Saúde
Descubra como funciona a memória e formas de exercitá-la
Um brinquedo preferido, o cheiro da comida da avó, aquela viagem incrível, o primeiro beijo… A vida é formada por muitas memórias e são elas que formam nossa experiência de vida. Contudo, nem sempre paramos para pensar como tudo é armazenado e processado pelo cérebro. O que faz com que nos lembremos de certas coisas e esquecemo-nos de outras?
De acordo com a neurologista Carla Jevoux, membro da Academia Brasileira de Neurologia, a memória é composta por vários sistemas cerebrais diferentes. Esses sistemas realizam diversas funções, como aquisição, armazenamento e evocação das diversas informações adquiridas. “Alguns mecanismos moleculares envolvidos na formação dessas memórias estão em estudo. A descoberta desses mecanismos permitiria o desenvolvimento de medicamentos para melhorar a memória”, esclarece.
Atualmente, os medicamentos disponíveis são para pessoas que já têm o diagnóstico de síndromes como o Alzheimer. “No entanto, sabemos que uma região do cérebro chamada hipocampo é especialmente importante, bem como as vias que chegam e que saem do hipocampo”, acrescenta a profissional.
Tipos de memória
São dois os tipos de memória: uma delas guarda os fatos recentes, como o que fizemos hoje ou há alguns dias, que é denominada memória de curto prazo. A outra guarda nossas lembranças, fatos que aconteceram durante toda a nossa vida, chamada memória de longo prazo.
“Existe um subtipo da memória de curto prazo, chamado memória de trabalho ( working memory ), que funciona como se fôssemos um computador on-line, permitindo a manipulação em tempo real das informações. Sem ela, não conseguiríamos, por exemplo, guardar um número de telefone que acabamos de ouvir”, acrescenta o Dr. André Felício, neurologista e membro da Academia Brasileira de Neurologia.
Por que perdemos a memória?
Em primeiro lugar, é importante frisar que esquecimentos eventuais são comuns e, em maior e ou menor grau, acontecem com todo mundo. Porém, os casos frequentes, conhecidos como perda de memória e que atrapalham mais a rotina, apresentam como principal causa o envelhecimento ou as causas patológicas, como o Alzheimer.
“Sabemos que a diminuição da memória pode agir como sintoma de várias outras doenças neurológicas e clínicas, como hipotireoidismo e hipovitaminose B12, bem como parte do envelhecimento normal”, explica Carla Jevoux.
Relação entre memória e envelhecimento
A neurologista esclarece que, com o avançar da idade , há menor prontidão da memória e alterações no pensamento e raciocínio. Além disso, há mudanças na linguagem, como a dificuldade para “encontrar a palavra exata”, que são próprias do envelhecimento normal.
Outras doenças que afetam a memória
Outros tipos de problemas de saúde também podem afetar a memória. “Indivíduos com doença de Parkinson podem apresentar pior desempenho em testes de memória, orientação e abstração. Em pacientes com acidente vascular cerebral, a memória é o domínio cognitivo mais afetado, sendo a memória recente o domínio mais prejudicado”, explica a médica.
É possível exercitar a memória?
O neurologista André Felício afirma que o cérebro é ávido por informação, ou seja, quanto mais lemos, estudamos e pensamos, mais estimulamos as conexões entre os neurônios. “As pessoas com atividade intelectual intensa estabelecem mais sinapses entre os neurônios, ou seja, estimulam a formação de pontos de contato que permitem que os neurônios se comuniquem uns com os outros. Deste modo, é correto pensar que, quanto mais estímulos, mais sinapses são estabelecidas e mais memória nova é armazenada”, complementa Carla Jevoux. Pessoas que estudam muito apresentam falhas de memória mais tarde e mais lentamente.
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.
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