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Enquanto o Estado celebra a indústria do álcool, o Brasil paga a conta social do vício

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A expansão da indústria de bebidas alcoólicas no Brasil tem sido apresentada por autoridades como símbolo de progresso econômico, geração de empregos e aumento de arrecadação. Mas por trás das comemorações oficiais e dos discursos de crescimento, há um custo silencioso e devastador que recai sobre as famílias, o sistema de saúde e a segurança pública.

De acordo com o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III), realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com o Ministério da Justiça, 42,5% da população adulta brasileira consumiu bebidas alcoólicas no último ano. Entre os que bebem, o consumo médio chega a cinco doses por ocasião, um padrão considerado de risco pelos especialistas.

Os impactos são expressivos. Segundo a organização internacional Vital Strategies, o álcool está associado a mais de 12 mortes por hora no Brasil, somando cerca de 100 mil vidas perdidas por ano. O custo econômico do consumo excessivo chega a R$ 18,8 bilhões anuais, entre despesas hospitalares, acidentes de trânsito, violência doméstica e perda de produtividade.

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Embora amplamente aceito socialmente, o álcool continua sendo a droga mais consumida e mais letal do país. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo abusivo de bebidas alcoólicas é responsável por mais de 3 milhões de mortes anuais em todo o mundo — e cerca de 5% de todas as doenças e lesões registradas globalmente.

A contradição se torna evidente quando o próprio Estado, que investe milhões em operações de segurança e campanhas contra a violência, ao mesmo tempo incentiva, tributa e celebra o crescimento da produção e do consumo de bebidas alcoólicas. Enquanto se anunciam “megaoperações” em grandes centros urbanos, com balanços de prisões e confrontos, pouco se discute o papel do álcool como um dos fatores que alimentam os mesmos problemas que o governo tenta combater.

Dados do Ministério da Saúde indicam que mais da metade dos casos de violência doméstica no Brasil estão relacionados ao consumo de álcool. Nas estradas, o álcool está presente em boa parte dos acidentes fatais. E nos hospitais públicos, o número de internações por dependência e cirrose cresce a cada ano, sobrecarregando um sistema já em colapso.

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Em nota recente, a Fiocruz destacou que “o consumo de álcool é um dos maiores desafios de saúde pública do país, com impactos diretos na mortalidade precoce, na produtividade econômica e na estrutura familiar”. A instituição também alerta que as políticas públicas ainda são insuficientes diante da força da indústria e da normalização cultural do consumo.

Apesar de ser apresentado como sinônimo de lazer e convívio social, o álcool é, na prática, um dos maiores fatores de adoecimento coletivo. As estatísticas revelam o que as campanhas publicitárias escondem: o consumo exagerado destrói lares, alimenta a violência e cobra um preço alto da saúde pública.

Enquanto a indústria celebra recordes de produção e o Estado se orgulha da arrecadação, o país assiste, silenciosamente, a uma epidemia que enfraquece famílias, compromete gerações e ameaça o futuro. O lucro é privado, mas o prejuízo é de todos.

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Polícia Civil desmantela suposto esquema milionário de notas frias ligado a funcionário do Sindicato Rural

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Polícia Civil deflagra Operação Contrafactual em Passos
Na manhã desta terça-feira, 07/10/25, a Polícia Civil de Minas Gerais cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a uma investigação que apura desvio de recursos e uso de notas fiscais falsas em uma empresa cerealista de Passos.
A ação integra a Operação Contrafactual, instaurada para apurar indícios de apropriação indevida de valores que superam R$ 1,5 milhão, além da utilização de documentos fiscais sem respaldo em operações reais de compra e venda.
Segundo as investigações, o esquema envolvia a emissão de notas fiscais “frias” para justificar movimentações financeiras e manipulação de balanços, possibilitando o uso irregular de cheques e depósitos bancários. O caso também aponta para o envolvimento de um funcionário do Sindicato Rural (SINRURAL) de Passos, cuja atuação foi considerada essencial para a emissão dos documentos fiscais utilizados no esquema.
Como resultado das medidas cautelares, a Polícia Civil obteve o afastamento do referido funcionário de suas funções.
O nome da operação, Contrafactual, faz referência à estratégia dos investigados de criar uma realidade paralela — sustentada por notas fiscais e registros contábeis fictícios — para ocultar a inexistência de produção agrícola e justificar movimentações financeiras que, na prática, não correspondiam a negócios efetivos.
Durante a operação, foram apreendidos documentos, aparelhos celulares e outros materiais que servirão para aprofundar a apuração dos fatos.
“A investigação busca descontinuar um sistema que simulava operações rurais inexistentes para gerar lastro contábil falso e movimentar recursos de origem ilícita. Nosso objetivo é garantir que práticas fraudulentas como essa sejam identificadas e interrompidas, protegendo a competitividade do mercado e a sociedade”, destacou o delegado responsável pelo caso, Felipe Capute.
A investigação segue em andamento.

  • O SINRURAL se manifestou oficialmente sobre o caso.
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