Minas Gerais
Rede estadual de ensino de Minas aposta em ações e projetos pedagógicos contra o racismo
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20/11, é para a rede estadual de ensino de Minas Gerais uma data sobretudo de resistência e estratégica para apresentar as ações realizadas durante todo o ano letivo para a construção de escolas antirracistas. A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) entende que o cumprimento da Lei 10.639/03, que assegura e valoriza a diversidade cultural, é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. E, neste sentido, as escolas têm papel crucial na luta pela igualdade racial.
“O que está em questão não é um posicionamento moral, individual, mas sim um grave problema estrutural que desde muito cedo impõe às nossas crianças e jovens violências com base na cor da pele, lugares subalternizados e ausência de acolhimento e empatia, o que reverbera no campo educacional nos números de evasão e abandono escolar e nos números da negação da formação identitária”, aponta a assessora especial da Subsecretaria da Educação Básica da SEE/MG, Iara Viana.
Para atuar no âmbito desta temática na rede estadual de ensino, as relações étnicos-raciais são atendidas no contexto da Iniciação Científica que acontece na Educação Básica. Esses projetos têm o objetivo de fomentar tanto o protagonismo juvenil como também desenvolver competências e habilidades inerentes à pesquisa. O projeto é fundamentado na Lei Federal 10.639 de 2003, que estabelece a obrigatoriedade da temática da história e cultura africana e afro-brasileira em todos os currículos de ensino.
Atualmente o Projeto de Iniciação Científica na Educação Básica, desenvolvido pela SEE/MG, está em execução em mais de 400 escolas, já passou por outras 600, e tem por base a constituição de núcleos de pesquisas que ocorrem no contraturno da escola. A SEE/MG garante a infraestrutura para o desenvolvimento das pesquisas com notebooks para cada estudante, professor orientador e recursos para trabalho de campo. Dois eixos são trabalhados: o Núcleo de Pesquisa e Estudos Africanos, Afro-Brasileiros e da Diáspora e os Territórios de Iniciação Científica.
Ainda, durante todo o ano letivo, as escolas trabalham pedagogicamente pautas relacionadas ao combate ao racismo, às práticas de injúria racial e a discriminação nos ambientes escolares. Iara Viana aponta outro fator importante no protagonismo dos jovens. “Esses projetos visam não induzir ao perigo de uma história única, contada sempre pelo viés da escravização. Os estudantes da nossa rede se tornam protagonistas, empoderados, constituem as suas pesquisas e projetos sabendo o seu lugar de fala”, ressalta. A rede estadual de ensino tem, hoje, cerca de 68% das matrículas de estudantes declarados negros.
Segundo Iara Viana, a palavra ‘racista’ não pode ser tabu. “Precisamos assumi-la para combatê-la. Afinal, o racismo estrutural cria desigualdades, cria fraturas, podendo causar efeitos danosos em uma geração inteira. Temos muitos avanços no combate ao racismo nas escolas do estado de Minas Gerais”.
Vale destacar que, no intuito de prevenir e mitigar situações de violência e violação de direitos nas escolas, a Secretaria de Estado de Educação instituiu a nova versão do Programa de Convivência Democrática, iniciativa que contempla protocolos e documentos com a perspectiva de fortalecer as políticas de prevenção às diversas formas de violência, além de normatizar os procedimentos a serem adotados pelas unidades da rede estadual de ensino.
Eventos
As escolas estaduais de todas as regionais do estado programaram eventos, feiras e ações abertas à comunidade para comemorar o 20/11. Muitas realizaram ações durante toda a semana e seguirão com atividades ainda no fim de semana.
Neste sábado (19/11) a E.E. Benjamim Versiani dos Anjos, de Montes Claros, no Norte de Minas, fará uma feira aberta à comunidade, que oferecerá pratos típicos da culinária africana e suas referências. Os próprios estudantes elaboraram e prepararão as comidas.
Em Januária, também no Norte de Minas, todas escolas da rede farão nesta sexta-feira (18/11) caminhada em prol da consciência negra, com saída da sede da Superintendência Regional de Ensino em direção à Praça Getúlio Vargas, no centro. No local, ocorrerá um momento cultural com apresentações dos estudantes. A expectativa é da participação de cerca de 2.500 alunos, a partir das 16h.
Em Belo Horizonte, algumas escolas da rede participaram da Mostra Negritude em pauta no audiovisual, organizada pelo Coletivo Coisa de Preto, que ocorreu no Cine Galpão Horto. No momento da exibição dos filmes, uma psicóloga do Núcleo de Atendimento ao Estudante (NAE) da SEE/MG acompanhou os alunos. Estiveram na mostra os estudantes das escolas estaduais Jovem Protagonista, Doutor Lucas Monteiro Machado, Boa Vista, Odilon Behrens, Djanira Rodrigues de Oliveira, além do Centro Interescolar De Cultura Arte Linguagens E Tecnologias (CICALT) e a EE João Lopes Gontijo, essa última indicada com prioridade devido à ocorrência de episódio de racismo dentro do ambiente escolar neste ano.
