Saúde
Entenda a doença rara de Céline Dion, síndrome da pessoa rígida
A cantora canadense Céline Dion revelou ter recebido o diagnóstico da síndrome de stiff-person, ou Síndrome da Pessoa Rígida (SPR), em relato compartilhado nas redes sociais. A condição é uma doença neurológica rara que causa rigidez muscular progressiva e espasmos dolorosos.
“Tenho lidado com problemas de saúde há muito tempo e está sendo bem difícil para mim encarar esses desafios e falar sobre tudo o que venho passando”, afirmou Céline em vídeo publicado nessa quinta-feira (8).
“Enquanto ainda estamos aprendendo sobre essa condição, agora sabemos que isso é o que tem causado todos os espasmos que tenho tido”, relatou a cantora, que cancelou oito shows que faria em 2023 e adiou parte deles para 2024.
A SPR é uma doença autoimune e as causas exatas ainda são estudadas.
A síndrome afeta uma a cada 800 mil pessoas, estando associada a outras doenças autoimunes, como tireoidites , diabetes tipo 1 e vitiligo , explica o Dr. Roger Gomes, neurologista na Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Jardim São Luís, gerenciada pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) em parceria com a Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo.
De forma geral, a condição é mais comum após os 50 anos e em mulheres, em uma taxa de 60%, afirma o médico.
Na gravação, Céline disse que os espasmos causados pela doença têm afetado o dia a dia dela de várias maneiras, causando dificuldades que vão desde o caminhar até a usar as cordas vocais para cantar da maneira que ela estava acostumada.
De acordo com a Dra. Karin Mitiyo Corrêa, neurologista da Clínica Gravital São Paulo pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os espasmos sentidos por Céline podem ser desencadeados por barulhos muito altos ou até mesmo por um toque leve na pele. Eles ainda podem ser sentidos no abdome e na musculatura respiratória, podendo levar a uma insuficiência respiratória.
Certos pacientes, segundo a neurologista, desenvolvem até mesmo ansiedade e medo de sair de casa.
Em alguns casos, a SPR pode acometer apenas uma região do corpo, em outros, pode levar a movimentos anormais, incoordenação, dificuldade para falar e engolir e paralisia dos olhos.
Dependendo do quadro, a doença pode estar ligada a cânceres de pulmão e mama .
“Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e, se não tratados, podem causar dificuldade para andar e se movimentar. Eles também podem evoluir de meses a anos, permanecendo estáveis ou piorando lentamente”, afirma Corrêa.
Na maior parte dos casos, a doença começa com um desconforto muscular, rigidez na coluna e nas pernas, podendo afetar quadril, pescoço e ombros. Com o tempo, a pessoa passa a sentir dificuldade na locomoção, ficando encurvada e tendendo a quedas.
O tratamento para a síndrome da pessoa rígida é focado em aliviar os sintomas de dores e rigidez muscular com medicamentos, mas também é feito com terapia imunológica, envolvendo a infusão de imunoglobulina humana e imunossupressão, explica o Dr. Hennan Salzedas Teixeira, neurologista pelo Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Instituto de Ciências Neurológicas (ICNE).
No ano passado, a cantora já havia cancelado shows que faria em Las Vegas, nos Estados Unidos, devido aos espasmos — à época, no entanto, ela ainda não havia divulgado o diagnóstico.
Em comunicado no final de 2021, Céline informou que os médicos estavam avaliando a condição e já haviam iniciado o tratamento, mas que os sintomas a proibiam de participar de ensaios e fazer apresentações.
A recuperação, de acordo com Teixeira, não costuma ser total, podendo evoluir para perdas funcionais, mesmo após o tratamento adequado ser iniciado.
“Existem relatos de casos de melhora da rigidez com o uso do canabidiol , mas não temos evidência científica para recomendar esse tipo de tratamento rotineiramente”, afirma o neurologista.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.