Profissionais de saúde que atuam na Atenção Primária em Minas Gerais participam, entre os dias 9 e 11/10, de uma aula prática do Curso de Formação em Auriculoterapia para Profissionais de Saúde da Atenção Básica, ministrada no Auditório Juscelino Kubitschek, na Cidade Administrativa. A capacitação é uma parceria da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) com o Núcleo Técnico de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) do Ministério da Saúde e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

De acordo com a referência técnica da coordenação de Práticas Integrativas e Complementares da SES-MG, Paula Souza, três turmas, num total de 450 profissionais, vão participar das aulas práticas em Belo Horizonte durante esses três dias. Já em 27/10, a capacitação será realizada em Montes Claros, onde outras cem vagas foram abertas. Ao todo, 446 municípios mineiros estão participando desta edição do curso, que tem como propósito aproximar os serviços de saúde do cidadão por meio de uma atenção primária universal e ampliar o leque de opções terapêuticas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como aumentar o número de profissionais qualificados para oferecer o cuidado humanizado e integral com a saúde da população.

Ao todo, 2.339 profissionais se inscreveram, e os critérios de elegibilidade foram: formação em nível superior, atuação na Atenção Primária à Saúde do SUS, profissionais efetivos e que tivessem disponibilidade para participar das aulas presenciais.

O conteúdo do Curso de Formação em Auriculoterapia para Profissionais de Saúde da Atenção Básica é dividido em duas etapas: a primeira, teórica, realizada na modalidade ensino à distância (EaD), tem cinco módulos sequenciais e carga horária total de 75 horas. Depois de finalizar o conteúdo EAD, os profissionais participam de uma etapa presencial, com carga horária de cinco horas, e da aula prática, que permite aplicar os conhecimentos adquiridos. Essa qualificação já foi realizada em Minas Gerais nos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020, totalizando 1.649 profissionais formados no estado.

Tratamento terapêutico complementar

Eduardo Nunes da Silva, dentista com atuação na Prefeitura Municipal de Florianópolis, ministrou a aula prática em Belo Horizonte. Para ele, essa é uma alternativa terapêutica simples, eficiente e de baixo custo, que auxilia na complementação dos tratamentos em saúde. “Trata-se de um recurso muito potente para reduzir o excesso de medicação e para servir de apoio para os tratamentos terapêuticos em geral. O curso tem a intenção de espalhar essa prática e de empoderar os profissionais a fazerem isso em seu dia a dia, induzindo mudanças consistentes no sentido do melhor cuidado com a saúde, menos uso de medicamentos e, principalmente, para proporcionar mais conforto aos pacientes” explicou.

A auriculoterapia é uma técnica que promove a regulação psíquico-orgânica do indivíduo por meio de estímulos nos pontos energéticos localizados na orelha. “A auriculoterapia tem benefícios comprovados cientificamente como o cuidado da insônia, do estresse, da ansiedade, compulsão alimentar, ajuda na redução de peso, na cessação do tabagismo, dores crônicas, dores articulares, entre outros”, salientou a referência técnica da SES-MG, Paula Souza.

Para que os participantes tivessem uma experiência mais completa na aula prática, foram formados grupos com três integrantes cada. Um representava o terapeuta, um representava o paciente e o outro observava a dinâmica. A cada estudo de caso, os profissionais trocavam os papéis, permitindo a participação de todos na prática. Os profissionais receberam um kit contendo o material didático com a divisão dos pontos auriculares e os insumos necessários para a colocação dos pontos.

Um dos trios foi composto por Maria Tereza Gomes de Carvalho, Tiago Victor Clemente e Mariane Silva Caixeiro. Eles vieram dos municípios de Carrancas e Descoberto. Tiago Clemente é dentista da Unidade Básica de Saúde do município de Carrancas e ressaltou que a aula prática foi uma ótima oportunidade para esclarecer as dúvidas e colocar a mão na massa. “A gente só vê a parte teórica e, quando chegamos aqui, dá um pouco mais de segurança para conseguir aplicar na vivência, no serviço. E foi uma parte teórica muito boa, porque deu uma visão não só das aplicações, mas, também, de evidência científica e como a gente pode implantar dentro do serviço”, comentou.

Para a enfermeira Maria Tereza Carvalho, que também é terapeuta holística e defensora das Pics, fazer essa capacitação é muito importante para quem atua na atenção primária, para proporcionar um tratamento complementar e mais humanizado aos pacientes. “A prática é complementar e integrativa, trazendo melhora na qualidade de vida do paciente, sem suspender o tratamento convencional”, ressaltou.

Fomento das práticas

A deliberação CIB-SUS/MG nº 4.096 de 14 de fevereiro de 2023 estabeleceu os critérios para distribuição de insumos para a realização das atividades de práticas integrativas e complementares em saúde no estado. “Para fortalecer as Pics, o Governo de Minas tem oferecido aos municípios os insumos utilizados nas práticas de acupuntura e auriculoterapia para os profissionais que atuam na Atenção Primária, como agulhas e sementes de mostarda”, destaca Paula Souza.

A distribuição teve início em abril, e mais de 200 municípios mineiros já foram contemplados. Fazem jus aos materiais aqueles que já possuem as práticas de auriculoterapia ou acupuntura implantadas e registradas nos sistemas oficiais de saúde da Atenção Primária, no semestre correspondente ao exercício anterior.

Fonte: Agência Minas