse número equivale a 10 estádios, 8 estádios de futebol cheios de pessoas que perderam a vida. Isso impactou nas famílias, na economia, nas empresas, em tudo”, ressalta Petry.
Vacinação
Segundo dados do Ministério da Saúde, 85,8% da população brasileira está completamente vacinada contra a Covid-19. Até este domingo (26), foram 476 milhões de doses distribuídas e 399 milhões aplicadas.
Com o avanço da imunização, as estatísticas mostraram que os casos e os óbitos diminuíram consideravelmente. Para Petry, a vacinação é “a maior conquista da medicina em todos os tempos”.
“Há uma estimativa da Organização Mundial de Saúde, não só para a Covid, mas que as vacinas salvam 3 milhões de vidas ao ano no mundo. Então é sem dúvida uma medida de grande impacto, de grande valor. Se você analisar, a pandemia começa a declinar na medida que avançamos com a vacinação”, diz ele.
Segundo o epidemiologista, há uma estimativa de que 19 milhões de brasileiros não completaram o esquema vacinal de imunização contra o coronavírus. Para ele, “isso é muito perigoso”, visto que “qualquer doença infecciosa exige uma colaboração. Quando temos o que chamamos de imunidade coletiva, quando o vírus perde a potência”.
Variantes e sub-variantes
Desde o início da Covid-19 no mundo, diversas variantes , que são mutações que surgem à medida que vírus vai se espalhando, apareceram e causaram certo medo na população.
Segundo a Fiocruz, no Brasil, entre de janeiro de 2020 e maio de 2021, a principal variante encontrada foi a Gama, originada em território brasileiro, acompanhadas pelas linhagens B.1.1.28 e B.1.1.33 e depois pela P.1 e pela P.2, descobertas em Manaus.
Após esse período, a Delta, originária da Índia, começou a circular no Brasil. Segundo um levantamento feito pelo Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Adolfo Lutz, 95,2% dos registros da doença foram causados pela variante Delta e 4,06% pela variante Gamma em maio e junho de 2021.
Logo após, surgiu a Ômicron, registrada primeiramente na Àfrica do Sul. Essa variante é a que prevalece em território brasileiro até hoje, acompanhada de sub-variantes.
O epidemiologista explica que o SARS-CoV-2, vírus da Covid-19, estará sempre em circulação, por isso ainda há possibilidades de surgirem novas variantes, linhagens e sub-variantes.
“Há uma tendência de haver novas sub-variantes. Por isso recomenda-se que as pessoas tomem a dose bivalente da vacina. O vírus da Covid não vai embora, ele felizmente vai causar menos impacto, mas a gente precisa manter o calendário vacinal em dia”, alerta Petry.
Algumas capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre estarão com as vacinas bivalentes da Pfizer disponíveis a partir de segunda-feira (27) nos postos de saúde. A nova dose de imunização é eficaz contra as novas cepas e variantes da doença.
No primeiro momento, serão vacinadas pessoas com 70 anos ou mais; pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILP) a partir de 12 anos, abrigados e os trabalhadores dessas instituições; imunocomprometidos; e comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas.
A vacinação contra a Covid-19 ocorre nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nas Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs)/UBSs Integradas.
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.
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