Tribunal de Contas
TCE e Instituto Brasileiro de Direito Administrativo realizam primeiro Webinário Desafios do Controle e da Infraestrutura
Pontualmente, às 9h da manhã de hoje, 07 de dezembro de 2023, o Tribunal de Contas de Minas Gerais, em parceria com o Instituto Brasileiro de Direito Administrativo (IBDA), deu início à primeira edição do Webinário Desafios do Controle e da Infraestrutura. Mediado pela coordenadora de Fiscalização de Concessões e Privatizações do TCEMG, Mayara Caroline de Oliveira, o evento teve o objetivo de discutir o papel e a posição de cada interessado no planejamento, na execução e no acompanhamento dos contratos de infraestrutura, saneamento, iluminação pública e transporte.
Mayara pontuou que atualmente a atuação do Controle Externo acompanha a evolução dos acontecimentos. “Já foi o tempo em que a atuação do Controle se assentava em uma ação posterior, que era mais sancionatório e repressivo”, disse. “Acho que agora a busca é por um controle mais tempestivo e mais efetivo. A gente tem visto a institucionalização de instrumentos de Controle preventivo e prospectivo.” A auditora do TCE contou que há alguns tribunais de contas que exigem o envio das minutas de editais para uma análise prévia. “Essa exigência de envio do documento de minuta pode contribuir para diminuir as irregularidades ou para aprimorar os futuros contratos”, sinalizou.
A subsecretária de Concessões e Parcerias da Secretaria de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, no governo de Minas, Fernanda Alen era uma das participantes do debate. Ela disse que “implantar uma nova infraestrutura, necessariamente traz conflitos”. “É um desafio muito grande! Então, a gente tem conflito de ordem social, ambiental e analisar esses conflitos a luz da nossa legislação precisa de fato de um caráter de responsabilidade para implantar aquilo que vai gerar desenvolvimento”.
Pedro Henrique Magalhães Azevedo, superintendente de Controle Externo do Tribunal mineiro lembrou que “é importante distinguir dois atos que a Administração pratica ao longa do exercício dos poderes administrativos: a elaboração da minuta do edital e a publicação da minuta do edital”. Pedro ponderou que há tribunais de contas que entendem que não era possível a exigência do envio de minutos de edital. Por outro lado, “em relação ao edital já publicado, propriamente dito, a princípio eu não vejo qualquer problema em relação a isso, pois a gente já tem um ato administrativo com todos os elementos postos na prática e aí sim o tribunal de contas teria todos as ferramentas para atuar”. “Trabalhar em editais já publicados reduzo conflito eventualmente com os jurisdicionados e de outro lado garante a tempestividade”, finalizou.
Odilon Cavallari, assessor de Ministro do Tribunal de Contas da União, alertou que o Supremo Tribunal Federal não tem um consenso em relação a exigência do envio das minutas de edital para a análise dos tribunais de contas.
Há mais de 20 anos no mercado de saneamento, a advogada e diretora jurídica da AEGEA, empresa privada líder do setor de saneamento, Lucilaine Medeiros, trouxa uma visão mercadológica ao debate. Sobre a análise prévia das minutas, Lucilaine afirmou que é muito importante. “Isso traz uma segurança jurídica enorme e melhor atratividade do projeto. Nesse momento e ambiente, a gente pode discutir projetos que foram modelados no olhar do setor de grandes centros”. A advogada falou que algumas propostas não são adaptadas para cidades de pequenos portes, por exemplo, logo o estudo anterior do documento consegue adequar demandas necessárias.
Pelo viés jurídico, Eduardo Jordão, mestre pela Universidade de São Paulo e pela London School of Economics and Political Science e doutor pelas Universidades de Paris e de Roma, declarou que a emissão do edital de uma licitação pode contribuir para evitar falhas, mas não garante um processo sem erros. “Há uma outra possibilidade. Nós não podemos ser idealistas e imaginar que a intervenção do controlador sempre vai gerar efeitos positivos. O controlador, assim como o administrador público, está sujeito a cometer a erros e abusos de poder. Isso é algo óbvio! O controlador é de carne e osso”, brincou.
O bate papo discutiu outros temas. Assista ao encontro virtual na íntegra aqui.
Fred La Rocca/ Coordenadoria de Jornalismo e Redação
Fonte: Tribunal de Contas de MG
Política
Dino Bloqueia Emendas e CGU Investiga PIX Suspeitos Para ONG`s
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino optou, nesta terça-feira (12), por manter a suspensão da liberação das emendas parlamentares. Essa medida foi tomada após a CGU (Controladoria-Geral da União) apresentar um relatório apontando desvios nos repasses de recursos destinados a ONGs (Organizações Não Governamentais) por deputados e senadores.
O ministro também notificou a Câmara dos Deputados e o Senado, concedendo-lhes o prazo de até dez dias para se pronunciarem sobre as informações do órgão. Após esse período, a PGR (Procuradoria-Geral da República) terá mais dez dias para emitir sua posição.
No relatório, a CGU identificou falhas no uso das chamadas emendas Pix — quantias alocadas por parlamentares diretamente a estados ou municípios, sem a exigência de firmar convênios ou elaborar projetos detalhados. Entre dez organizações analisadas, ao menos seis revelaram problemas de transparência e má utilização dos recursos públicos.
A investigação da CGU indicou que, em várias dessas ONGs, não houve chamamento público ou seleção de projetos, violando a legislação que regulamenta parcerias entre a administração pública e entidades da sociedade civil. “Constatou-se que cinco das dez entidades não possuem equipe ou infraestrutura adequada para a execução dos objetivos propostos”, destacou o relatório da Controladoria.
Além disso, a CGU observou que, em oito das dez organizações investigadas, não se respeitaram critérios claros e objetivos para a compra de bens, contratação de serviços ou implementação dos projetos de acordo com as normas vigentes.
Diante dessas irregularidades e da falta de transparência, o STF determinou, em agosto, a interrupção de todos os repasses obrigatórios de emendas pela União. Dino sustentou que os pagamentos devem permanecer suspensos até que haja garantias adequadas de transparência e mecanismos de rastreamento. Sua decisão foi confirmada pelo plenário do Supremo.