A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza audiência pública nesta quinta-feira (29/2/24), a partir das 13h30, no Auditório José Alencar, para debater os impactos socioambientais da realização em Belo Horizonte de uma etapa do Campeonato Brasileiro de Stock Car, prevista para acontecer entre 15 e 18 de agosto.

O requerimento de reunião é da deputada Beatriz Cerqueira (PT), seguindo iniciativa semelhante da comissão similar da Câmara Municipal de Belo Horizonte, que debateu o mesmo tema na última segunda-feira (26), inclusive com a presença da parlamentar.

Segundo Beatriz Cerqueira explica no seu requerimento, a discussão na ALMG enfocará sobretudo os danos decorrentes da supressão vegetal e da proximidade dos laboratórios de pesquisa biológica e do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), haja vista que se trata de uma competição automobilística que produz níveis altíssimos de ruídos, que ultrapassam 100 decibéis.

Na audiência na Câmara de BH, Beatriz Cerqueira se manifestou contra o desrespeito à natureza e aos animais em nome do lucro de empresas privadas, a exemplo do que ocorre em licenciamentos de mineração, que contam com a conivência do poder público.

A etapa de agosto será a primeira em BH da mais importante categoria do automobilismo brasileiro, com a expectativa de que outras quatro edições sejam realizadas anualmente na cidade. O campeonato tem 12 etapas, que ocorrem de 3 de março a 15 de dezembro. A abertura será em Goiânia (GO) e o encerramento em Interlagos, na capital paulista.

Segundo o que vem sendo divulgado pela Imprensa, será improvisado um circuito em que os pilotos vão contornar o Estádio Mineirão, na região da Pampulha, e descer pela Avenida Carlos Luz. Há algumas décadas, a região foi cenário de competições automobilísticas quando BH chegou a ser considerada o berço do automobilismo nacional.

A programação do BH Stock Festival, além da corrida, prevê um festival gastronômico e um show de encerramento no estádio, com promessa de movimentar a economia e projetar o nome da capital mineira, de olho em outros grandes eventos esportivos.

Corte previsto de 63 árvores

O problema é que, além dos impactos ambientais nos dias do evento, está previsto, entre os preparativos, o corte de 63 árvores no entorno do Mineirão, já aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Também devem acontecer reformas no espaço, como mudanças no asfalto, remoção de quebra-molas e instalação de guard rail e arquibancadas.

O corte de árvores já teria começado nesta quarta-feira (28), segundo denúncias de ambientalistas e de moradores da região, publicadas no jornal O Tempo e em redes sociais.

Na audiência realizada na Câmara de BH, a maioria dos participantes até aprovaram a realização do evento, mas reivindicaram a mudança de local para fora arredores da Lagoa da Pampulha. Um dos locais sugeridos foi a Linha Verde.

Em nota enviada à imprensa, os organizadores do evento alegam que a sustentabilidade, inclusão e segurança são os pilares do BH Stock Festival. Segundo eles, o Mineirão e seu entorno foram escolhidos após estudos de engenharia que previram a implementação de medidas para minimizar os impactos, não havendo outro local em BH que se adapte às especificidades técnicas da Stock Car.

Uma dessas medidas é o plantio de outras 688 mudas de árvores como forma de compensação. Com relação ao impacto sonoro, devem ser instaladas barreiras acústicas no circuito, principalmente perto da UFMG.

Convidados

Para a audiência desta quinta (29), na ALMG, foi convidado o CEO da empresa Speed Seven, Sérgio Santos Sette Câmara, responsável pela promoção da Stock Car em BH. Além dele, diversos ativistas ambientais e representantes de entidades de defesa do meio ambiente também foram chamados.

Por fim, também foram convidados representantes do Comam, das secretarias municipais de Meio Ambiente, de Política Urbana e de Obras e Infraestrutura, da Superintendência de Desenvolvimento da Capital, do Ministério Público, da Câmara dos Deputados, da Câmara Municipal de BH, da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica e da UFMG.

Fonte: Assembleia Legislativa de MG