Rural
Aprosoja-MT critica medidas do CMN e cobra ações do Mapa

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) manifestou nesta quarta-feira (04.04) sua insatisfação com as medidas anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para auxiliar o setor produtivo no estado. Segundo a entidade, as ações são “insuficientes” para conter a crise que assola o agronegócio local, especialmente na safra 2023/24.
O principal problema, segundo a entidade está na produtividade da soja, que não acompanha o aumento do custo de produção. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custo de produção da safra atual é de 62 sacas de soja, enquanto a produtividade média se encontra em apenas 52,85 sacas. Essa discrepância gera um prejuízo significativo aos produtores, que ainda precisam honrar compromissos de entrega já negociados.
“As medidas do CMN, como a renegociação de dívidas, são importantes, mas não resolvem a raiz do problema”, afirma Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja-MT. “Precisamos de ações mais abrangentes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para amenizar a crise e garantir a sustentabilidade do agronegócio em Mato Grosso.”
Falta de diálogo – A Aprosoja-MT critica a falta de diálogo entre o Mapa e os produtores rurais de Mato Grosso. A entidade diz ter encaminhou diversos ofícios ao Ministério, com sugestões de medidas para conter a crise, mas, até o momento, não obteve nenhuma resposta concreta.”Nossa principal demanda é por novos recursos e prazos flexíveis para o pagamento das dívidas que não puderam ser honradas neste ano”, explica Beber. “Precisamos de medidas que garantam a viabilidade da próxima safra e que não comprometam o futuro do agronegócio em Mato Grosso”.
Entre as medidas solicitadas pela Aprosoja-MT estão:
- Destinação de R$ 500 milhões para alongamento de dívidas, com taxa de 5,5% ao ano;
- Abertura de uma linha de crédito de US$ 1,95 bilhão, a uma taxa de 5,5% ao ano;
- Criação de outra linha de crédito de R$ 1,05 bilhão para equalização de juros agrícolas;
- Implementação de medidas para evitar que o escore dos produtores seja prejudicado.
Outro ponto de preocupação da Aprosoja-MT são as cláusulas “washout” presentes em contratos de exportação de grãos. Essas cláusulas obrigam o produtor a comprar soja no mercado caso não consiga entregar a quantidade acordada no contrato, geralmente a preço de mercado, o que pode gerar um prejuízo ainda maior.
“O Mapa precisa dialogar com as empresas exportadoras para buscar soluções para as cláusulas washout”, defende Beber. “Essa é uma das nossas maiores preocupações no momento, pois muitos produtores podem não ter produto para entregar devido à baixa produtividade da safra.”
Diante da grave crise que enfrenta o agronegócio de Mato Grosso, a Aprosoja-MT pede um “socorro” imediato do Governo Federal. A entidade cobra medidas urgentes do Mapa para evitar o colapso do setor, que é fundamental para a economia do estado e do país.
“O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira e não podemos permitir que ele entre em colapso”, finaliza Beber. “É fundamental que o Governo Federal tome medidas imediatas para conter a crise e garantir a sustentabilidade do setor em Mato Grosso e em todo o país.”
Além da crise na safra 2023/24, a Aprosoja-MT também destaca outros desafios que o agronegócio de Mato Grosso enfrenta, como:
- Aumento do custo dos insumos: Fertilizantes, defensivos agrícolas e combustíveis estão com preços cada vez mais altos, o que impacta diretamente na rentabilidade das atividades agrícolas.
- Falta de mão de obra: A migração de trabalhadores do campo para as cidades em busca de melhores oportunidades de trabalho dificulta a contratação de mão de obra qualificada para as atividades agrícolas.
- Instabilidade climática: A seca e outras intempéries climáticas podem afetar significativamente a produtividade das lavouras, gerando perdas
Fonte: Pensar Agro


GENTE QUE ALIMENTA
A Explosão nos Preços do Café: Como os Desafios Climáticos e o Mercado Global Impactaram a Safra de 2024

Minas Gerais, que representa aproximadamente 30% da produção nacional de café, teve sua safra de 2024 seriamente comprometida pelas condições climáticas adversas. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção do grão no estado caiu 3,3% em relação ao ano anterior, totalizando 28,05 milhões de sacas de 60 quilos. Esse número ficou abaixo das expectativas iniciais, que previam uma safra de 30,1 milhões de sacas, 4,1% maior que a de 2023.
As mudanças climáticas, exacerbadas por fenômenos como o El Niño, trouxeram temperaturas mais altas do que o normal, estresse hídrico severo e uma seca prolongada, fatores que dificultaram o desenvolvimento saudável dos cafezais. Além disso, eventos pontuais de granizo também contribuíram para a perda de produção em algumas regiões cafeeiras de Minas Gerais. O café, como planta de clima tropical, é especialmente sensível a variações extremas de temperatura e precipitação, e esses eventos adversos afetaram tanto a qualidade quanto a quantidade da safra. A valorização da saca de café, que já era um reflexo das flutuações do mercado global, alcançou níveis impressionantes em 2024, com uma alta média de 115% de janeiro a dezembro.
A Escassez Global e o Impacto no Mercado

