Patrimômio Mundial da Humanidade

Queijo de Leite Cru pode ser reconhecido como patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO

“O governo brasileiro autoriza a produção do queijo de leite cru, mas amarra a vaca do produtor: leis permitem produzir queijos artesanais, mas exigências como pasteurização do leite tiram sua essência e barram sua comercialização. Quando a UNESCO reconher o queijo será que vã soltar a vaca?”

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POR Alex Cavalcante  – O queijo, um dos alimentos mais antigos do mundo, tem registros que remontam a 2000 a.C. no Egito Antigo, onde há representações de sua produção em hieróglifos encontrados em tumbas, certamente é um patrimômio mundial da humanidade. Inicialmente, o queijo surgiu como uma forma de conservação do leite e tornou-se essencial na alimentação de várias civilizações, principalmente de povos mais ricos. No Brasil, essa prática foi adaptada e evoluiu, culminando no famoso Queijo Minas Artesanal, (o queijo o leite de cru).

No Brasil, a história nos conta que essa iguaria foi introduzida por portugueses, por volta do século XVIII, com referência nas regiões montanhosas de Minas Gerais, produzido especialmente na região da Serra da Canastra onde o clima e o solo criaram condições únicas para o desenvolvimento de queijos com características próprias, como sabor forte, textura diferenciada e aroma marcante. A produção é inteiramente artesanal e baseada em técnicas tradicionais, utilizando leite cru o artesão confere personalidade e autenticidade ao queijo, que por si só, se torna uma raridade, uma obra de arte que você comer em ocasiões especiais.

Se de uma lado temos essa técnica secular, cheia de magia, história e fascínio, do outro lado temos a legislação e a burocracia, absurdas no Brasil, o queijo de leite cru também é alvo de debate devido às restrições legais impostas pela legislação sanitária nacional e embora o queijo de leite cru seja considerado uma iguaria de qualidade, responsavél por premiações mundiais em concursos renomados, sua comercialização enfrenta limitações no Brasil. O principal regulamento é o RIISPOA (Decreto nº 9.013/2017), que exige rigorosos padrões sanitários, incluindo a pasteurização do leite, algo que contradiz a essência do queijo artesanal, tanto no Brasil, quanto no mundo. Em síntese o governo autorizao produtor fazer o queijo, mas na prática te toma a vaca.

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A Lei nº 13.680/2018, conhecida como a “Lei do Selo Arte”, por exemplo, trouxe avanços ao autorizar a comercialização interestadual de queijos artesanais com certificação, mas o processo de obtenção do selo ainda é burocrático e inacessível para muitos pequenos produtores, em grande maioria, que aos poucos abandona a produção. Além disso, as exigências ignoram as práticas europeias, onde produtos como o queijo Roquefort, feito com leite cru, são amplamente aceitos e exportados, e está na mesa de muitos deputados e governantes brasileiros.

A Jornada ao Reconhecimento da UNESCO

Contamos essa breve história para que você possa compreender essa cadeia produtiva do queijo de leite cru que poderá essa semana entrar de vez para para hall da fama pela UNESCO. A candidatura do Queijo Minas Artesanal ao título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, formalizada em 2023, é um marco na valorização dessa tradição. A decisão, prevista para este final de 2024, destaca não apenas os aspectos gastronômicos, mas também culturais e sociais dessa prática que sustenta pequenas comunidades mineiras.  Se aprovado, o título poderá fortalecer a economia local, promovendo o queijo no cenário internacional e incentivando mudanças na legislação brasileira para torná-la mais inclusiva aos produtores artesanais.

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O Queijo Minas Artesanal no Cenário Mundial

Queijos mineiros já conquistaram destaque em competições internacionais, como o World Cheese Awards, onde são frequentemente premiados por sua qualidade superior. Esses prêmios reforçam a ideia de que o Queijo Minas Artesanal tem potencial para ser um símbolo global da gastronomia brasileira. Se a UNESCO aprovar o pedido, o Queijo Minas Artesanal entrará para uma lista que inclui bens culturais imateriais de relevância global. Isso poderá impulsionar o turismo gastronômico em Minas Gerais, além de pressionar o Brasil a adotar políticas públicas mais alinhadas às práticas tradicionais de produção.

O reconhecimento não será apenas uma conquista simbólica, mas também um estímulo à preservação de uma tradição secular que começou nas montanhas mineiras e se conecta a uma história que remonta às civilizações antigas.

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Paraíso dá Start ao Sonho de se Tornar a Capital do Congado

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Foto – Divulgação – Bryan Felipe – ASCOM

Patrimônio Vivo e Herança Afrodescendente


DA REDAÇÃO – Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do município desde 2010, a Festa das Congadas remonta às raízes da cidade, fundada em 1821, e reafirma a riqueza da herança afrodescendente de sua comunidade. Neste ano, a festividade reuniu 16 ternos de Congada e  Moçambique, que, sob a liderança de capitães e benzedores, desfilaram em honra a santos de devoção, como Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Com uma corte simbólica composta por Rei Congo, Rainha Conga, princesas e príncipes, a celebração resplandeceu em brilho e emoção, evocando a ancestralidade de maneira singular. Os trajes tradicionais, alinhados aos rituais de devoção, exaltaram a resistência e a identidade do povo negro, transformando fé e cultura em um espetáculo profundamente simbólico e cativante.

