Saúde
Entenda como funciona a terapia Gestalt
A terapia Gestalt, também conhecida como psicologia da forma, teve como seus principais desenvolvedores os psicoterapeutas Friederich Salomon Perls e Lore Perls. A abordagem, que é centrada no presente, ajuda o paciente a focar sua situação atual, em vez de recapitular os fatos do passado.
Outra característica da terapia Gestalt é o estudo global do comportamento, no qual são levadas em consideração as condições gerais que alteram a percepção do estímulo. “Para apoiar essa ideia, os teóricos gestaltistas se basearam na ‘Teoria do Isomorfismo’, que se apoia na unidade do universo, ou seja, uma parte está sempre relacionada ao todo. Esse fenômeno de percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade”, detalha Sandra Regina Rüdiger, psicóloga, palestrante e escritora.
Técnicas utilizadas
Conforme relata Sandra Regina Rüdiger, as técnicas mais utilizadas na terapia Gestalt são:
- Cadeira vazia: o paciente reproduz um encontro com uma situação ou pessoa, de modo a entrar em contato com o evento emocional;
- Representações não verbais: por meio de um objeto ou posição corporal, o paciente representa sua atual situação;
- Identificação: o paciente se apresenta como objeto, imagem, sentimento ou, até mesmo, como outra pessoa.
Uma psicoterapia para todos
A terapia Gestalt é indicada para todas as faixas etárias e para todos os grupos, como crianças, adolescentes, adultos, idosos, casais, famílias e pessoas solteiras, segundo a psicóloga e hipnóloga Myriam Durante. No entanto, no caso das crianças, a profissional ressalta que o mais recomendado é que elas iniciem esse tipo de psicoterapia a partir dos 5 anos.
Sandra Regina Rüdiger ainda acrescenta que, apesar de ser sugerida para todos, a abordagem gestaltista deve ser cogitada principalmente para quem “busca trabalhar o contato e reconhecimento dos próprios sentimentos”.
Duração do tratamento
De modo geral, a duração do tratamento com a abordagem gestaltista varia de pessoa para pessoa. Myriam Durante comenta que alguns pacientes já apresentam melhoras após 5 consultas, enquanto outros só conseguem alcançar os benefícios da Gestalt depois de meses ou anos.
Diferentes benefícios da terapia Gestalt
Além de promover qualidade de vida, fortalecer a autoestima e auxiliar no tratamento de transtornos mentais, como ansiedade, depressão e estresse, essa abordagem terapêutica também viabiliza outros benefícios para o paciente.
“A terapia Gestalt ajuda a dar os primeiros passos em direção à autoconsciência e ao conhecimento do respectivo comportamento diante de determinadas situações”, explica Sandra Regina Rüdiger. Com isso, segundo Myriam Durante, é possível fazer com que o indivíduo entenda que ele é o único responsável pela própria felicidade.
Benefícios para crianças e adolescentes
Além dos benefícios gerais, a terapia Gestalt também oferece vantagens específicas para crianças e adolescentes. Conforme Myriam Durante, essa abordagem terapêutica possibilita a reorientação das funções de contato, como ver, ouvir, sentir e falar, de forma a apoiar um desenvolvimento infantojuvenil voltado às reais necessidades do corpo.
Dessa forma, explica a psicóloga, a criança ou o adolescente conseguirá levar uma vida que não seja baseada nas percepções familiares, “em que rótulos como ‘é uma criança agressiva’, ‘não gosta de estudar’, ‘é muito tímido’, ‘não conversa com ninguém’, entre outros, criam uma condição que distorce a imagem da pessoa diante de si mesma”, afirma.
Uso de medicamentos durante o processo terapêutico
Dependendo do caso, a utilização de remédios se faz necessária durante o tratamento gestaltista. Contudo, é preciso lembrar que um psicólogo não pode prescrever nenhum tipo de medicação, pois essa é uma tarefa dos médicos psiquiatras.
Para Sandra Regina Rüdiger, o que deve ocorrer é um alinhamento entre os profissionais da psicologia e da psiquiatria. Ou seja, caso haja a suspeita de que o paciente precise fazer uso de medicamentos, o psicólogo deve encaminhá-lo para o psiquiatra, porém sem interromper as consultas terapêuticas.
Diferenças entre a terapia Gestalt e as demais abordagens
A principal característica que difere a abordagem gestaltista das demais terapias é a centralização no presente. “Ao invés de simplesmente conversar sobre o que o paciente sentiu, a Gestalt sugere trazer as emoções e experiências para o presente, para o agora, por meio de técnicas que possam ressignificar as dores e traumas”, exemplifica Myriam Durante.
Fonte: Saúde
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.