Após relatarem sofrimento, desesperança e prejuízos, moradores do distrito de São João da Vereda, em Montes Claros (Norte), e de várias comunidades rurais da região deixaram a câmara municipal da cidade, nesta segunda-feira (13/11/23), um pouco mais confiantes de que finalmente o asfalto que dá acesso à localidade está próximo de ser feito.

Eles participaram de audiência pública realizada em Montes Claros pela Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O engenheiro do DER-MG, Tibireçá Pires Glória, que representou a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), na reunião, garantiu que há várias obras já licitadas para a região Norte do Estado e que o projeto para trecho da LMG 654 será concluído no início de 2024. A LMG é a estrada que liga a BR-365, em Montes Claros, ao distrito de São João da Vereda. Segundo participantes da audiência, o referido distrito, com cerca de 20 mil habitantes, é o único de Montes Claros que ainda não tem acesso por asfalto.

O vice-presidente da comissão, deputado Ricardo Campos (PT), que solicitou a audiência, também saiu satisfeito e garantiu que estará com o titular da Seinfra ainda esta semana, para pedir também que sejam feitas obras de reparo imediatas ainda este ano, nesse trecho de estrada. O parlamentar citou artigos da Lei 23.574, de 2020, aprovada pela Assembleia, por meio da qual os cidadãos podem acompanhar as obras que o Executivo tem obrigação de fazer na malha viária do Estado.

O parlamentar propôs união de esforços e encaminhamentos para solução do problema, que já se arrasta há vários anos, inclusive uma conversa com a prefeitura de Montes Claros, para saber se há mesmo interesse em municipalizar a rodovia LMG 654, como teria sido dito em outras reuniões sobre o assunto.

A vice-presidenta da Assembleia, deputada Leninha (PT), também fez um apelo às outras lideranças políticas da região, para que as diferenças partidárias não atrapalhem a luta pelo bem estar das comunidades. “Não podemos ficar presos à velha política, onde os diferentes não conversam. A população está sofrendo para se deslocar, para acessar serviços de saúde, para vender seus produtos”, destacou.

Segundo Naiara Oliveira Silva, moradora do distrito, já houve inúmeras reuniões para tratar do assunto e outras tantas promessas do DER que não foram cumpridas. Segundo ela, representantes da Seinfra disseram ano passado que o projeto técnico para contratação da obra já estava pronto, o que não era verdade.

“Na seca é só poeira. No período chuvoso, qualquer chuva de 30 ou 40 minutos nessa estrada prejudica todo mundo, causa inúmeros transtornos para a toda população, além de prejuízos também para os produtores e comerciantes que ali vivem”, afirmou o vereador de Montes Claros Valdecy Contador.

Governador é criticado por vários participantes

O deputado federal Paulo Guedes (PT), que também acompanhou a reunião, citou vários trechos de estradas que estão sob responsabilidade do governo estadual e cujo asfaltamento já deveria ter sido feito há vários anos. Entre eles, vias em municípios como São João da Ponte, Espinosa, Capitão Enéas, Taiobeiras, Currral de Dentro, Araçuaí e Novo Cruzeiro.

Na opinião do deputado federal, uma pequena parte do que o Estado arrecada com a concessão e o pedágio da BR-135 seria suficiente para asfaltar os mais de mil quilômetros de todas as estradas citadas na região. Para o parlamentar, Romeu Zema “tem preconceito com os municípios do semi-árido mineiro”.

Segundo ele, uma das condicionantes para a concessão da BR-135 era que a empresa concessionária resolvesse também a situação da estrada até Coração de Jesus, e nada foi feito.

Outro que fez duras críticas ao governador foi o vereador de Montes Claros, Rodrigo Cadeirante, para quem Zema estaria desrespeitando o povo humilde da região. “A população espera mais de um governador do que só ficar gravando vídeo fazendo flexões ou coando café”, emendou o vereador.

A vereadora professora Iara Pimentel (PT), da Câmara de Montes Claros, enfatizou que a falta de estradas prejudica a educação, a saúde e a segurança da região e que a luta deve ser apartidária. “A eleição acabou, agora precisamos cuidar do povo”, disse ela.

O representante da Polícia Militar de Minas Gerais, tenente Talmom Philipe Cordeiro de Morais, afirmou que o problema não é somente a estrada ruim. “A logística para chegarmos na região é um desafio. A ponte sobre o rio Pacuí não aguenta o peso de uma viatura”, afirmou.

Ao final da audiência, o deputado Ricardo Campos também anunciou a montagem de um comitê gestor para acompanhar a obra, com vereadores de Montes Claros e moradores das regiões que participaram da audiência, para que não sejam necessárias mais reuniões sobre o assunto.

Ainda foram elaborados vários requerimentos durante o encontro, pedindo providências em relação a estradas da região, que devem ser aprovados posteriormente na Assembleia.

Fonte: Assembleia Legislativa de MG