Saúde
Linfoma não Hodgkin: entenda tudo sobre a doença de Jorge Aragão
Após uma bateria de exames, o cantor Jorge Aragão, 74 anos, recebeu o diagnóstico de câncer. O Linfoma não Hodgkin é um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, que envolve os vasos e gânglios linfáticos. A doença se manifesta principalmente nas estruturas linfáticas, podendo se espalhar para outras partes do corpo.
Segundo dados do INCA, estima-se que entre 2023 e 2025, o Brasil possa registrar aproximadamente 12.040 novos casos de linfoma não Hodgkin anualmente, sendo 6.420 em homens e 5.620 em mulheres, representando um risco de 5,57 a cada 100 mil habitantes.
Otávio Baiocchi, onco-hematologista e diretor do Centro Especializado em Linfoma, Mieloma e Terapia Celular do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, respondeu a algumas perguntas sobre a doença:
1- O que é o linfoma não Hodgkin que recentemente afetou o cantor Jorge Aragão? Quais são seus principais sintomas?
O linfoma não Hodgkin é uma doença que surge nos linfócitos responsáveis pela defesa do organismo. É caracterizada pelo aumento dos gânglios linfáticos em regiões como pescoço, virilha e axilas, e causa inflamação no corpo. Os principais sintomas incluem perda de peso, febre sem causa aparente, suores noturnos e aumento dos gânglios. Caso esses sintomas persistam por mais de uma semana, é importante buscar orientação médica para um diagnóstico preciso.
2-Quais são os fatores de risco associados ao desenvolvimento do linfoma de Hodgkin?
Na maioria dos casos, não existem fatores de risco identificados para o linfoma de Hodgkin e não Hodgkin, e não há hereditariedade envolvida como em outros tipos de câncer, como o de mama. Alguns fatores de risco menos comuns incluem exposição a inseticidas, benzeno e tratamentos quimioterápicos e radioterápicos. Além disso, o linfoma de Hodgkin ocorre com mais frequência em jovens de 15 a 30 anos, enquanto o linfoma não Hodgkin é mais comum em adultos de 40 a 50 anos.
3-Existe alguma forma de diagnóstico precoce para identificar o linfoma de Hodgkin?
Estar atento aos sintomas, especialmente ao aumento dos gânglios linfáticos sem causa aparente, é importante para um diagnóstico precoce. Buscar informações e procurar ajuda médica o mais rápido possível são as melhores formas de prevenção antecipada.
4-Quais são as opções de tratamento disponíveis para pacientes diagnosticados com linfoma de Hodgkin?
As opções de tratamento incluem imunoterapia, quimioterapia e radioterapia. Como existem mais de 60 tipos diferentes de linfoma, os tratamentos são específicos para cada caso, podendo envolver combinações que melhor atendam ao objetivo de cura. Em estágios mais avançados da doença, pode ser necessário o transplante de medula óssea.
5-Quais são os objetivos do tratamento e como os pacientes podem lidar com os efeitos colaterais?
O objetivo do tratamento é restaurar as funções saudáveis da medula óssea, permitindo que o paciente recupere sua capacidade de defesa do organismo. Os efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e desconforto estomacal, são menos frequentes atualmente, mas a baixa imunidade é um dos principais desafios a serem enfrentados.
6-Quais são as medidas de acompanhamento recomendadas após a remissão da doença?
O acompanhamento tem como objetivo monitorar o paciente em sua volta às atividades normais, por meio de exames de sangue e de imagem. Estabelecer uma relação de confiança entre o médico e o paciente é fundamental para garantir a saúde integral e identificar possíveis recaídas.
Fonte: Saúde
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.