Saúde
UE aprova nova vacina contra a dengue; Brasil espera aval da Anvisa
Na manhã desta quinta-feira (8), a União Europeia autorizou o uso da vacina contra a dengue QDENGA , também chamada de TAK-003, para pessoas a partir de quatro anos. A aprovação segue a recomendação favorável do Comitê de Medicamentos para Uso Humano (CHMP) do bloco em outubro. No Brasil , o uso do imunizante está sendo avaliado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ) desde 2021.
A vacina foi desenvolvida pela japonesa Takeda e é a primeira para prevenção primária contra o vírus da dengue a receber o sinal verde na União Europeia. Caso for aprovada, também será a primeira do tipo no Brasil.
A aplicação do imunizante japonês utiliza um vírus atenuado (enfraquecido) da dengue para induzir a resposta imunológica pelo organismo. A versão incluída na formulação é do sorotipo 2 da doença, mas demonstrou eficácia em criar uma proteção contra todos os quatro sorotipos conhecidos. O esquema é em duas doses, no intervalo de três meses entre elas.
Tanto na Europa quanto no Brasil, já existe uma aplicação disponível, mas apenas para pessoas que já foram contaminadas pelo vírus da dengue, ou seja, para impedir a reinfecção que costuma ser mais grave e tem índices mais altos de fatalidade.
“A aprovação da Comissão Europeia marca um importante ponto de virada para a QDENGA, pois estamos um passo mais perto de alcançar nossa aspiração de ajudar a reduzir a carga global da doença”, disse Gary Dubin, presidente da Unidade de Negócios Global de Vacinas da Takeda, em comunicado.
Para conceder o aval, a União Europeia avaliou estudos que incluíram 28 mil participantes no total e confirmaram a eficácia da vacina. No acompanhamento de 18 meses após a última aplicação, o imunizante foi capaz de reduzir em 90,4% as hospitalizações causadas pela dengue.
Casos de dengue aumentam ao redor do mundo
Em janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório que indicou um aumento de 8 vezes da incidência da doença, transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, nos últimos 20 anos. No estudo, a OMS afirma que esse aumento deve continuar devido às mudanças climáticas e à urbanização.
No Brasil, apenas neste ano foram cerca de 1,4 milhão de casos da doença, além de 975 óbitos – número mais alto registrado desde 2015 e próximo do recorde histórico.
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Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.