TECNOLOGIA
Básico com anúncios: Netflix tem plano que não é para todo mundo
Por Paula Alves
Confesso que, desde quando foi lançado , fiquei curiosa para analisar o plano “básico com anúncios” da Netflix, o primeiro pacote da plataforma com propagandas.
Apesar de serviços com anúncios não serem uma novidade no mercado, em seus 15 anos como uma plataforma de streaming, a Netflix nunca havia trabalhado com esse modelo de assinatura.
Além disso, o pacote havia sido anunciado ao longo de um período conturbado da empresa, quando além de uma flutuação no número de assinantes, a Netflix perdia espaço para outros concorrentes da indústria, em uma verdadeira guerra de streamings.
Títulos indisponíveis aparecem nas pesquisas
Como assinante da Netflix desde 2013, minhas impressões iniciais sobre a sua versão com propagandas não foram muito diferentes das que sempre tive na plataforma.
A home e as divisões do “básico com anúncios” não diferem da de outros planos do serviço, com os títulos aparecendo categorizados em listas, sejam elas de indicações, gêneros, rankings, etc.
Um ponto interessante, no entanto, é que a Netflix tem o cuidado de não colocar séries e filmes indisponíveis em nenhuma dessas sessões, de maneira que, caso você não pesquise pelo título específico ou por alguma produção com a qual ele esteja relacionado, ele não irá aparecer “acidentalmente” na tela.
Para quem não conhece, os títulos a que me refiro são os filmes e séries da Netflix que ficaram de fora do “básico com anúncios” devido a problemas de licenciamento. Uma questão que a empresa está tentando contornar, mas que não impede a aparição das produções nos casos citados, sempre acompanhadas por um símbolo de cadeado impedindo seu play.
Embora estratégico por parte da Netflix, o cuidado é também uma escolha mais acertada para o público, que não é bombardeado pelo próprio streaming com produções que ele não pode ver.
Isso me leva a acreditar que a frustração que senti de não poder assistir a The Good Place no plano, por exemplo, tem muito mais a ver com o fato de eu ser uma assinante antiga da plataforma e conhecer bastante do seu catálogo.
Para assinantes que estão experimentando a Netflix pela primeira vez ou não conhecem muito de suas produções, é provável que o choque nem de longe seja o mesmo – ainda que a consciência de que o usuário está sendo privado de parte da experiência não deixe de incomodar.
Propagandas são numerosas e insistentes
Se na interface o “básico com anúncios” não me causou muto estranhamento, o mesmo já não posso dizer do momento em que dei play em algumas de suas produções.
Apesar de já saber como os anúncios funcionariam, na prática, não consegui não me surpreender (e incomodar) com a insistência com as quais as propagandas apareciam na tela.
Em um episódio de 1899, por exemplo, série de drama e suspense do serviço, registrei nada menos do que cinco blocos de propagandas ao longo dos seus cinquenta minutos de duração.
O primeiro, que apareceu no momento em que dei play no título, foi rápido, com duração de 30 segundos, e teve apenas uma campanha reproduzida. Os outros, no entanto, aconteceram ao longo do episódio em espaços de mais ou menos dez minutos e se agrupavam em blocos de duas ou três propagandas.
Vale lembrar que esse esquema de distribuição de anúncios não é uma novidade para muita gente, sendo utilizada de maneira bastante parecida na Twitch, onde algumas campanhas são veiculadas em sequência, ao longo da transmissão.
Na Netflix, especificamente, essas inserções podem ter 60 ou 75 segundos e, apesar de não acontecerem nos momentos de ápice da narrativa, é inevitável que impactem na experiência – especialmente se estivermos falando de produções em que há um clima de tensão constante, como a que eu assistia.
De acordo com a Netflix, as propagandas mostradas são personalizadas de acordo o usuário. Para isso, eles utilizam tanto suas interações com a plataforma (gêneros mais assistidos, por exemplo) como seus dados pessoais fornecidos (data de nascimento, gênero e informações gerais de localização com base no endereço IP).
No meu caso, os tipos de propagandas que apareceram foram bem variadas, indo desde fabricante de carros, até bancos digitais, lojas de e-commerce, redes de fast-food e marcas de calçados. Uma seleção de anunciantes, inclusive, que se repetiu por várias vezes ao longo de outros títulos e episódios em que dei play.
Vale lembrar que todas essas propagandas fazem parte de uma parceria realizada entre a Netflix e a Microsoft.
