Minas Gerais
Epamig participa de curta metragem sobre plantas alimentícias não convencionais
Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) colaboraram para a realização do curta metragem “Do mato à mesa”. Rodado com recursos do Fundo Estadual de Cultura, o filme do diretor Bellini Andrade aborda a representatividade culinária das plantas alimentícias não convencionais (panc) e o papel histórico delas na nutrição e na formação da cultura mineira. Clique aqui para assistir ao curta.
“Esse documentário reúne várias informações, vários olhares sobre as panc. É uma contribuição extremamente importante para o processo de divulgação, popularização e de quebra de preconceito”, afirma a pesquisadora da Epamig, Marinalva Woods, que foi consultora e uma das depoentes do filme. Segundo ela, parte da razão por essas plantas não estarem muito presentes na mesa das pessoas se deve ao fato de, por muito tempo, elas terem sido estigmatizadas.
Marinalva foi ainda uma inspiração para a proposta do documentário, como conta o diretor Bellini Andrade. “Havia um edital do Fundo Estadual de Cultura sobre o tema culinária mineira. Eu estava pensando em uma proposta, quando a Viviane, minha namorada, assistiu uma aula ministrada pela pesquisadora Marinalva, se emocionou com o tema e sugeriu que eu abordasse o assunto”.
“A Marinalva deu uma aula de agroecologia aqui no Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional (Cresan – Mercado Lagoinha). Eu fiquei escutando a forma dela falar e os alunos contando as experiências deles com essas panc e fui me lembrando de relatos da minha família, da casa da minha avó, do tomate de árvore, que eu não via desde a infância. Ela foi me trazendo muitas lembranças. Então sugeri ao Bellini fazer esse documentário. Acreditava que o sentimento provocado em mim e em outros por aquela aula, também impactaria outras pessoas”, recorda Viviane Almeida, que é nutricionista do Cresan.
Bellini destaca que o documentário traz depoimentos de personagens de gerações e regiões distintas e busca contribuir para o registro e a documentação dessa tradição, que exerce grande influência na alimentação e na cultura de populações tradicionais mineiras. “Trata-se de um braço muito importante da cultura mineira, com várias possibilidades para se explorar. Destacamos as pesquisas e um pouco dos usos na culinária e ainda há muito para se abordar: novas receitas, outros personagens, as plantas medicinais”, afirma, deixando aberta a possibilidade de uma sequência.
Resgate do cultivo e do consumo
A Epamig desenvolve ações para resgatar o cultivo, o consumo e a identificação de plantas alimentícias não convencionais, que além de proporcionarem uma nova fonte de renda para agricultores familiares, podem contribuir para a diversificação alimentar. E, em parceria com instituições, como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Embrapa, as universidades federais de Viçosa (UFV) e de São João del-Rei (UFSJ), associações, produtores e algumas prefeituras mantêm os Bancos Comunitários de Multiplicação e Conservação de Hortaliças não Convencionais, como, por exemplo, em Prudente de Morais e em São João del-Rei, para atender produtores, hortas comunitárias e instituições de pesquisa.
A pesquisadora Marinalva Woods destaca que esses bancos recebem materiais de produtores e de outras instituições de pesquisa e realizam manutenção e identificação das espécies, para que esses materiais voltem para produtores e consumidores com a correta identificação e a forma adequada de uso. “Todos os materiais que nós recebemos são direcionados para o Herbário Pamg Epamig, para a identificação. Isso é importante porque existem plantas em que algumas partes não podem ser consumidas por acumularem compostos antinutricionais ou tóxicos e precisam de recomendações para o correto consumo, explica.
A pesquisadora Izabel dos Santos, que também participa do filme, lembra que hortaliças que não possuem uma cadeia produtiva definida são consideradas não convencionais.
“Geralmente elas são colocadas no mercado por agricultores familiares e geralmente em feiras agroecológicas, no comércio local. Nós estamos em processo de resgate dos saberes populares e ajustando isso dentro de técnicas agronômicas”.
O curta-metragem mostra ainda plantas comuns no dia-a-dia dos mineiros que são classificadas como panc. “Como hortaliças, a gente acaba sempre lembrando de ora-pro-nóbis e taioba. Mas temos a jabuticaba, o pequi, são muitos sabores, tem o cansanção, azedinha. Outra que tem se destacado bastante é o umbigo da banana, que em alguns locais é chamado de coração”, aponta Marinalva.
“O importante com relação à popularização dessas plantas é que a comunidade em geral vai poder acessar alimentos de qualidade, dentro do aspecto nutricional, além de fortalecer seus laços com a sua ancestralidade, aquilo que eles trazem na sua história, nos seus costumes. Resgata-se a biodiversidade, as memórias afetivas e contribui-se para a segurança alimentar, pela preservação desses materiais, e nutricional, por meio de uma alimentação diversificada e de qualidade. As panc não têm ainda uma cadeia produtiva constituída”, finaliza Marinalva.
