Saúde
K9 ou supermaconha: conheça os riscos da droga que se espalhou por SP
As drogas conhecidas como K9, K2, K4, spice, space, supermaconha, maconha sintética, Crazy Monkey, entre outras denominações, estão ganhando cada vez mais popularidade entre os usuários de drogas, principalmente na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. Apesar de também conhecidas como “maconha sintética” ou “supermaconha”, as drogas K, diferentemente da “maconha orgânica” — proveniente da planta cannabis —, são produzidas em laboratório e possuem efeitos muito mais fortes e prejudiciais.
A substância em questão possui diferentes nomes, dependendo da forma de consumo utilizada, sendo K9 o nome mais comum. Essas substâncias podem ser encontradas em papel borrifado com a substância, em selos, micropontos, inaladas diretamente de uma pipeta ou misturadas com ervas para fumar em um cigarro.
O consumo desse tipo de substância pode resultar em uma variedade de efeitos colaterais, que vão desde agitação, ansiedade, convulsões e paranoia, até vômitos, batimentos cardíacos acelerados, depressão e dificuldade de comunicação.
Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram usuários em um estado de “zumbi”, sem controle motor ou cognitivo sobre seus corpos após o uso dessa do entorpecente.
Conheça os principais efeitos:
- Confusão mental;
- Agitação e agressividade;
- Sonolência;
- Tontura;
- Náuseas e vômitos;
- Convulsões;
- Alucinações, delírios e psicose;
- Problemas respiratórios;
- Problemas gastrointestinais;
- Comportamento violento;
- Pensamentos suicidas;
- Aceleração do ritmo respiratório;
- Dor no peito;
- Acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame;
- Rabdomiólise (destruição das fibras musculares);
- Insuficiência renal.
O Dr. Quirino Cordeiro, médico psiquiatra e diretor do HUB de Cuidados em Crack e Outras Drogas, administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), relata que o uso de drogas sintéticas causa desordens comportamentais e alterações físicas graves.
“O indivíduo que está sob o efeito dessas substâncias sintéticas acaba apresentando alterações no comportamento, podendo ter um quadro de excitação, agitação psicomotora, agressividade, psicose, apresentar alucinações, perceber sensações que não estão acontecendo, ter delírios que não fazem sentido com a realidade e crises de pânico.”
Tratando-se dos efeitos físicos que as drogas sintéticas exercem no organismo do usuário, um dos principais alertas é quanto ao impacto no sistema cardiovascular. Isso porque o consumo da droga pode gerar aumento na pressão arterial com picos hipertensivos e, em decorrência deste quadro, resultar em um acidente vascular cerebral. Além disso, a droga pode ocasionar arritmia cardíaca, o que pode evoluir para um infarto agudo do miocárdio.
“Devido ao poder de sua ação, a dependência química é quase que imediata, onde uma overdose pode ser fatal e causar a morte do usuário”, afirma o psiquiatra.
“É importante esclarecer a população de que a recuperação é possível desde que familiares, amigos e o próprio usuário busquem ajuda. O tipo de tratamento e o tempo vão depender da avaliação da gravidade do quadro para ser melhor direcionado. Porém é importante ressaltar que a melhor medida é a prevenção”, aconselha o Dr. Quirino.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, foram registradas até o momento 411 notificações de casos suspeitos de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos em geral, em contraste com os 99 casos ocorridos em 2022.
Diante desse contexto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) está promovendo a capacitação de profissionais de saúde da rede pública. O objetivo é fornecer informações sobre os danos causados pelo uso de drogas sintéticas entre a população infantojuvenil, bem como estratégias de cuidado baseadas na atenção psicossocial.
A pasta também afirmou estar realizando reuniões com o intuito de elaborar um plano de ação para a rede de saúde em relação aos canabinoides sintéticos e outras drogas emergentes.
Fonte: Saúde
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.