Saúde
Caso Yanomamis: como ocorre a desnutrição?
No último sábado (21), a ministra da Saúde, Nísia Trindade , decretou estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) em território indígena Yanomami . O ministério foi ao local e observou que crianças e idosos sofrem com severa desnutrição , muitos casos de malária e infecção respiratória aguda (IRA).
A pasta ainda instalou uma Sala de Situação para tratar da crise sanitária dos povos indígenas. A ministra da Saúde anunciou o envio imediato de cestas básicas, insumos e medicamentos na sexta-feira (20).
A Saúde já registrou três óbitos de crianças entre 24 e 27 de dezembro, e 11.530 casos de malária no último ano. A população dos Yanomamis é de aproximadamente 30 mil habitantes.
Segundo o Sistema de Informações da Atenção à Saúde Indígena (Siasi), do Ministério da Saúde , foram registradas 99 mortes de crianças Yanomami no ano passado. As causas variam, mas incluem desnutrição e Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).
No último domingo (22), a associação Yanomami Urihi divulgou uma nota em suas redes sociais informando que a indígena Yanomami, de 63 anos, que teve sua foto divulgada apresentando grave situação de desnutrição, morreu.
“Na cultura Yanomami, após o falecimento, não pronunciamos o nome da pessoa, queimamos todos os seus pertences, e não permitimos que fotografias permaneçam sendo divulgadas. Estamos vivenciando uma crise humanitária, e sabemos que o governo se mobilizou buscando ações que ofereçam todo o suporte que a população necessita neste momento. É um momento triste, mas continuamos com toda força para que o povo Yanomami tenha sua dignidade de volta”, informou a associação.
Como ocorre a desnutrição?
Ao iG , a nutricionista Juliana Vieira, graduada pela Uninove e pós-graduada em fitoterapia e suplementação nutricional clínica e esportiva, afirmou que o tipo de desnutrição depende do diagnóstico de cada indivíduo, mas que as graves, como o caso dos indígenas Yanomamis, é necessário tratamento médico.
“A desnutrição é, na verdade, uma deficiência de calorias, vitaminas e nutrientes e ocorre pela falta de alimento. O consumo geral de alimento geral de calorias e proteínas não estão suficientes para suprir a taxa metabólica do organismo”, explica Vieira.
A nutricionista disse ainda que fatores como estado de pobreza, transtornos psiquiátricos, falta de saneamento básico ou portadora de alguma doença adjacente, podem influenciar para um quadro de desnutrição.
“No caso dos Yanomamis, é necessária uma dieta enteral (dieta líquida por meio de uma sonda), introduzida pela sonda nasogástrica ou nasoentérica. O caso deles é um caso bem grave”.
Tipos de desnutrição
“Tem três desnutrições bem graves, a chamada Marasmo, a Kwashiorkor e a Kwashiorkor-marasmático”, introduz Juliane.
A Marasmo consiste em uma carência de caloria, a Kwashiorkor ocorre devido a uma carência de proteínas e a Kwashiorkor-marasmático é a mistura, onde faltam fontes energéticas e proteicas.
“A mais comum, principalmente no caso de insegurança alimentar, é a desnutrição de proteínas. O carboidrato tende a ser mais alto e fica a caloria vazia”, observa a nutricionista.
Sobre o diagnóstico e tratamento da desnutrição, Vieira apontou que depende de cada caso. “Precisa diagnosticar a desnutrição com base na altura, no peso, na aparência, é preciso realizar uma análise e assim conseguimos diagnosticar o tipo de desnutrição e tratá-la devidamente”, disse a profissional em Nutrição.
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.