Fonte: Agência Minas
Brasil e Mundo
Descobrindo Ouro Preto: História, Cultura, Gastronomia e Cautela
Visitar Ouro Preto, no coração da mineiridade, é viajar no tempo. Fundada em 1711, essa joia do barroco brasileiro preserva a rica história da mineração (o ciclo do ouro no país), o encanto da literatura, foi nestas terras que Tomás Antônio Gonzaga viveu seu grande amor com Marília de Dirceu, inspirando uma das obras mais marcantes da literatura mundial, a genialidade de mestres como, Antônio Francisco Lisboa; o Aleijadinho, um dos maiores mestres da arte barroca no Brasil e claro, Tiradentes, uma figura central na história do Brasil, que tem uma forte conexão com Ouro Preto, antiga Vila Rica, que foi o cenário principal da Inconfidência Mineira, movimento de resistência à exploração colonial portuguesa.
Além disso Ouro Preto respira arte e festas. A cidade comemorou no último dia 18 de novemebro o aniversário de 210 anos de Aleijadinho, um evento que celebrou a arte, a cultura e a história da cidade. Durante uma visita na cidade, a nossa equipe conversou com o Ouro-pretano, Mauro Francisco de Souza Silva, conhecido por Mauro Amorim que é o organizador da 45ª Semana do Aleijadinho 2024 e Coordenador do CPP da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Ouro Preto.
— confira a entrevista abaixo com o coordenador da Semana da Aleijadinho, Mauro Amorim.
A riqueza cultural de Ouro Preto também pode ser vista nas galerias e exposições. Visitamos uma mostra de desenhos de um renomado artista local, falecido aos 94 anos; José Pio Monte.
“A Arte de JPio” é uma exposição, retrospectiva dos trabalhos artísticos e dos desenhos técnicos de Zé Pio e promove o resgate de peças industriais e a planificação de estruturas não mais existentes em Ouro Preto: o artista apresenta obras produzidas desde a década de 1970 nas técnicas óleo sobre tela, bico de pena, nanquim aguada, lápis e giz pastel. Na exposição que aconteceu na última semana desenhos em bico de pena despertaram ainda mais a paixão do público pelo artista. Durante a exposição, conversamos com o filho do artista, que compartilhou histórias emocionantes sobre o trabalho de seu pai e sua ligação com a cidade.
— confira o vídeo abaixo do engenheiro José Carvalho Monte, filho do artista Pio Monte, que ressalta o legado de seu pai, um dos maiores artistas do Brasil.
Outra experiência marcante foi a visita a uma mina histórica de extração de pedras preciosas e ouro. Apesar de sua beleza e riquezas naturais, Ouro Preto carrega em suas raízes uma história de exploração. Durante o auge do ciclo do ouro, milhares de pessoas ( inclusie crianças) foram escravizadas para trabalhar em condições insalubres, extraindo riquezas destinadas à Coroa Portuguesa. Essa herança de sofrimento contrasta com o esplendor de magia da cidade, que hoje se destaca como um dos maiores patrimônios históricos do Brasil. Para se ter uma ideia da crueldade, a expectativa de vida dentro das minas era inferior há 5 anos.
Com tanta história provavelmente deu água na boca e vontade de saborear essa cidade, e claro, Ouro Preto encanta também pelo paladar. A cidade oferece uma gastronomia rica e diversificada, com restaurantes que agradam a todos os gostos. Seja para um jantar romântico, um momento em família ou uma reunião entre amigos, os ambientes são aconchegantes e acolhedores. Além da tradicional e deliciosa comida mineira, há opções de culinária internacional que tornam a experiência ainda mais especial.
Com cerca de 74 mil habitantes, Ouro Preto une história, cultura e sabores únicos, sendo um destino que marca para sempre quem passa por lá. Fique atento para aproveitar sua viagem com responsabilidade e desfrute de tudo o que essa cidade extraordinária tem a oferecer e antes de pegar a estrada escoha sua pousada preferida e seja cauteloso na contratação de guias, nem tudo que se vê e ouve pode ser verdade, na dúvida: pesquise. Boa viagem!
Agradecimentos
Pousada Vila Rica e DukaAmorim
Saiba Mais sobre Tiradentes
Conexão de Tiradentes com Ouro Preto
• Inconfidência Mineira: Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, era um dos líderes do movimento que buscava a independência de Minas Gerais e a autonomia do Brasil em relação a Portugal. Ouro Preto, como capital da capitania, era o centro das discussões e conspirações da Inconfidência.
• Prisão de Tiradentes: Embora tenha sido capturado no Rio de Janeiro, muitas das articulações da Inconfidência aconteceram em Ouro Preto, onde residiam vários inconfidentes.
Pontos Históricos Relacionados
1. Casa dos Contos: Era usada como casa de fundição e prisão temporária de alguns inconfidentes. Hoje é um museu que retrata a história da economia brasileira no período colonial.
2. Museu da Inconfidência: Localizado na antiga Casa de Câmara e Cadeia, guarda documentos, objetos e memórias dos inconfidentes, incluindo homenagens a Tiradentes.
3. Igreja de São Francisco de Assis: Essa igreja barroca é uma das obras-primas de Aleijadinho e representa a riqueza e a religiosidade da época, contextos que influenciaram os movimentos sociais.
Legado de Tiradentes
Tiradentes é considerado um mártir da independência brasileira. Sua memória é honrada em Ouro Preto por meio de eventos culturais, como a Semana da Inconfidência, realizada em abril, e pelo reconhecimento do seu papel como símbolo de liberdade.
A cidade, com sua arquitetura colonial preservada, oferece uma viagem no tempo, permitindo compreender melhor os ideais e o sacrifício de Tiradentes em um momento crucial da história do Brasil.
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