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“Valei-nos Deus”
Crônica – Por Gilberto Almeida
Em plena ressaca da derrota do Brasil na copa do mundo e vivendo incertezas duras quando vislumbramos o futuro do Brasil em virtude dos nomes já anunciados pelo Sr. Luiz Silva para compor seu governo, não há muito que comemorar neste final de ano. Primeiro devo dizer que apesar de de não ser eleitor de esquerda, não sou daqueles que torcem para que as coisas piorem, mas o que está acontecendo é desanimador. Primeiro a composição de uma equipe de transição composta por mais de 900 pessoas, acaba por transformá-la em um verdadeiro festival de vaidades e, o mais grave, de uma corrida destrambelhada da “cumpanherada” que está saudosa dos seus áureos tempos, quando o critério para dimensionar a máquina pública era o que fazer caber todos os apaniguados do PT e seus puxadinhos e adesistas de ocasião.
Não obstante a patética e mastodôntica comissão de transição, o Sr. Luiz Silva já anunciou que aumentará o número de ministérios, o que me faz crer que voltaremos ao tempo de “criar uma estatal para contar pombos na praça” (esse termo em homenagem a meu amigo Marcelo Bezze ). O ministério da Justiça, dos mais importantes de um governo, estará nas mãos de um personagem exclusivamente político e uma espécie de “Bastião” do comunismo declarado e a Cultura parece retomar a farra de verbas a artistas abastados e famosos sob o pretexto de incentivo a essência cultural brasileira. Obras culturais parecem que voltarão a se direcionar para o escárnio sexualizado que faz envergonhar as pornochanchadas mais pesadas. E, como não poderia deixar de ser, finalmente o poste do Sr. Luiz, embora tenha confessado que nada entende de economia e que só estudou o tema por 2 meses e colando de colegas, ascendeu para o ministério da Fazenda o que se completou com a indicação de um esquerdista de Boutique, Mercadante, para o BNDES. Mesmo não torcendo contra, não vejo como pode dar certo convocar os reservistas da Lava Jato e tantos nomes inadequados para a missão de governar um país que começava a engrenar. O poste Haddad, mesmo sendo recebido com cortesia pelo atual ministro Paulo Guedes, aparece em entrevistas sem o menor conteúdo, afirmando que o primeiro passo será consertar a economia destruída pelo governo que se finda. Não diz o Sr Poste Haddad, o que será modificado e quais as diretrizes terá, o que mostra que o grande problema é que nas reuniões com Paulo Guedes, provavelmente não conseguiu entender absolutamente nada e não havia ninguém de quem ele pudesse colar: a bola agora estará com ele e o que mostrou até agora é que não tem nada a dizer exceto politizar sem nenhuma consistência e com verrinas descabidas e cheias de ranço. A matéria prima é abundante para prosseguir mostrando os descalabros de um governo que ainda nem começou, o que tem como emblema o fato do mercado já ter precificado uma crise precoce, com absoluto mau humor e insegurança.
Mas a grande incógnita será o comportamento político do Parlamento brasileiro. Embora seja fava contada que o Centrão venha a aderir, há temas que, nem mesmo as generosas medidas de “convencimento político”, dificilmente serão aprovadas pelo Congresso Nacional. Para não fixar apenas na famosa pauta de costumes, onde o PT Cia Ltda, insiste em levantar bandeiras avessas ao sentimento nacional, acredito que o primeiro desafio político a ser enfrentado pelo morubixaba presidente, será o retorno do imposto sindical. O Brasil inteiro sabe que o desconto compulsório de um dia de salário do trabalhador por ano, financiou grandemente o movimento sindical brasileiro, inclusive para fazer política partidária e participar das estratégias gramscistas, colocadas em prática com sucesso nas aparelhadas universidades. Sem o imposto sindical, especialmente as centrais sindicais passaram anos a fio “lambendo embira” como se diz na roça. O seu retorno, ponto de honra dos sindicatos e possivelmente compromisso do Sr Luiz, vai causar um grande racha no Congresso, onde certamente o Centrão, próximo dos representantes do Poder Econômico, dificilmente ficará a favor do governo, o que pode causar um grande desarranjo na governabilidade e estabilidade do governo petista. Acho difícil que mesmo o vice presidente eleito Geraldo Alckmin se atreva a apoiar a pauta de costumes e as demandas dos sindicatos, porque, como todos sabe, é intimamente ligado ao grande empresariado nacional, além de fortes ligações com a Igreja Católica. Mesmo a capacidade reconhecida do Sr. Luiz de “articular” parece que será insuficiente para conciliar aquilo que não tem como misturar e o prelúdio de crise somada à metade do País contrária ao governo, nos levará a consequências imprevisíveis, exceto a disposição de investidores a se afastarem com pressa de um país conturbado e cheio de contradições.
Por essas e outras que terei dificuldades de imaginar um Feliz Ano Novo. Luiz Silva não poderá governar no piloto automático como pode fazer com o país que recebeu de Fernando Henrique Cardoso, ao contrário, será necessário um marinheiro que consiga firmar o timão por causa da tempestade à vista, e o naufrágio será certo se prevalecer a ideia do populismo barato e da demagogia.
Nem mesmo a imprensa que viveu durante tanto tempo com amnésia total dos ensinamentos do jornalismo, poderá salvar o governo, quando os indicadores socioeconômicos chegarem aos números deixados pela sofrível presidente Dilma Rousseff.
Valei-nos Deus, porque da forma como fazem, chegaremos lá…
“Uma arma nas mãos erradas vira crime, um voto nas mãos erradas vira desastre”.
Wilson Vilella
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