O Vale do Jequitinhonha sempre conviveu com a dicotomia entre suas riquezas naturais e a vulnerabilidade social da população local. Polo da extração de lítio, com a maior mina do Brasil na cidade de Araçuaí, a região vislumbra no fortalecimento da cadeia do mineral a mais nova oportunidade para reverter essa contradição histórica.

A exploração de lítio no Jequitinhonha foi tema de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (11/6/24).

Lideranças políticas do Município de Divisa Alegre, que abriga há mais de três décadas a Companhia Brasileira de Lítio (CBL), compareceram em peso à audiência, solicitada pelo deputado Professor Wendel Mesquita (SD). Eles destacaram a importância do projeto de criação de um distrito industrial para atrair e receber novos investimentos.

De acordo com Waldemberg Moreira, advogado da prefeitura, o distrito reúne características essenciais, como uma área extensa, a parceria com a própria CBL e matéria-prima disponível.

São 600 mil m², às margens da BR-116, na divisa com a Bahia. Cerca de 200 mil toneladas de silicato de alumínio, subproduto da exploração do lítio utilizado na construção civil, estão sendo disponibilizados pela CBL, em projetos de parceria com possíveis interessados. Além disso, ainda segundo o advogado, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) disponibiliza linhas de crédito para o empreendedorismo na região.

Segundo o prefeito de Divisa Alegre, Ademir Alves, o projeto para o distrito tem o custo de aproximadamente R$ 3 milhões. Outros atrativos citados por ele para investimentos no município foram a distância de 110 km para o aeroporto internacional de Vitória da Conquista e de 360 km para o Porto de Ilhéus, ambos na Bahia.

Algumas das dificuldades de infraestrutura ainda a serem superadas, relatou o prefeito, são as condições da malha rodoviária e a universalização do saneamento básico.

Investimentos movimentam a economia de toda a região

A favor do novo distrito, o deputado Professor Wendel Mesquita (Solidariedade) salientou o enorme potencial da cadeia do lítio para o desenvolvimento de polos industriais. Com a chegada de novas empresas, os municípios do entorno também ganham, com o aproveitamento da mão de obra local e a movimentação da economia.

“Quando o lítio passar, que fique um legado perene e de utilidade para a população da região”, concordou o subsecretário de Estado de Liberdade Econômica e Empreendedorismo, Rodrigo Melo.

Conforme assegurou, a cadeia do lítio é vista como uma prioridade estratégica pelo Estado, consciente de sua relevância.

Para o vereador Christiano Bahia, de Divisa Alegre, o vale da pobreza, da fome, do desemprego ganha uma nova perspectiva com o lítio, de valorização das pessoas do Jequitinhonha e a geração de emprego.

Expectativa compartilhada pela prefeita de José Gonçalves de Minas, Maria Gomes, que aguarda novas oportunidades também para o município vizinho.

Lítio é utilizado de baterias à indústria farmacêutica

Representante da Companhia Brasileira de Lítio, Lindolpho Paoliello destacou a versatilidade do mineral, usado para alimentar baterias, em medicamentos, na produção de cerâmica e, em um futuro próximo, na energia nuclear, de acordo com o gestor.

Segundo ele, a CBL é a única refinaria para elevar o grau de pureza do lítio fora da China, sendo responsável pelo recolhimento de R$ 350 milhões apenas em impostos destinados às prefeituras de Divisa Alegre, Araçuaí e Itinga nos últimos cinco anos.

Fonte: Assembleia Legislativa de MG