Com o objetivo de verificar os impactos socioambientais decorrentes da atividade minerária em Itatiaiuçu, na Região Metropolita de Belo Horizonte (RMBH), a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realiza visita às comunidades de Curtume e Samambaia. Requerida pela deputada Beatriz Cerqueira (PT), a visita da comissão da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) será nesta segunda-feira (29/4/24), às 10 horas.

De acordo com o gabinete da parlamentar, será feita uma escuta da população sobre as graves denúncias de escassez de água e sua baixa qualidade, entre outros impactos causados pela mineração da Usiminas na região. A demanda surgiu na reunião dessa comissão em 15 de março deste ano, em Igarapé (RMBH), quando foi debatida a preservação da Pedra Grande e seu entorno. Com partes nesses dois municípios e ainda em Mateus Leme (RMBH), essa paisagem já é considerada um bem natural e cultural essencial para o equilíbrio ecológico da Serra Azul e região.

Em relação a Curtume e Samambaia, segundo relatos de moradores, nos últimos 14 anos, os modos de vida dessas comunidades, formadas majoritariamente por idosos da zona rural, foram drasticamente impactados. Tradicionalmente, essas famílias utilizavam a terra e a água para desenvolverem principalmente a produção agropecuária, em especial a produção de hortaliças.

No entanto, os impactos sobre as comunidades têm se intensificado à medida que a mineração da Usiminas expande suas atividades, aproximando cada vez mais suas estruturas desses locais.

Os moradores convivem com grandes áreas desmatadas, poluição dos rios, perda de nascentes, barulho de explosões e poeira provenientes da mineração. Ainda relatam que pequenos córregos e nascentes da região secaram por completo ao longo dos anos em que a mineradora expandiu e intensificou suas atividades. Para completar, espaços de atividades religiosas e de lazer foram perdidos.

Como a região de Itatiaiuçu sempre foi rica em água, muitos moradores tinham como fonte de renda a agricultura, formatando todo seu modo de vida. Os rios da região, antes com água cristalina, eram usados pelos moradores para pesca, banho, lazer e até para o consumo das famílias.

Atualmente, os rios apresentam águas turvas, indicando a presença de minério e consequente inadequação para os usos tradicionais. Lideranças comunitárias afirmam terem registros de ao menos três derramamentos de lama nesses córregos, provocados pela Usiminas. O escasseamento gradual da água forçou muitas pessoas a abandonarem a agricultura e a procurarem empregos em outras atividades, inclusive a própria mineração.

Fonte: Assembleia Legislativa de MG