EMOÇÕES
Antônio Vinico completa 99 anos!
O senhor Antônio Vinico é um dos poucos homens no mundo que atravessou duas pandemias, passou pela Segunda Guerra Mundial e viu suas terras serem alagadas pelo Lago de Furnas.
Falar de um homem honrado e cheio de bons adjetivos, além de ser prazeroso nos traz alegria nos dias atuais. Nasceu em 09 de junho de 1922, em meio a pandemia da gripe espanhola, contraiu-a em sua infância e sobreviveu. Hoje está enfrentando outra pandemia, depois de um século. Seu Antônio também viu a Segunda Guerra Mundial. Viu e sentiu. Afinal seu irmão José Vinico fez parte do grupo de brasileiros convocados para a base do Rio de Janeiro.
Criado no município de Carmo do Rio Claro, no bairro do Espinheiro, desde sua infância trabalhou na terra e nos engenhos, com destaque para a produção de rapadura junto dos pais: Antônio Avelino Alves e Mariana Cândida de Jesus e de seus 6 irmãos (José Vinico, Ilsolina, Sebastiana, Josina, Ana e Maria, a única viva, que reside em São Paulo). Nessa época enfrentaram geadas, de pés descalços à luz do luar, moendo a cana e apurando o doce da famosa rapadura artesanal. Como distração tinha o prazer de fazer brinquedos e utensílios de madeira.
Em 24 de setembro de 1949 ele se casou, com o seu grande amor e deu início a uma grandiosa família ao lado da senhora Maria Cândida Avelino, a religiosa dona Maria, “esteio daquele lar”, nas palavras do próprio Antônio Vinico. Juntos tiveram os primeiros 5 filhos (de um total de 10 que viria pela frente). José, Antônio, Francisco, Ana e Luiz nasceram no bairro rural Espinheiro, município de Carmo do Rio Claro.
Tempos depois essa mesma região seria tomada pelo Lago de Furnas para a construção da exuberante hidrelétrica, obra de impacto grandioso, sobretudo na vida do senhor Antônio Vinico. Suas terras e de seus irmãos foram desapropriadas e tiveram que procurar outro lugar para viver, para assim recomeçar e seguir em frente, porém o desânimo nunca o atingiu.
Em 15 de novembro de 1960 fincaram raízes no bairro rural Soquete/Angola, município de Alpinópolis. De imediato a mudança causou estranheza, mas nada que impedisse a permanência e a continuação do trabalho na lavoura e no engenho. Pouco tempo depois a família continuou crescendo, com a chegada de mais uma filha, Alice e das irmãs gêmeas Leonarda e Geralda, uma surpresa para todos (na época não havia acesso a esse diagnóstico de forma antecipada). Logo após viria Maria das Graças, essa muito especial, com uma rara doença. Na época era difícil diagnosticar. A luta foi dura, não tinham recursos. Precisavam se locomover para Ribeirão Preto e contavam com a presteza e bondade de parentes e amigos como por exemplo, José Lucas da Silva e José Carlos de Faria.
“Amigo nunca abandona um amigo. A gente sabe quando é pra vida toda. Os verdadeiros estão sempre do nosso lado quando o mundo parece estar contra. E assim é a minha amizade com o Antônio; sincera, alegre, verdadeira e pra eternidade. Queria muito poder abraçar ele nesse dia tão especial, mas como não podemos espero que as minhas palavras possam levar um pouco da minha gratidão por tudo que vivemos juntos.” disse José Lucas, hoje empresário e morador de São José da Barra.
Em Ribeirão Preto para cuidar da saúde da filha eram acolhidos pelo escritor e advogado, Antônio Carlos de Faria.
“Falar bem de Antônio Vinico é muito fácil para mim. Esse homem teve sua vida pautada na honestidade, na bondade e no amor, de tal forma que tenho certeza que ninguém irá discordar do que estou dizendo.
Não é atoa que Deus o premiou com tantos anos de vida porque o mundo precisa de pessoas assim que saibam viver o amor.
Foi com seu amor e de sua esposa Maria que constituíram uma linda família pela qual tenho muito amor e consideração. Além do mais Antônio Vinico é meu compadre. Felicidades meu compadre e que tenha ainda muita vida pela frente. ” Afirmou o amigo.
Mesmo com todo o apoio dos amigos e da família seu Antônio sentiu no peito a dor da morte. Com pouco mais de um ano, no dia 26 de fevereiro de 1974 sua filha morreu. Em abril do mesmo ano por fim nasceu a filha caçula, Rosimeire, que atualmente é professora na Escola Municipal Horácio Pereira Damásio.
Seu Antônio Vinico construiu uma vida em torno da família, do trabalho e dos amigos. Bom marido, pai exemplar, avô amoroso e pronto para servir a todos. Também é caridoso e admirador da política e do futebol. Mas sua preferência era mesmo o truco, saboreava muito as vitórias.
Atuou também como tesoureiro do sindicato dos trabalhadores de Alpinópolis, contribuindo para o crescimento do município. Participava com alegria das comemorações em família e fazia questão de reunir todos nos finais de semana, com um farto almoço e boa prosa.
Em 27 de dezembro de 2008, seu Antônio Vinico tem um dos maiores baques de sua vida: perde sua companheira e esposa, Dona Maria. Ela sofreu um AVC, na saída de uma Celebração Eucarística na Igreja Matriz de São Sebastião, falecendo no dia seguinte. Hoje, mesmo acamado, é muito bem cuidado e cercado do amor que distribuiu em abundância por onde passou.
