Saúde
Veja por que a busca de adolescente por cirurgias plásticas exige cuidado
Geralmente, os adolescentes são influenciados por celebridades, amigos ou mídias sociais que promovem a aparência física como uma das principais qualidades de uma pessoa. Por causa disso, costumam acreditar que a cirurgia plástica é a solução para suas inseguranças e problemas de autoestima.
“A adolescência é uma fase na qual a autoestima ainda depende muito de uma boa aparência. Além do bullying, que é um motivo de procura por procedimentos estéticos, as próprias mídias digitais podem levar a esse desconforto com a própria imagem”, diz o cirurgião plástico Dr. Daniel Lobo Botelho, presidente da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons).
Ainda segundo o médico, antes de realizar esse tipo de cirurgia, é importante que o paciente esteja preparado psicologicamente para encarar a mudança da própria imagem após o procedimento. “Nesse sentido e considerando algumas peculiaridades, os adolescentes, quando estão saudáveis fisicamente e mentalmente, podem realizar procedimentos, desde que estejam acompanhados na consulta pelos responsáveis”, explica o cirurgião plástico.
Saúde psicológica
A associação defende que a indicação para uma cirurgia está mais ligada ao problema do que à idade do paciente, mas é necessário avaliar o nível de crescimento, a evolução física e a maturação do adolescente. No geral, as cirurgias reparadoras não têm idade limite; já a cirurgia estética pode ser feita a partir dos 16 anos, com autorização dos pais.
A BAPS alerta que o médico deve estar atento a questões como a alteração na percepção da imagem corporal , que se torna uma patologia quando começa a afetar a vida social e a saúde do adolescente, evidenciando que o padrão mental do jovem não está de acordo com a realidade. Nesses casos, a distorção da imagem do próprio corpo torna-se, para eles, uma experiência real e verdadeira.
Procedimento exige maturidade
A BAPS argumenta que o ideal é que o adolescente converse com os pais e, após conseguir permissão, discuta francamente com o médico sobre expectativas e resultados da cirurgia, bem como os cuidados pré e pós-operatório.
“Antes de realizar tratamentos em adolescentes, o cirurgião deve conversar muito com esse público para verificar se o paciente é um bom candidato para a cirurgia, certificando-se de que ele está procurando o procedimento pelos motivos certos e é emocionalmente maduro para lidar com o estresse de todo o processo, desde anestesia e cicatrização até possíveis complicações”, ressalta o presidente da associação.
Cirurgias que podem ser realizadas em jovens
Alguns procedimentos são simples, embora não isentos de chances de complicações, e podem ser uma boa forma de devolver autoestima aos jovens. Como exemplo, há a otoplastia (cirurgia das orelhas), que pode ser feita a partir dos seis anos, quando a orelha atinge de 80 a 90% do tamanho do adulto, mas na idade antes do início da vida escolar, evitando o bullying.
“Em alguns casos, a operação traz também benefícios funcionais, que ajudam o paciente a realizar melhor as atividades do dia a dia. Um exemplo são as mamoplastias redutoras ou mastopexias, que eliminam o desconforto dos seios muito grandes, dores nas costas e ombros, irritações dermatológicas na região, entre outros fatores”, destaca o presidente da BAPS. Mas o ideal é que essa cirurgia seja feita após os 18 anos; em menores de 16 anos, recomenda-se avaliação multidisciplinar para caracterizar um procedimento reparador.
A rinoplastia também pode ser realizada, mas geralmente após os 16 anos, quando o nariz está completamente desenvolvido. Já no caso da lipoaspiração, o mais indicado é esperar a maioridade. “Caso resolva optar realmente pela cirurgia plástica, é imprescindível que o paciente ou seus responsáveis pesquisem antes de escolher um especialista, para ter certeza da competência do médico, desenvolvendo uma relação de confiança com ele”, finaliza o Dr. Daniel Lobo Botelho.
Por Maria Claudia Amoroso
Fonte: Saúde
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.