Experiência Paleozoica

Devonianos: Arte e Consciência Ambiental em Reflexão sobre a Exploração dos Oceanos

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A exposição Devonianos, assinada pelos renomados artistas mineiros Sérgio Machado e Luciana Radicchi, transcende a esfera da contemplação estética ao incorporar elementos de crítica socioambiental com elevada densidade poética. Em um diálogo entre a história natural e a crise ambiental contemporânea, as obras tecem um painel artístico inspirado no período geológico Devoniano, quando os oceanos deram origem aos primeiros vertebrados, mas situam-se profundamente enraizadas nas realidades perturbadoras do século XXI.

Sérgio Machado, em esculturas robustas e evocativas, reflete sobre a exploração predatória das espécies marinhas, trazendo ao espaço expositivo representações distorcidas de tubarões. A partir de narrativas que destacam a crueldade da pesca ilegal — com o corte de barbatanas seguido do descarte dos animais mutilados no oceano —, suas peças transmutam indignação em arte, simbolizando corpos deformados por práticas humanas devastadoras. A estética híbrida que define suas esculturas convida à reflexão sobre o impacto da humanidade nos ecossistemas e transforma o horror em uma denúncia visual de beleza visceral.

Complementando esse imaginário potente, Luciana Radicchi aporta à exposição sua maestria na cerâmica e sua habilidade em imergir o público em dimensões texturais e narrativas complexas. Trabalhando em consonância com os materiais brutos de Sérgio — madeira, metal e resina —, suas peças integram fragilidade e resiliência, resgatando a conexão simbiótica entre passado geológico e presente ambiental. Ao ressignificar formas orgânicas, Radicchi provoca no espectador um deslocamento reflexivo, explorando a memória biológica como um legado em perigo.

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O título da exposição evoca o Devoniano, um período da era Paleozoica marcado pelo surgimento dos primeiros peixes com mandíbulas e pela ocupação de nichos aquáticos pelos vertebrados. No entanto, a curadoria ultrapassa qualquer compromisso meramente histórico ou científico, transformando os oceanos em “bibliotecas líquidas” que acumulam camadas de memória, perda e esperança. Esse aquário metafórico oferece ao público um ponto de convergência entre arte e ciência, relembrando o papel crítico dos ecossistemas marinhos enquanto matriz da vida na Terra.

A escolha de materiais também carrega significados múltiplos. Resina e metal reforçam a frieza da exploração industrial; a cerâmica remete à fragilidade da biodiversidade; e a madeira evoca tanto a conexão ancestral com os habitats marinhos quanto a exploração humana destes mesmos recursos. Juntas, essas narrativas materiais fundem-se em uma síntese que transcende o simples simbolismo, configurando um território artístico carregado de intencionalidades éticas e ecológicas.

Devonianos dialoga diretamente com questões urgentes, como a vulnerabilidade das populações de tubarões e a acidificação dos oceanos, desafiando o público a reconsiderar a relação antropocêntrica com os mares. Em um momento em que as práticas destrutivas avançam sob o colapso ambiental iminente, a exposição atua como um espaço de resistência discursiva e imagética, propondo não apenas um resgate das águas como território biológico, mas como um locus de memória e justiça ecológica.

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Essa mostra representa não apenas a fusão de diferentes linguagens artísticas, mas também um chamado à ação. Sérgio Machado e Luciana Radicchi transformam o mar em uma arena ética, onde arte, ciência e filosofia convergem para catalisar uma nova consciência ambiental. Mais do que uma exibição, Devonianos é uma declaração poderosa, que desafia seus espectadores a navegar pelas profundas contradições do impacto humano sobre os oceanos.

A exposição é uma promoção do Circuito da Arte Contemporânea de Capitólio, e fica em Escarpas do Lago, na rua dos Botes, 53, a entrada é franca e vai até o dia 2 de fevereiro, sempre das 10 da manhã às 8 da noite.

 

Alex Cavalcante é jornalista e secretário parlamentar no Congresso Nacional – Esteve vice-presidente do Circuito Turístico Nascentes das Gerais Canastra 

 

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Paraíso dá Start ao Sonho de se Tornar a Capital do Congado

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Foto – Divulgação – Bryan Felipe – ASCOM

Patrimônio Vivo e Herança Afrodescendente


DA REDAÇÃO – Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do município desde 2010, a Festa das Congadas remonta às raízes da cidade, fundada em 1821, e reafirma a riqueza da herança afrodescendente de sua comunidade. Neste ano, a festividade reuniu 16 ternos de Congada e  Moçambique, que, sob a liderança de capitães e benzedores, desfilaram em honra a santos de devoção, como Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Com uma corte simbólica composta por Rei Congo, Rainha Conga, princesas e príncipes, a celebração resplandeceu em brilho e emoção, evocando a ancestralidade de maneira singular. Os trajes tradicionais, alinhados aos rituais de devoção, exaltaram a resistência e a identidade do povo negro, transformando fé e cultura em um espetáculo profundamente simbólico e cativante.

