Minas Gerais
Criação e autorização de funcionamento de escolas é tema de encontro da Educação
“A garantia de direito na educação começa com a autorização escolar. Para garantir o direito de acesso e permanência do estudante, é preciso que primeiro ele esteja em uma instituição credenciada, autorizada e reconhecida”. Com essa afirmação, a secretária adjunta de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), Geniana Faria, abriu o Encontro Técnico de Autorização Escolar, formação que acontece nesta semana em Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A capacitação prevê palestras e atividades práticas de assuntos relacionados ao tema, como processos regulatórios da educação básica e parâmetros mínimos de elaboração dos documentos referentes à escrituração escolar. Todas as palestras se relacionam com o tema central, o estudo da Resolução CEE 496/2023, do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, que fixa normas para credenciamento e recredenciamento das instituições de ensino de Minas Gerais.
“Viemos para o evento com boas expectativas. É um encontro que já estávamos aguardando, porque a resolução é recente e ainda temos dúvidas sobre a melhor operacionalização. Temos tópicos interessantes na pauta e que muito nos interessam”, pontua a inspetora escolar há 23 anos, da SRE Caxambu, Débora Rojas.
Autorização e regulação escolar na prática
A atividade, voltada a todas as 47 Superintendências Regionais de Ensino (SRE) do estado, visa a análise da normatização, para que as práticas sejam desenvolvidas de maneira cada vez mais profissional e técnica nas SRE’s.
“Estamos trabalhando com a Resolução CEE/MG nº 496/2023, que dispõe sobre os processos regulatórios da educação básica. Estamos falando como se cria uma escola, como ela é autorizada a funcionar e do processo de reconhecimento. Além disso, pontuamos as irregularidades e ilegalidades nas escolas e como o serviço de inspeção, junto com as regionais, pode tratar essas situações”, afirma o superintendente de Regulação e Inspeção Escolar, Paulo Leandro de Carvalho.
“Ressalto o apoio da SEE/MG na revisão normativa do documento. E a articulação entre os órgãos aqui presentes no que diz respeito à tomada de decisões com foco nas melhorias para o estudante, independente da rede”, pontuou o presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE Minas), Felipe Michel Santos.
Importância da Autorização Escolar para o Trilhas de Futuro
Com o anúncio recente da quinta edição do Trilhas de Futuro, a secretária adjunta da SEE/MG exemplificou a relevância da autorização e regulação escolar para o sucesso dos estudantes na iniciativa. “Com o credenciamento das instituições se aproximando para o Trilhas de Futuro 5ª edição, como nós podemos melhorar esse processo? Precisamos credenciar instituições regulares para que nossos estudantes tenham acesso a ensino de qualidade e legal”, afirma Geniana Faria.
Estiveram também presentes no evento representantes do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa da Educação (Caoeduc), da União dos Dirigentes Municipais de Educação de Minas Gerais (Undime), do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino no Estado de Minas Gerais (Sinepe-MG e Sinepe-Sudeste) e da Rede de Proteção das Instituições do Sistema de Justiça e Instituições Públicas de Minas Gerais.
Fonte: Agência Minas
ENTRETENIMENTO
A Crise das Emendas Parlamentares: Mentiras, Bloqueios e o Debate sobre Transparência
ARTIGO/ Sob o pretexto de garantir maior transparência, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, bloqueou em agosto deste ano a liberação de aproximadamente R$ 25 bilhões em emendas, um gesto que escancarou as fragilidades e controvérsias desse mecanismo tão utilizado no Congresso. No entanto, um fenômeno curioso e preocupante ganhou destaque: a discrepância entre os valores anunciados por deputados em suas bases.
Conforme dados orçamentários, cada deputado possui acesso a cerca de R$ 37 milhões em emendas parlamentares, valor destinado a projetos que supostamente beneficiam suas regiões. Entretanto, não são raros os casos em que deputados inflacionam esses números, anunciando repasses de R$ 100 milhões, R$ 150 milhões ou mais. Essa prática, além de ser enganosa, mostra como a ausência de fiscalização detalhada abre espaço para a manipulação de informações.
Segundo um estudo do Instituto Transparência Brasil, apenas 30% dos eleitores têm acesso real às informações sobre o destino das emendas em suas regiões, e a maioria aceita os números divulgados sem questionamentos.
O ditado “a mentira tem perna curta” parece não se aplicar ao universo político. Na verdade, nessa esfera, a mentira parece correr com facilidade: deputados utilizam a falta de conhecimento técnico da população para perpetuar suas narrativas, enquanto poucos se preocupam em verificar a realidade dos dados.
Esse cenário torna ainda mais urgente a implementação de mecanismos efetivos de rastreamento das emendas parlamentares.
Com a reestruturação, o TCU atuará diretamente para garantir que os recursos sejam destinados às áreas previamente definidas e que os parlamentares não utilizem as emendas de forma clientelista ou irregular. Resta saber se essa transparência será duradoura ou apenas uma resposta momentânea às crises entre os poderes.
Enquanto a nova estrutura avança, fica a reflexão: o caos no uso das emendas foi tolerado por anos. Por que a mudança aconteceu somente agora? A moralidade do processo só é lembrada em momentos de interesse político?
Embora a decisão tenha sido criticada por parte do Congresso, ela expôs uma verdade incômoda: muitos parlamentares dependem exclusivamente das emendas para justificar sua atuação política. O bloqueio gerou tensões entre os Três Poderes e colocou em xeque o equilíbrio institucional, especialmente porque apenas obras emergenciais e projetos em andamento foram liberados.
A decisão de Dino veio acompanhada de uma provocação: por que a transparência não foi exigida antes?
A crise das emendas parlamentares vai além do bloqueio de recursos: ela revela como a opacidade e a manipulação de informações prejudicam o desenvolvimento do país. É essencial que o Congresso, a sociedade e o Judiciário avancem na construção de um sistema orçamentário transparente e rastreável, que impeça o uso indevido de recursos públicos e que garanta a aplicação real em benefícios para a população.
Enquanto isso não acontece, ficamos com uma lição clara: no Brasil, a mentira na política não tem perna curta — ela tem pernas longas, calçadas com sapatos de luxo, e corre bem longe da verdade.
Escrito por Alex Cavalcante Gonçalves – repórter e assessor parlamentar
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