Saúde
Entenda como funciona o modelo terapêutico psicodrama
Desenvolvido nos anos 20 pelo psiquiatra romeno Jacob Levy Moreno, o psicodrama é um modelo terapêutico que utiliza a dramaturgia para tratar transtornos mentais. Pode ser feito em grupo ou de forma individual. Além disso, segundo Angela Alves, psicóloga e especialista em terapia de família e casal, a abordagem psicodramática visa recuperar a criatividade e a espontaneidade dos pacientes por meio de técnicas dramáticas específicas, possibilitando ressignificar traumas vividos e buscar o autoconhecimento.
Técnicas utilizadas
Conforme explica Angela Alves, as técnicas mais utilizadas no psicodrama são:
- Inversão de papéis: o paciente assume o papel do outro, na tentativa de experimentar as vivências dessa pessoa;
- Solilóquio: o paciente exterioriza os pensamentos durante a atuação;
- Interpolação de resistência: consiste na modificação inesperada da cena, levando o paciente a trabalhar com o improviso;
- Estátua: o paciente representa uma emoção ou um objeto por meio do seu corpo imóvel;
- Representação simbólica: consiste em um jogo no qual um objeto é colocado em cena para que o paciente inicie um assunto do cotidiano ou, até mesmo, uma representação.
A psicóloga ressalta que, antes de iniciar as técnicas, o psicoterapeuta deve esclarecer detalhadamente para o grupo ou para o indivíduo como funcionará a dinâmica, garantindo assim a participação e o envolvimento de todos.
Benefícios do psicodrama
Além de auxiliar no tratamento de diferentes questões de saúde mental , como transtornos afetivos, fobias, estresse pós-traumático, abuso de substâncias tóxicas e transtornos alimentares, o psicodrama também oferece outros benefícios para a vida do paciente.
“Através dessa abordagem, o indivíduo é levado a reconhecer os conflitos e a buscar novas maneiras de atuar no meio social em que vive”, esclarece Angela Alves. A profissional acrescenta que o modelo psicodramático ajuda a despertar o lado empático do paciente, o que, consequentemente, transforma suas percepções de vida e maneira de se relacionar.
Uma abordagem para todos
De modo geral, todos podem se beneficiar com o tratamento psicodramático, seja criança, adulto ou idoso. “Como qualquer outra abordagem, o psicodrama não foge à regra, pois é indicado para todos os indivíduos que buscam curar-se de suas dores, sofrimentos, traumas e problemas relacionais”, avalia Angela Alves.
Duração e fases do tratamento
A duração de um tratamento com a abordagem psicodramática varia de paciente para paciente. No entanto, de acordo com a psicóloga Angela Alves, na maioria dos casos, o acompanhamento costuma durar de 6 meses a 1 ano.
Já as etapas do tratamento se dividem em planejamento e execução das dramatizações. “Em um primeiro momento, denominado aquecimento, há a preparação do cenário e do tema a ser dramatizado. Em sequência, ocorre o teatro na prática. Por fim, há a fase de compartilhamento, em que se faz o link entre a vivência artística e a realidade”, detalha Heloá Ribeiro, psicóloga e especialista em Estresse e Traumas.
Psicodrama e o uso de medicamentos
Dependendo do caso, a abordagem psicodramática pode ser alinhada ao uso de medicamentos para ajudar o paciente a tratar algum sintoma. ” O uso de fármacos aliado às técnicas psicoterapêuticas irá possibilitar uma melhora. Os remédios ajudam a amenizar os sintomas e os psicólogos auxiliam na ressignificação das dores”, exemplifica Angela Alves.
Contudo, é preciso lembrar que o psicólogo não pode prescrever medicações, pois essa tarefa só cabe ao médico psiquiatra. Desse modo, para Heloá Ribeiro, o ideal é que os profissionais de psicologia e psiquiatria trabalhem em conjunto durante a avaliação inicial do paciente e o período de uso das medicações.
Diferenças entre o psicodrama e as demais psicoterapias
Uma característica marcante que difere o psicodrama das demais abordagens é o processo terapêutico em si, em que “o paciente possui a oportunidade de encenar suas dores, dificuldades e problemas, fazendo com que as questões surjam e as emoções se tornem mais simples de serem observadas”, analisa a psicóloga Angela Alves.
Fonte: Saúde
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.