A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou, nesta segunda-feira (20/3), a operação Embaixador, que teve como alvos suspeitos de integrar uma associação criminosa voltada à prática de furtos de celulares, sobretudo em grandes eventos, desbloqueio dos aparelhos e venda para terceiros. Ao todo, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão, em endereços ligados a 17 investigados, e efetuadas cinco prisões.

Os trabalhos policiais foram realizados na capital, em Timóteo, no Vale do Rio Doce, além de Contagem, Sabará e Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Segundo o delegado regional em Ipatinga, Thiago Alves Henriques, coordenador da operação, durante os trabalhos, foram apreendidos 70 celulares, um notebook, dois tablets, cerca de R$ 4,3 mil em dinheiro e papel-moeda em branco usado para impressão de ingressos. Dos dispositivos eletrônicos apreendidos, cerca de 30 são furtados e o restante de procedência duvidosa.

Já entre os presos, com idades entre 31 e 43 anos, segundo o delegado regional, estão dois alvos da investigação em curso, detidos em Belo Horizonte e Santa Luzia, considerados os principais receptadores atuantes na RMBH. “Nós acreditamos que eles são os mentores desse tipo de crime”, pontua Henriques ao explicar que eles teriam envolvimento na coordenação dos furtos em shows de grande público, bem como desbloqueando e revendendo os aparelhos subtraídos.

Além da dupla, outras três pessoas foram presas em flagrante nas mesmas cidades onde os dois primeiros foram localizados. Todos os cinco suspeitos foram autuados pelo crime de receptação qualificada e encaminhados ao sistema prisional. “Um dos chefes do grupo também possuía mandado de prisão preventiva, e representamos à Justiça pela preventiva dos outros quatro [que foram autuados em flagrante]”.

Investigações

Os levantamentos começaram quando policiais civis responsáveis pela investigação de furtos e roubos em Ipatinga tomaram conhecimento de que diversas pessoas teriam tido seus celulares furtados em um show, ocorrido no dia 18 de novembro de 2022, no Estádio Ipatingão. Na ocasião, mais de 30 aparelhos foram subtraídos.

Com o desdobramento das apurações, a Agência de Inteligência Policial da Delegacia Regional em Ipatinga conseguiu descobrir o paradeiro de alguns dos aparelhos celulares furtados, bem como identificar os receptadores e integrantes da associação criminosa responsáveis por furtar e desbloquear os aparelhos celulares.

A partir das apurações, também foram cumpridos recentemente três mandados de busca e apreensão, sendo recuperados aparelhos nas cidades de Ponto Belo, no estado do Espírito Santos, e Ipatinga. Hoje, foi desencadeada mais uma etapa dos trabalhos investigativos, com a operação Embaixador.

O delegado regional explica que, embora as investigações tenham partido de crimes ocorridos no evento realizado na cidade do Vale do Aço, o grupo atuava em outras cidades de Minas, tendo os aparelhos como destino a RMBH para revenda – um dos meios para comercialização eram as redes sociais.

Ação criminosa

Thiago Henriques explica que o grupo criminoso tem como foco grandes eventos, com número expressivo de pessoas. “Os autores dos furtos ficavam próximos a banheiros femininos, principalmente em camarotes. As mulheres quando saíam tinha que passar por essa aglomeração e eles então conseguiam abrir as bolsas das vítimas e subtrair os aparelhos. No dia seguinte, já vinham para Belo Horizonte e entregavam os objetos para os receptadores, que conseguem desbloquear e revendê-los rapidamente”, descreve.

O delegado completa que, no curso das apurações, foi verificado que um dos receptadores entrava em contato com a vítima por meio de mensagem SMS, como se fossem da empresa de tecnologia do aparelho, e solicitava o repasse de informações pelo link enviado. “A pessoa, acreditando que realmente estava passando os dados para fins de bloquear o aparelho, estava informando os dados para o autor da receptação desbloquear e revender o celular”, conta.

As investigações prosseguem visando à recuperação dos demais aparelhos celulares furtados e à identificação dos outros integrantes da associação criminosa, sobretudo autores dos furtos.

Registro de ocorrência

Thiago Henriques orienta que outras pessoas que tiveram seus celulares furtados durante o show do dia 18 de novembro de 2022, mas que não registraram o respectivo boletim de ocorrência, poderão procurar a Delegacia Regional de Polícia Civil em Ipatinga (Avenida João Valetim Pascoal, 309, Centro) para noticiar o fato e buscar recuperar seu pertence.

O delegado adianta que a equipe da PCMG já entrou em contato com algumas pessoas que tiveram seus celulares subtraídos, e que registraram a ocorrência, para orientar sobre a restituição. “É muito importante que as vítimas façam o boletim de ocorrência e informem o IMEI do aparelho, que é o meio necessário para fazermos esse rastreamento, localizar os aparelhos e identificar as vítimas para fins de restituição”, esclarece.

Alerta

O delegado regional acrescenta que quem compra os aparelhos celulares furtados também pode ser responsabilizado pelo crime de receptação. Inclusive, durante a operação, houve conduzidos à unidade policial para serem ouvidos, a princípio, como receptadores na forma culposa – “quando a pessoa adquire o produto sem tomar os cuidados necessários, sem nota fiscal, sem caixa do aparelho, sem carregador de procedência, fomentando os crimes de furto e receptação”.

A operação contou com a participação de 130 policiais civis vinculados ao 12º Departamento em Ipatinga e a Departamentos de Polícia Civil sediados na capital e na RMBH (incluindo especializados e territoriais), com empenho de 33 viaturas.

Fonte: Polícia Civil MG