Colheita de Café na Colômbia
No cenário internacional, a produção de café também enfrentou dificuldades. O Vietnã, maior produtor de café robusta do mundo, foi afetado por uma forte seca, o que reduziu significativamente sua produção. Já a Colômbia, tradicionalmente conhecida pela produção de café arábica de alta qualidade, também sofreu com chuvas irregulares e problemas fitossanitários, o que resultou em uma redução expressiva no volume exportado.
Esses problemas climáticos não são fenômenos isolados, mas fazem parte de uma tendência crescente de instabilidade climática nos principais países produtores de café. O impacto global dessa queda na produção gerou um descompasso entre oferta e demanda, o que resultou em um aumento acentuado nos preços do café no mercado internacional. Com a escassez de grãos de qualidade, os preços dispararam, e o café, que já é um dos produtos mais negociados no mundo, se tornou ainda mais valorizado.
A Valorização da Saca de Café
O reflexo dessa escassez foi sentido diretamente no preço do café, que viu uma valorização de quase 115% do início de janeiro até meados de dezembro de 2024. Essa alta é uma das mais expressivas da história recente, e os impactos podem ser sentidos tanto no campo quanto nas prateleiras de supermercados. Produtores e cooperativas, que viram suas margens de lucro crescerem, enfrentam, no entanto, o dilema de como equilibrar os custos de produção, que também aumentaram, especialmente devido ao uso de tecnologias e insumos para mitigar os efeitos da seca.
A Cooxupé, uma das maiores cooperativas de café do mundo, com sede em Minas Gerais, tem monitorado de perto essas flutuações e auxiliado os produtores a gerenciar as consequências das condições climáticas extremas. A cooperativa, que tem grande participação na comercialização do café brasileiro, também se preocupa com o impacto da alta de preços sobre os consumidores, que podem ver o aumento refletido no preço do café torrado e moído.
O Futuro da Produção de Café no Brasil

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A situação de 2024 levanta questões importantes sobre o futuro da produção de café no Brasil e no mundo. O aumento nas temperaturas médias, a maior frequência de secas e a irregularidade das chuvas estão criando um cenário de incerteza para os produtores. Cientistas e agrônomos têm se dedicado a estudar novas variedades de café mais resistentes ao estresse hídrico e a mudanças climáticas. Além disso, práticas agrícolas sustentáveis, como o uso de tecnologias para otimização do uso da água e o controle de pragas, ganham cada vez mais importância.
O Brasil, que já ocupa a posição de maior produtor de café do mundo, precisa investir em inovação tecnológica e em práticas de cultivo adaptativas para manter sua competitividade no mercado global. A boa notícia é que, apesar das adversidades enfrentadas em 2024, o país ainda tem um enorme potencial de produção, e muitos agricultores têm se mostrado resilientes, ajustando suas práticas para lidar com as mudanças climáticas e minimizar seus impactos.
Conclusão: Desafios e Oportunidades
A safra de café de 2024 foi marcada por desafios climáticos significativos, mas também por uma alta expressiva nos preços, consequência da escassez de grãos no mercado internacional. A combinação entre clima adverso no Brasil e em outros países produtores, juntamente com uma oferta limitada de café, levou a uma valorização histórica da saca de café, com impacto direto tanto para produtores quanto para consumidores.
O futuro da cafeicultura no Brasil depende de uma abordagem estratégica que combine inovações tecnológicas, práticas sustentáveis e uma gestão mais eficaz dos recursos hídricos. Com o mercado global cada vez mais volátil, o Brasil, e especialmente Minas Gerais, têm a oportunidade de continuar sendo líderes na produção mundial de café, mas a adaptação às mudanças climáticas será fundamental para garantir a sustentabilidade a longo prazo do setor.
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Reportagem e pesquisa feitas por Alex Cavalcante – Jornalista e Técnico em Agropecuária – Ex-chefe de AGricultura e Meio Ambiente de Alpinópolis https://www.instagram.com/gmaisbrazil/
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