Rural
Embrapa diz que medidas do governo são insuficientes para o setor leiteiro
Especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirmam que as recentes medidas anunciadas pelo governo federal para conter as importações de lácteos do Mercosul e oferecer crédito novo para capital de giro de produtores e cooperativas não serão suficientes para resolver os problemas estruturais de ineficiência e falta de competitividade do setor leiteiro nacional diante dos países concorrentes.
De acordo com o pesquisador Glauco Carvalho, do Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa, a expectativa é que as medidas tenham um impacto limitado, visto que a maior parte das importações não é realizada por laticínios, mas por traders, indústria de chocolates e varejistas.
Quanto à linha de capital de giro de R$ 700 milhões para cooperativas de produtores de leite, Carvalho acredita que poderá aliviar os problemas financeiros recentes, porém não resolverá questões estruturais de eficiência e competitividade do setor.
A análise da Embrapa indica que a cadeia leiteira brasileira enfrentará desafios em 2024, devido à conjuntura internacional e à fraca demanda interna. Essa situação tenderá a excluir da atividade pecuaristas menos eficientes e pequenos laticínios.
Para reverter esse cenário, a sugestão da Embrapa é que o setor invista em diversificação, especialização e criatividade. Uma das sugestões é a produção de leite artesanal, que está em alta entre os consumidores.
Os especialistas da Embrapa ressaltam a complexidade da situação no setor, que enfrenta produção estagnada há anos, além do impacto das importações no preço interno do leite, que tem deixado os pecuaristas brasileiros descapitalizados.
As cotações do leite UHT e da muçarela apresentaram queda significativa em 2023, e os produtos lácteos estrangeiros se tornaram mais competitivos, especialmente os da Argentina e do Uruguai. Mesmo com os preços internos baixos, os produtos importados são mais vantajosos devido à eficiência desses países.
A entrada em vigor do decreto que busca estimular a venda de leite in natura nacional é uma das iniciativas recentes do governo para tentar enfrentar os desafios do setor leiteiro. No entanto, o cenário continua desafiador, e serão necessárias medidas mais abrangentes para reverter a situação.
Com informações do Globo Rural e Assessoria da Embrapa
Fonte: Pensar Agro
Política
Dino Bloqueia Emendas e CGU Investiga PIX Suspeitos Para ONG`s
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino optou, nesta terça-feira (12), por manter a suspensão da liberação das emendas parlamentares. Essa medida foi tomada após a CGU (Controladoria-Geral da União) apresentar um relatório apontando desvios nos repasses de recursos destinados a ONGs (Organizações Não Governamentais) por deputados e senadores.
O ministro também notificou a Câmara dos Deputados e o Senado, concedendo-lhes o prazo de até dez dias para se pronunciarem sobre as informações do órgão. Após esse período, a PGR (Procuradoria-Geral da República) terá mais dez dias para emitir sua posição.
No relatório, a CGU identificou falhas no uso das chamadas emendas Pix — quantias alocadas por parlamentares diretamente a estados ou municípios, sem a exigência de firmar convênios ou elaborar projetos detalhados. Entre dez organizações analisadas, ao menos seis revelaram problemas de transparência e má utilização dos recursos públicos.
A investigação da CGU indicou que, em várias dessas ONGs, não houve chamamento público ou seleção de projetos, violando a legislação que regulamenta parcerias entre a administração pública e entidades da sociedade civil. “Constatou-se que cinco das dez entidades não possuem equipe ou infraestrutura adequada para a execução dos objetivos propostos”, destacou o relatório da Controladoria.
Além disso, a CGU observou que, em oito das dez organizações investigadas, não se respeitaram critérios claros e objetivos para a compra de bens, contratação de serviços ou implementação dos projetos de acordo com as normas vigentes.
Diante dessas irregularidades e da falta de transparência, o STF determinou, em agosto, a interrupção de todos os repasses obrigatórios de emendas pela União. Dino sustentou que os pagamentos devem permanecer suspensos até que haja garantias adequadas de transparência e mecanismos de rastreamento. Sua decisão foi confirmada pelo plenário do Supremo.