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO

Para que o espetáculo pudesse cumprir essa proposta a gestão de São Sebastião do Paraíso deu um passo significativo ao buscar transformar a festa em uma referência nacional. O prefeito, Marcelo Morais (PSD), discreto trabalhador, destacou que “o conforto e o protagonismo pertencem aos congadeiros e ao povo”. Demonstrando respeito pela tradição e pelos participantes, a gestão municipal providenciou arquibancadas para que todos pudessem assistir às apresentações com comodidade.

As festanças terminam nesta segunda-feira e durante os dias de festa, a estrutura organizada garantiu conforto e segurança. A praça de alimentação, operada somente por feirantes locais e instituições assistenciais, arrecadou fundos que serão destinados a projetos sociais beneficiando a comunidade, uma troca de amor, como afirma o prefeito. Exposições de arte popular e artesanato ressaltaram a criatividade regional, enquanto as apresentações culturais e religiosas emocionaram o público.

A infraestrutura foi planejada para que todos tivessem acessibilidade, com rampas e sinalização, assegurando que todos pessoas pudessem aproveitar o evento de forma inclusiva e acolhedora. “As pessoas não vão pra uma festa cultural ver o prefeito, as pessoas vão para ver o espetáculo. É isso que estamos construindo: laços com a nossa gente.”. Concluiu Marcelo.

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Para realização do evento, que vai atender diretamente dois mil foliões e oferecer uma das melhores estruturas do país para esse tipo de evento, a prefeitura precisou de investimento de R$ 600 mil, sendo que 2/3 (dois terços) são provenientes do Fundo Municipal de Cultura, que rotineiramente da publicade financeira para população. São Sebastião do Paraíso tem aproximadamente 70 mil habitantes.

Foto Divulgação – Bryan Felipe – ASCOM

AGENDA

A programação do evento revelou-se um diferencial marcante, configurando-se como um verdadeiro espetáculo de fé e tradição. A abertura ocorreu na sexta-feira, 27 de dezembro, às 17h, com a chegada dos ternos na emblemática Praça Comendador José Honório, dando início às festividades. Logo em seguida, às 18h, a Igreja Matriz acolheu os ternos Santos Dumont, Anjos de São Benedito e União para uma celebração litúrgica especial.

A noite prosseguiu com o deslumbrante desfile que, às 19h30, percorreu a Avenida José de Oliveira Brandão. O público, extasiado, prestigiou performances vibrantes e emocionantes, que ressaltaram o vigor cultural e espiritual dos ternos.

Nos dias 28 e 29, os congadeiros e moçambiqueiros igualmente abrilhantaram o evento, exibindo suas apresentações ao público, que mais uma vez se encantou com a riqueza das manifestações. A excelência na organização chamou a atenção de personalidades ilustres, incluindo o secretário estadual de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, que, envolvido pelo clima festivo, uniu-se aos foliões nas comemorações.

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O grandioso evento do Reinado culmina nesta segunda-feira, 30 de dezembro, com apresentações finais a partir das 18h, prometendo encerrar com chave de ouro esta celebração da tradição e da identidade cultural.

Impacto Cultural e Turístico

A Festa das Congadas e Moçambique se consolida como um marco para a cultura e o turismo de São Sebastião do Paraíso. Integrada ao sério Circuito Turístico Montanhas Cafeeiras de Minas, a cidade se posiciona como uma porta de entrada para as riquezas culturais e gastronômicas da região.

Mais do que preservar tradições seculares, o evento fortalece a economia local e promove um espírito de união entre os participantes. O prefeito Marcelo reiterou que “o primeiro passo para elevar a festa ao nível nacional é respeitar quem faz e quem aprecia”. Para a gestora de turismo, responsavél técnica do Circuito montanhas Cafeeiras, Teresa Lemos  “Esse evento ilustra uma das mais importantes Rotas do Circuito Montanhas Cafeeiras – A Rota das Tradições. Ele mostra aos visitantes a cultura das cidades associadas com cores e crenças. Une o turismo rural, a gastronomia e as personalidades locais de uma forma leve e descontraída. Lançaremos no Carnaval 2025 as 10 sugestões de roteiros para conhecer esse pedacinho delicioso do Sul de Minas.” @circuitomontanhacafeeiras 

São Sebastião do Paraíso demonstra que, quando cultura e espiritualidade caminham juntas, o resultado é um verdadeiro espetáculo. A Festa das Congadas e Moçambique 2024 será lembrada como um exemplo de tradição, inclusão e hospitalidade mineira.

Reportagem – Alex Cavalcante – Jornalista e ex-vice presidente do Circuito Turístico Nascentes das Gerais – atualmente secretário parlamentar no Congresso Nacional https://www.instagram.com/alexcavalcanteg/?hl=pt-br 

 

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