Fonte: Agência Minas
Brasil e Mundo
Descobrindo Ouro Preto: História, Cultura, Gastronomia e Cautela
Visitar Ouro Preto, no coração da mineiridade, é viajar no tempo. Fundada em 1711, essa joia do barroco brasileiro preserva a rica história da mineração (o ciclo do ouro no país), o encanto da literatura, foi nestas terras que Tomás Antônio Gonzaga viveu seu grande amor com Marília de Dirceu, inspirando uma das obras mais marcantes da literatura mundial, a genialidade de mestres como, Antônio Francisco Lisboa; o Aleijadinho, um dos maiores mestres da arte barroca no Brasil e claro, Tiradentes, uma figura central na história do Brasil, que tem uma forte conexão com Ouro Preto, antiga Vila Rica, que foi o cenário principal da Inconfidência Mineira, movimento de resistência à exploração colonial portuguesa.
Além disso Ouro Preto respira arte e festas. A cidade comemorou no último dia 18 de novemebro o aniversário de 210 anos de Aleijadinho, um evento que celebrou a arte, a cultura e a história da cidade. Durante uma visita na cidade, a nossa equipe conversou com o Ouro-pretano, Mauro Francisco de Souza Silva, conhecido por Mauro Amorim que é o organizador da 45ª Semana do Aleijadinho 2024 e Coordenador do CPP da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Ouro Preto.
— confira a entrevista abaixo com o coordenador da Semana da Aleijadinho, Mauro Amorim.
A riqueza cultural de Ouro Preto também pode ser vista nas galerias e exposições. Visitamos uma mostra de desenhos de um renomado artista local, falecido aos 94 anos; José Pio Monte.
“A Arte de JPio” é uma exposição, retrospectiva dos trabalhos artísticos e dos desenhos técnicos de Zé Pio e promove o resgate de peças industriais e a planificação de estruturas não mais existentes em Ouro Preto: o artista apresenta obras produzidas desde a década de 1970 nas técnicas óleo sobre tela, bico de pena, nanquim aguada, lápis e giz pastel. Na exposição que aconteceu na última semana desenhos em bico de pena despertaram ainda mais a paixão do público pelo artista. Durante a exposição, conversamos com o filho do artista, que compartilhou histórias emocionantes sobre o trabalho de seu pai e sua ligação com a cidade.
— confira o vídeo abaixo do engenheiro José Carvalho Monte, filho do artista Pio Monte, que ressalta o legado de seu pai, um dos maiores artistas do Brasil.
Outra experiência marcante foi a visita a uma mina histórica de extração de pedras preciosas e ouro. Apesar de sua beleza e riquezas naturais, Ouro Preto carrega em suas raízes uma história de exploração. Durante o auge do ciclo do ouro, milhares de pessoas ( inclusie crianças) foram escravizadas para trabalhar em condições insalubres, extraindo riquezas destinadas à Coroa Portuguesa. Essa herança de sofrimento contrasta com o esplendor de magia da cidade, que hoje se destaca como um dos maiores patrimônios históricos do Brasil. Para se ter uma ideia da crueldade, a expectativa de vida dentro das minas era inferior há 5 anos.
Com tanta história provavelmente deu água na boca e vontade de saborear essa cidade, e claro, Ouro Preto encanta também pelo paladar. A cidade oferece uma gastronomia rica e diversificada, com restaurantes que agradam a todos os gostos. Seja para um jantar romântico, um momento em família ou uma reunião entre amigos, os ambientes são aconchegantes e acolhedores. Além da tradicional e deliciosa comida mineira, há opções de culinária internacional que tornam a experiência ainda mais especial.
Com cerca de 74 mil habitantes, Ouro Preto une história, cultura e sabores únicos, sendo um destino que marca para sempre quem passa por lá. Fique atento para aproveitar sua viagem com responsabilidade e desfrute de tudo o que essa cidade extraordinária tem a oferecer e antes de pegar a estrada escoha sua pousada preferida e seja cauteloso na contratação de guias, nem tudo que se vê e ouve pode ser verdade, na dúvida: pesquise. Boa viagem!
Saiba Mais sobre Tiradentes
Conexão de Tiradentes com Ouro Preto
• Inconfidência Mineira: Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, era um dos líderes do movimento que buscava a independência de Minas Gerais e a autonomia do Brasil em relação a Portugal. Ouro Preto, como capital da capitania, era o centro das discussões e conspirações da Inconfidência.
• Prisão de Tiradentes: Embora tenha sido capturado no Rio de Janeiro, muitas das articulações da Inconfidência aconteceram em Ouro Preto, onde residiam vários inconfidentes.
Pontos Históricos Relacionados
1. Casa dos Contos: Era usada como casa de fundição e prisão temporária de alguns inconfidentes. Hoje é um museu que retrata a história da economia brasileira no período colonial.
2. Museu da Inconfidência: Localizado na antiga Casa de Câmara e Cadeia, guarda documentos, objetos e memórias dos inconfidentes, incluindo homenagens a Tiradentes.
3. Igreja de São Francisco de Assis: Essa igreja barroca é uma das obras-primas de Aleijadinho e representa a riqueza e a religiosidade da época, contextos que influenciaram os movimentos sociais.
Legado de Tiradentes
Tiradentes é considerado um mártir da independência brasileira. Sua memória é honrada em Ouro Preto por meio de eventos culturais, como a Semana da Inconfidência, realizada em abril, e pelo reconhecimento do seu papel como símbolo de liberdade.
A cidade, com sua arquitetura colonial preservada, oferece uma viagem no tempo, permitindo compreender melhor os ideais e o sacrifício de Tiradentes em um momento crucial da história do Brasil.
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