Um dos maiores ensinamentos, relata os filhos, foi com uma frase que sempre dizia:
“Vocês precisam zelar pelo seu nome, porque se perder o nome vocês não têm nada”.
A trajetória de Antônio Vinico nos leva a uma constatação. Seja honesto, prestativo e caridoso e tenha alegria de viver, pois o resto Deus abençoa!
Texto Original /Jornalista Paulo Vaz
Texto Adaptação e Supervisão/ Alex Cavalcante Mochila
Pesquisa, roteiro e fotos/ Rosimeire Avelino
EMOÇÕES
“Arcabouço Fiscal” Gilberto Almeida
“ Se o governo aprovar esse arcabouço, ele obtém uma licença para aumentar gastos. Se ele não aumentar a carga tributária, o superavit primário não vai ser gerado e assim ou sobe a inflação, que aumenta a receita e faz cair a despesa em termos reais ou vira uma desaceleração adicional do crescimento econômico”.
Affonso Celso Pastore
BELO HORIZONTE –
Por Gilberto Almeida
No final do governo Dilma Rousseff que sofreu impeachment por descontrole fiscal entre diversas outras causas, assume o Vice-Presidente Michel Temer, encontrando um país destroçado, recessão sem precedentes, desemprego e desconfiança suprema do mercado internacional com relação ao país. Michel Temer, cuja breve passagem pelo governo a história haverá de reconhecer seus feitos, aprovou no Congresso Nacional a PEC do teto de gastos que proibia que o crescimento das despesas públicas ultrapassassem a inflação do exercício anterior, em uma rigorosa norma para tentar conter o desequilíbrio encontrado.
Durante o governo Bolsonaro, prevaleceu essa regra, que, por muitos economistas, de tão dura que era, se tornou inalcançável e que foi duramente criticada pelo então candidato Sr Luiz Silva, que mesmo antes de tomar posse, conseguiu aprovar uma PEC retirou as despesas de programas sociais do cálculo dos gastos para efeito controle do teto, o que aumenta o rombo das contas públicas em mais de 150 bilhões de reais. Não obstante a importância de tais programas sociais em especial o Bolsa família, a nova PEC aprovada não só revogava, na prática, o teto de gastos, como também indicava que o Brasil poderia caminhar para um perigoso desequilíbrio com consequências arrasadoras para a economia e consequentemente para os indicadores sociais. Entretanto, quiseram, os congressistas, estabelecer um pequeno freio, obrigando que o Executivo encaminhasse para análise dos parlamentares, uma nova PEC, estabelecendo nova regra para o controle dos gastos públicos, evitando assim que as despesas públicas cresçam mais que o Produto Interno bruto, tranquilizando assim os credores e tentando restabelecer o índice de confiança no país o que significaria diminuir o risco de calote, a escalada dos juros, o colapso do setor produtivo e estagnação da economia nacional.
Foi cumprindo esta obrigação que o atual governo apresentou o chamado Arcabouço Fiscal que nada mais é que um conjunto de regras que têm como objetivo evitar o descontrole das contas públicas, garantindo assim a redução da taxa SELIC e a retomada do desenvolvimento econômico.
E aqui hei de reconhecer pontos interessantes do pacote anunciado pelo governo que estabeleceu teto para crescimento das despesas em 70% do aumento da receita, produzindo uma folga de 30% para a produção do superavit primário. Interessante no arcabouço fiscal também foi estabelecer que o aumento real das despesas (descontada a inflação) ficará dentro de uma banda que vai de 0,6% a 2,5%, ou seja, mesmo que a receita cresça 10%, por exemplo, o aumento de gastos não será de 7%, mas se limitará a 2,5%.
Até aí tudo seria mil maravilhas, não soubéssemos que o atual governo e sua veia perdulária, precisará fazer com que a outra ponta, a da receita, cresça o suficiente para cobrir a gastança. Nenhuma regra para obter equilíbrio fiscal será exequível se o gestor não controlar as despesas de forma rigorosa, o que absolutamente não faz parte do repertório do Sr Luiz Silva e muito menos do PT. As primeiras medidas do governo, que nem 100 dias completou, apontam para exatamente o contrário, multiplicando, sem nenhum pudor, o número de ministérios, “acomodando” dezenas de milhares de “cumpanherus” que sofriam uma severa abstinência de cargos públicos, sem falar da explosão das barganhas políticas para obter sucesso nas votações no Congresso Nacional, oferecendo não apenas cargos, como também bilhões em emendas secretas (hoje levianamente batizadas pela mídia militante de “emendas de relator”) para cooptar parlamentares.
Para cobrir este rombo o ministro Haddad aponta algumas medidas como a taxação dos fundos exclusivos e das apostas eletrônicas, e também algumas de suas “jabuticabas”, o que de uma forma unânime entre os analistas econômicos, seria insuficiente, pois, a receita deveria, para que o Arcabouço Fiscal apresente resultados, ter um crescimento real de 5% em cada ano vindouro. Assim como Mané Garrincha fez a célebre pergunta se seu técnico já tinha “combinado com os russos”, fica a pergunta se Haddad já combinou com a súcia petista e com o centrão, para ou diminuir a gula ou restará, mais uma vez, colocar nas costas dos sofridos contribuintes, novos aumentos nos já escorchantes impostos vigentes.
Finalizando, o arcabouço fiscal pode ser uma ferramenta de sucesso, se bem usada. A maior premissa para seu êxito é a de, com urgência, afastar do governo concussionários personagens, já conhecidos pela esbórnia que praticam.