Saúde
Entenda o que é a hanseníase e conheça os sintomas
A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é considerada uma das doenças mais antigas do mundo. Há relatos dela desde o século 6 a.C. Acredita-se que ela tenha surgido no Oriente e, depois, se espalhado por tribos nômades ou por navegadores.
O que é a hanseníase?
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium , também conhecida como bacilo de Hansen (em homenagem à Gerhard Hansen, médico e bacteriologista norueguês que identificou em 1873 o bacilo causador da enfermidade).
O bacilo se reproduz lentamente e o período médio de incubação e aparecimento dos sinais da doença é de aproximadamente cinco anos, de acordo com informações da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Casos de hanseníase no Brasil
O Brasil é o segundo país no mundo mais afetado pela doença, com 28.660 casos, atrás apenas da Índia (120.334 casos), de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2019. Conforme aponta o boletim epidemiológico enviado à OMS, somente em 2021 o país diagnosticou 15.155 novos casos da doença . Anualmente, são detectados cerca de 200 mil novos casos no mundo.
Importância do diagnóstico e do tratamento
A médica Ana Marques, professora do curso de Medicina da Uniderp, assinala a importância de identificar os possíveis sintomas, diagnosticar e tratar precocemente, pois o tratamento diminui o número de bacilos infectantes e, assim, rompe a cadeia de transmissão e, consequente, diminui a chance de novos casos.
“A hanseníase não escolhe sexo nem idade. Qualquer pessoa pode abrigar o bacilo e, ao longo da vida, apresentar a doença que se caracteriza por ser infecciosa de curso crônico, de progressão lenta e incapacitante, deformidades muitas vezes irreversíveis, quando não tratada, e assim mantém-se a transmissão”, pontua.
Sintomas da hanseníase
A hanseníase acomete principalmente a pele e os nervos. Geralmente, deixa manchas avermelhadas, marrons e esbranquiçadas aparentes na pele; além de manchas que não são sensíveis ao toque. Caroços no corpo, dolorosos e inflamados, dores articulares e inchaço nas mãos e pés também podem ser sinais da doença . Nos olhos, queixas de ressecamento ocular são frequentes. Sintomas neurais, como sensação de “formigamento” em braços e pernas devem ser sempre investigados.
Como a bactéria M. leprae se replica muito lentamente, levando até anos, as lesões na pele podem não surgir rapidamente e não ser o fator na identificação da doença.
Transmissão da hanseníase
A transmissão da hanseníase ocorre quando uma pessoa doente, que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar – MB) e está sem tratamento, elimina bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim infectar outras pessoas suscetíveis. Nem todos desenvolvem essa doença , já que grande parte das pessoas apresenta capacidade de defesa do organismo contra o bacilo.
A pessoa com a doença deve manter o convívio familiar e não precisa ser afastada do trabalho. Isso porque, pouco tempo após o início do tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença. Porém, as pessoas que moram na mesma casa devem ser examinadas. Se não apresentarem a doença, devem ser acompanhadas no mínimo por cinco anos.
Tratamento da hanseníase
O diagnóstico, o tratamento e o exame de todos os contatos intradomiciliares são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diante de qualquer dúvida mediante os sintomas já mencionados, é preciso buscar atendimento médico para investigar se há ou não a presença da patologia. O tratamento é ambulatorial, com doses mensais supervisionadas administradas na unidade de saúde e doses autoadministradas no domicílio por 6 a 12 anos.
Por Camila Crepaldi
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.