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Veganismo: filosofia que defende os animais não é “coisa da elite”

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Veganismo: filosofia que defende os animais não é “coisa da elite”
Matilde Freitas

Veganismo: filosofia que defende os animais não é “coisa da elite”

O veganismo é um movimento relativamente novo, mas que vem ganhando novos adeptos a cada dia. Estima-se que, no Brasil, o número de vegetarianos seja em torno de 30 milhões, com uma parcela menor de veganos. O veganismo luta para acabar com o consumo de carne e de alimentos de origem animal e pelo fim de qualquer tipo de exploração animal. E isso vem dando resultados: grandes marcas estão deixando de usar animais em testes, por exemplo.

É preciso divulgar e desmistificar o veganismo

Ainda há a crença de que o veganismo é uma filosofia de vida muito elitista. Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) , acredita que isso pode estar relacionado com o acesso à informação. “O veganismo, como qualquer nova proposta, baseada em conceitos não tão difundidos, em informações científicas tanto no que diz respeito à ética perante os animais (que sabemos ser a base do movimento), à nutrição, como nos aspectos ambientais, de saúde e mesmo sociais, necessita da transmissão dessas informações às pessoas para que, de posse dessas informações, possam fazer suas escolhas, sejam essas pessoas com maior ou menor condição financeira”, analisa.

Veganismo não é coisa de gente rica

Para o presidente da SVB, o problema é que a informação, de maneira geral, chega primeiro para determinados grupos. “Então, a percepção que temos é que qualquer nova proposta ou conhecimento é ‘coisa de elite’, quando isso já é uma consequência do acesso privilegiado à informação”, analisa. Para que o veganismo se torne mais popular, é necessário que haja uma desmistificação sobre ser uma filosofia que apenas grupos privilegiados pode seguir.

“Até pouco tempo (e ainda hoje), muita gente nem sabia o que significava o veganismo. Então, voltamos um pouco à informação, de comunicar às pessoas e essas entenderem o quão é possível aderirem ao veganismo. Isso, a meu ver, é o primeiro passo para popularizar-se o movimento e fazê-lo ser algo próximo e familiar para qualquer pessoa”, analisa Ricardo Laurino.

Uso da expressão elitista para justificar hábitos

O alto valor de alguns produtos veganos industrializados também ajuda a difundir a ideia de que o veganismo é coisa de grupos mais abastados. “O que, mais uma vez, poderia e deve ser trabalhado com informação, demonstrando a perspectiva de que a alimentação à base de vegetais é imensamente ampla e atende a todos os tipos de realidade”, explica o presidente da SVB.

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Outro ponto relatado por Ricardo Laurino é o uso da expressão “elitista” como forma de defender um hábito antigo. “Assim como ouvimos sobre as proteínas, que precisamos de carne e tantos outros argumentos que servem de ‘escudo’ para que se mantenha a cultura herdada e defendida da maneira que for possível”, alerta.

Necessidade de produtos com preços mais acessíveis

Além disso, é necessário que alimentos e demais produtos que não venham da exploração animal tenham preços mais acessíveis. “E mais do que isso, fazendo com que as pessoas entendam como isso é mais fácil do que parece e adaptável a cada uma das realidades sociais que temos em nosso país ou, mesmo, o mundo. E a outra de estar ‘perto’, onde as pessoas possam encontrar os produtos que precisam, atendendo suas expectativas e costumes, sejam eles os mais diversos que forem”, explica o presidente da SVB.

Nesse sentido, não transformar o movimento em uma ‘caixa’, mas em um grande espectro de possibilidades é também trabalhar para a popularização e acessibilidade do veganismo em todas as camadas sociais e ideologias políticas, econômicas e sociais.

Veganismo democrático

É necessário trabalhar o veganismo para além das ideologias pessoais. É preciso agregar e trazer para o movimento a ideia de identificação. “Mostrarmos que o veganismo não é algo voltado para um tipo de grupo ou para um grupo que pensa de um jeito ou para outro de um determinado status. Seja ele de classes mais baixas ou classes mais abastadas, seja de uma ideologia política/econômica específica ou outra”, explica Ricardo Laurino.

Veganismo vai além da alimentação

Quando se fala em veganismo, as pessoas imediatamente pensam na dieta vegetariana estrita. “A alimentação, por representar em torno de 98% da exploração e uso dos animais, naturalmente se destaca perante o restante. E, por intermédio dela, podemos avançar em outros âmbitos. E isso vem ocorrendo”, analisa Ricardo Laurino.

Mas o veganismo vai muito além do que se coloca no prato. “Vegano é o indivíduo que não ingere alimentos de origem animal, como o vegetariano estrito, mas que também possui a mesma preocupação de não utilizar animais para fins não-alimentícios, como em vestimentas de couro, lã e seda, produtos testados em animais e entretenimento com animal. O veganismo é um estilo de vida baseado não só em princípios éticos, mas também ambientais, sociais, pessoais e morais,” esclarece a nutricionista Priscilla Mazza

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Alimentação vegetariana é saudável

Muitas pessoas acreditam que é preciso ter uma renda alta para se tornar vegano, o que não é verdade. Os produtos veganos industrializados ainda possuem valor elevado, mas você pode encontrar tudo o que o seu corpo precisa no reino vegetal. “É possível ter uma vida totalmente saudável seguindo uma dieta vegetariana, sem deficiência de proteínas e demais nutrientes. O importante é manter uma alimentação bem distribuída, rica em vegetais, frutas, leguminosas e cereais”, explica Alessandra Luglio, nutricionista e coordenadora do departamento de nutrição da SVB.

Veganismo é benéfico para a saúde

Os alimentos de origem vegetal são mais baratos e ainda ajudam na saúde do corpo. “Os benefícios são inúmeros e muito bem documentados em diversos trabalhos científicos. É possível encontrar excelentes resultados da Plant Based Diet na prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, obesidade, hipercolesterolemia, alguns tipos de câncer, doenças autoimunes, entre outras”, analisa Alessandra Luglio. Por isso, é importante divulgar o veganismo, para que um maior número de pessoas saiba que é totalmente possível se tornar vegano sem possuir uma alta renda.

Vegetais são muito mais acessíveis

Como explica Ricardo Laurino, somos criados acreditando que a carne é essencial para nosso desenvolvimento. “Além disso, ela traduz um status social, contradizendo, em parte, o argumento de que a alimentação vegana é elitista, já que a carne não é presente na mesa de muitas famílias, exatamente pelo seu alto valor”, explica. Em contrapartida, os vegetais são muito mais acessíveis, ou seja, alimentação vegetariana não é coisa de gente rica.

É preciso combater a desinformação

A carne tem uma digestão mais lenta em nosso organismo o que gera a percepção de que alimenta mais. “Todos esses pontos e outros que se conectam a mitos e crenças estão intimamente ligados à informação. É por intermédio dela que esses e outros equívocos serão esclarecidos, possibilitando, assim, uma visão mais clara e justa quanto aos alimentos vegetais e seus benefícios nutricionais”, acrescenta o presidente da SVB. Ele acredita que uma das melhores formas de trazer aliados para o veganismo é com informação e paciência.

Fonte: IG SAÚDE

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Saúde

Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil

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A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.

Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.

O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.

“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.

Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.

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O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente.  “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.

Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’

Exemplo mineiro

Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.

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Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.

“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.

Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.

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