Saúde
Doença de hanseníase: entenda quais são as causas e como tratar o problema
Causada pela bactéria Mycobacterium leprae , também conhecida como “lepra” ou “mal de Lázaro”, a hanseníase é uma doença infecciosa e contagiosa que afeta principalmente a pele, os nervos e os olhos. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2016 e 2020, foram registrados, somente no Brasil, cerca de 155,3 mil casos da doença; destes, 19,9 mil evoluíram para situações mais graves.
Apesar de a enfermidade fazer parte do calendário mundial da saúde, ela é considerada, pela OMS, como parte do grupo de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), ou seja, doenças com baixos indicadores de investimentos em pesquisas e produção de medicamentos. Isso, por sua vez, tem influenciado a dificuldade de diagnóstico e a chance de cura.
Formas de transmissão da doença
Apesar de os estigmas sobre a doença indicarem que ela pode ser transmitida por meio do contato direto com a pele, a dermatologista Dra. Marina Righetto afirma que a enfermidade só pode ser transmitida a partir do contato direto com a bactéria Mycobacterium leprae .
“A transmissão da bactéria M. leprae é por via respiratória, por meio de gotículas de saliva ou secreções nasais e decorre de uma convivência muito próxima e prolongada com algum doente multibacilar sem tratamento, que é a forma transmissora”, diz a médica.
Sintomas
Devido ao fato de o bacilo que causa a hanseníase se reproduzir lentamente, os sintomas iniciais da doença podem levar de 6 meses a 5 anos para aparecerem. Segundo o Ministério da Saúde, entre os principais indicadores, estão:
- Manchas claras, escuras ou avermelhadas na pele;
- Ausência de sensibilidade nas mãos, pés ou face;
- Nódulos (caroços) no corpo (em alguns casos, avermelhados e dolorosos);
- Formigamento;
- Dormência.
Tipos de hanseníase
Conforme a classificação de Madri, a doença é dividida em dois grupos: paucibacilar e multibacilar, que se subdividem em quatro classificações: hanseníase indeterminada, tuberculoide, boderline e virchowiana. Como explica a Dra. Marina Righetto, inicialmente, paucibacilar engloba aqueles que apresentam até quatro lesões; já no tipo multibacilar, manifesta-se mais de cinco lesões.
“Dentro da forma paucibacilar, que não é uma forma transmissora da doença, subdividimos em: hanseníase indeterminada, que é o estágio inicial da doença e caracteriza-se pela presença de até cinco manchas mal definidas e que não apresentam comprometimento neural, ou em hanseníase tuberculoide, quando as lesões já passam a ser bem definidas e há o comprometimento de um nervo”, diz a dermatologista.
Quanto ao tipo multibacilar, a especialista diz que as lesões são mais expressivas e de difícil identificação entre pele normal e pele danificada. “A multibacilar, forma transmissora da doença, é subdividida em borderline ou dimorfa, na qual há mais de cinco lesões e comprometimento de dois ou mais nervos. Já a forma virchowiana é a forma mais disseminada da doença, que apresenta características clássicas decorrentes da infiltração progressiva e difusa da pele. O paciente, por vezes, adquire uma face de aspecto ‘leonino’”.
Diagnóstico para enfermidade
Diagnosticar a hanseníase precocemente é extremamente importante. Para isso, são realizados testes clínicos para avaliação da capacidade do paciente em reagir à sensibilidade, como frio e calor, e para análise da força motora. Após o parecer clínico, são realizados exames laboratoriais visando confirmar a presença da doença. Entre eles, há a biopsia e a baciloscopia, que identifica a presença de bacilos.
Tratamento para hanseníase
Ainda que, no passado, a doença tenha sido motivo de isolamento, atualmente ela tem cura, e o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Combinando três medicamentos antimicrobianos, o método tem se mostrado eficaz no combate do problema. No entanto, se não tratada precocemente, a enfermidade pode causar sequelas maiores, como a limitação física.
Interferência da associação de medicamentos
Segundo a dermatologista, prestar atenção aos medicamentos ingeridos sem orientação, durante o tratamento, é fundamental. “No caso de o paciente fazer uso de outras medicações, essas devem ser checadas pelo seu médico para avaliar se não apresentam interação medicamentosa com nenhum dos três remédios utilizados para tratar a condição. Por exemplo, o uso de ondansentrona (Vonau), [o de] haloperidol e [o de] domperidona podem interferir com a clofazimina, uma das medicações utilizadas no tratamento, aumentando o risco de arritmias”, conta a especialista.
Maneiras de prevenir a condição
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), adotar hábitos de vida saudáveis , como praticar atividade física e se alimentar corretamente, é uma das formas mais eficazes para prevenir a doença de hanseníase. É preciso, também, tomar a vacina BCG, pois essa combinação contribui para o fortalecimento imunológico e evita que o organismo adoeça.
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.