Por ser uma empresa que não trabalha com anúncios, a Netflix apenas cede o espaço publicitário para quem fornece as propagandas, o que explica porque as campanhas veiculadas são nacionais e possuem certa segmentação.
Esses anúncios, obviamente, não podem ser pulados durante sua transmissão, mas podem ser pausados e, no alto da tela, é possível visualizar seu tempo restante e o número de propagandas do bloco.
Além disso, um ponto curioso é que eles ficam fixos ao longo de cada filme ou série. O que quer dizer que ao parar o mouse sobre o cursor de um título, é possível ver leves marcações em amarelo que mostram os momentos em que aparecerão.
Apesar disso, não é possível burlar esses apontamentos: caso tente avançar ou clicar a sua frente, o usuário verá o anúncio da mesma maneira.
Perfil infantil não tem anúncios
Apesar do “básico com anúncios” permitir a veiculação de apenas uma tela por vez (720p), ele deixa que o usuário crie e troque para outro perfil, assim como em qualquer outro plano da Netflix.
Uma curiosidade, no entanto, que só descobri durante o seu uso, é que o perfil infantil já vem pré-instalado nesse pacote da plataforma.
Isento de propagandas, ele não permite aumentar sua classificação etária (10 anos), impedindo assim que adultos “burlem” o sistema e assistam filmes e séries sem propaganda por ele.
Em suas configurações, ele permite colocar um ícone de perfil e alterar seu nome e idioma. Mas, na navegação, a experiência da criança permanece a mesma, podendo assistir qualquer um de seus títulos, sem interrupções.
Experiência frustrante para antigos assinantes
Analisado tudo isso, achei que, em geral, o plano “básico com anúncios” se mostrou ser uma boa alternativa para quem nunca teve acesso ao catálogo da Netflix, mas tem curiosidade de conhecer as produções do serviço.
O valor é salgado, sendo mais alto do que outros streamings da indústria que não contam com propagandas. Apesar disso, entendo usuários que ainda assim escolham o pacote da Netflix na hora de optar por uma assinatura, tendo em vista a abrangência da plataforma no nosso país.
Embora seu custo seja elevado, o streaming conseguiu uma popularidade que ainda nenhuma outra plataforma registrou e que chama atenção – ou até mesmo é o único conhecido – de grande parte da população brasileira.
Afora esses casos, o plano perde muito do seu brilho para quem já teve a experiência de assinar o catálogo completo do serviço ou até mesmo experimentar outros streamings com uma relação de custo/benefício maior.
Ainda que o incômodo das propagandas seja tolerável, afinal estamos falando de um pacote mais “barato” exatamente devido a elas, a indisponibilidade de certas produções é talvez o grande problema do catálogo. Segundo dados do JustWatch, são mais de mil títulos faltantes e há uma consequente frustração de sua ausência para quem conhece as produções.
Por fim, outro ponto que pode pesar para muitos usuários e fazer com que a Netflix perca até quem havia gostado do “básico com anúncios” é a sua indisponibilidade em alguns dispositivos.
Como uma empresa de tecnologia que deve parte do seu sucesso ao alcance que sempre teve nos aparelhos, restringir seu acesso pode ser um divisor de águas na fidelização ou não de seu novo plano.
Fonte: IG TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
Meta, Google e OpenAI firmam compromisso por IA mais responsável
As sete principais empresas de inteligência artificial (AI) dos Estados Unidos concordaram nesta sexta-feira (21) em adotar uma série de medidas para desenvolver seus sistemas de forma mais responsável. O acordo foi realizado entre as companhias e o governo dos Estados Unidos.
Dentre os compromissos aceitos pela Amazon, Anthropic, Google, Inflection, Meta, Microsoft e OpenAI, estão investimentos em cibersegurança, realização de testes envolvendo aspectos de discriminação nos sistemas de IA antes de seus lançamentos, e um novo sistema de marca d’água em conteúdos gerados por IA.
Este último compromisso é uma forma das empresas sinalizarem que um texto, áudio, vídeo ou foto foi gerado por uma inteligência artificial, evitando que usuários acreditem, por exemplo, em deepfakes. As empresas ainda trabalham para implementar as novidades.
Por se tratar de um compromisso voluntário, a medida não é considerada uma regulação das empresas de IA, já que não há consequências para o descumprimento das promessas.
Em paralelo à medida do governo, o Congresso dos EUA estuda propor uma lei para regulamentar sistemas de IA.
No Brasil, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apresentou no início de maio um projeto de lei para regulamentar sistemas de inteligência artificial. Por enquanto, a matéria ainda não tem data para ser votada.
Fonte: Tecnologia