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO

Para que o espetáculo pudesse cumprir essa proposta a gestão de São Sebastião do Paraíso deu um passo significativo ao buscar transformar a festa em uma referência nacional. O prefeito, Marcelo Morais (PSD), discreto trabalhador, destacou que “o conforto e o protagonismo pertencem aos congadeiros e ao povo”. Demonstrando respeito pela tradição e pelos participantes, a gestão municipal providenciou arquibancadas para que todos pudessem assistir às apresentações com comodidade.

As festanças terminam nesta segunda-feira e durante os dias de festa, a estrutura organizada garantiu conforto e segurança. A praça de alimentação, operada somente por feirantes locais e instituições assistenciais, arrecadou fundos que serão destinados a projetos sociais beneficiando a comunidade, uma troca de amor, como afirma o prefeito. Exposições de arte popular e artesanato ressaltaram a criatividade regional, enquanto as apresentações culturais e religiosas emocionaram o público.

A infraestrutura foi planejada para que todos tivessem acessibilidade, com rampas e sinalização, assegurando que todos pessoas pudessem aproveitar o evento de forma inclusiva e acolhedora. “As pessoas não vão pra uma festa cultural ver o prefeito, as pessoas vão para ver o espetáculo. É isso que estamos construindo: laços com a nossa gente.”. Concluiu Marcelo.

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Para realização do evento, que vai atender diretamente dois mil foliões e oferecer uma das melhores estruturas do país para esse tipo de evento, a prefeitura precisou de investimento de R$ 600 mil, sendo que 2/3 (dois terços) são provenientes do Fundo Municipal de Cultura, que rotineiramente da publicade financeira para população. São Sebastião do Paraíso tem aproximadamente 70 mil habitantes.

Foto Divulgação – Bryan Felipe – ASCOM

AGENDA

A programação do evento revelou-se um diferencial marcante, configurando-se como um verdadeiro espetáculo de fé e tradição. A abertura ocorreu na sexta-feira, 27 de dezembro, às 17h, com a chegada dos ternos na emblemática Praça Comendador José Honório, dando início às festividades. Logo em seguida, às 18h, a Igreja Matriz acolheu os ternos Santos Dumont, Anjos de São Benedito e União para uma celebração litúrgica especial.

A noite prosseguiu com o deslumbrante desfile que, às 19h30, percorreu a Avenida José de Oliveira Brandão. O público, extasiado, prestigiou performances vibrantes e emocionantes, que ressaltaram o vigor cultural e espiritual dos ternos.

Nos dias 28 e 29, os congadeiros e moçambiqueiros igualmente abrilhantaram o evento, exibindo suas apresentações ao público, que mais uma vez se encantou com a riqueza das manifestações. A excelência na organização chamou a atenção de personalidades ilustres, incluindo o secretário estadual de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, que, envolvido pelo clima festivo, uniu-se aos foliões nas comemorações.

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O grandioso evento do Reinado culmina nesta segunda-feira, 30 de dezembro, com apresentações finais a partir das 18h, prometendo encerrar com chave de ouro esta celebração da tradição e da identidade cultural.

Impacto Cultural e Turístico

A Festa das Congadas e Moçambique se consolida como um marco para a cultura e o turismo de São Sebastião do Paraíso. Integrada ao sério Circuito Turístico Montanhas Cafeeiras de Minas, a cidade se posiciona como uma porta de entrada para as riquezas culturais e gastronômicas da região.

Mais do que preservar tradições seculares, o evento fortalece a economia local e promove um espírito de união entre os participantes. O prefeito Marcelo reiterou que “o primeiro passo para elevar a festa ao nível nacional é respeitar quem faz e quem aprecia”. Para a gestora de turismo, responsavél técnica do Circuito montanhas Cafeeiras, Teresa Lemos  “Esse evento ilustra uma das mais importantes Rotas do Circuito Montanhas Cafeeiras – A Rota das Tradições. Ele mostra aos visitantes a cultura das cidades associadas com cores e crenças. Une o turismo rural, a gastronomia e as personalidades locais de uma forma leve e descontraída. Lançaremos no Carnaval 2025 as 10 sugestões de roteiros para conhecer esse pedacinho delicioso do Sul de Minas.” @circuitomontanhacafeeiras 

São Sebastião do Paraíso demonstra que, quando cultura e espiritualidade caminham juntas, o resultado é um verdadeiro espetáculo. A Festa das Congadas e Moçambique 2024 será lembrada como um exemplo de tradição, inclusão e hospitalidade mineira.

Reportagem – Alex Cavalcante – Jornalista e ex-vice presidente do Circuito Turístico Nascentes das Gerais – atualmente secretário parlamentar no Congresso Nacional https://www.instagram.com/alexcavalcanteg/?hl=pt-br 

 

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