Saúde
Saiba o que é a síndrome do ovário policístico e como tratá-la
A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma das desordens endócrinas mais comuns em mulheres na idade reprodutiva. Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Síndrome de Ovários Policísticos, do Ministério da Saúde, esse problema atinge cerca de 6%-19% dessa população.
“A SOP é um distúrbio hormonal que acomete mulheres em idade fértil. Nela, há a formação de diversos cistos (pequenas bolsas cheias de fluídos) dentro dos ovários, esses cistos contêm os óvulos imaturos – o que acaba atrapalhando a ovulação e a regularidade menstrual e pode dificultar a gravidez”, diz a Dra. Thais Ushikusa, ginecologista, obstetra e gerente médica de saúde feminina na Bayer Brasil.
Nem todo mundo que tem microcistos apresenta a SOP, conforme explica a Dra. Evelyn Prete, ginecologista, obstetra e sócia-proprietária da clínica Alve Medicina. “É possível ter microcistos no ovário e não ter a síndrome. Para fechar o diagnóstico da síndrome usamos os critérios de Rotterdam, método utilizado na prática clínica para diagnosticar síndrome de ovários policísticos, atualizados em 2006”, ressalta.
Causas da síndrome do ovário policístico
A causa específica da síndrome do ovário policístico ainda não é conhecida. “Mas, na maior parte dos casos, a condição aparece devido a uma combinação de diversos fatores, tais quais: mudanças físicas, predisposição genética, resistência à insulina, elevação dos níveis dos hormônios androgênios, entre outros”, conta a Dra. Thais Ushikusa.
Sintomas da doença
De acordo com o Dr. Mauricio Abrão, ginecologista, professor de Ginecologia da FMUSP e Presidente da Associação Americana de Ginecologia Laparoscópica, os sintomas comuns da SOP incluem:
- Ausência ou desregulação da menstruação, com baixo/inexistente ou alto fluxo sanguíneo;
- Alterações na pele, como o surgimento de acne e aumento da oleosidade;
- Ganho de peso;
- Excesso de pelos;
- Dificuldade para engravidar .
No entanto, a Dra. Thais Ushikusa explica que apenas os sintomas não são suficientes para determinar a presença da doença. “O diagnóstico é feito através de história clínica, exames físicos e exames complementares como dosagens hormonais e ultrassonografia”, afirma a médica, que acrescenta: “De toda forma, as mulheres precisam estar atentas aos sintomas, pois a síndrome pode provocar predisposição ao desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares, infertilidade e, até mesmo, câncer do endométrio”.
Tratamento para SOP
A recomendação para o tratamento dessa doença varia de acordo com o quadro da paciente. Mas, geralmente, consiste em tratar os sintomas e prevenir as complicações. “O tratamento mais indicado é o uso das pílulas anticoncepcionais para regular o ciclo menstrual, a produção de sebo pelas glândulas sebáceas e os hormônios masculinos”, lista o Dr. Mauricio Abrão.
Também há formas para driblar a dificuldade para engravidar causada pela doença. “Para as mulheres que sofrem com essa condição e desejam engravidar, o tratamento é feito com medicamentos para estimular a produção de óvulos, programação da relação sexual e técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro ”, acrescenta o médico.
As alterações no estilo de vida da paciente também são importantes. “A SOP está muito ligada à obesidade e resistência à insulina. Normalmente, a perda de peso e adequação de dieta restabelecem a função ovariana”, afirma a Dra. Evelyn Prete.
Como prevenir a síndrome do ovário policístico
Infelizmente não há uma forma de evitar a SOP. Entretanto, alguns cuidados são recomendados. “Como se trata de uma doença endócrino-metabólica complexa e, em alguns casos, com envolvimento genético, as mulheres em idade reprodutiva devem se atentar ao seu estilo de vida e hábitos. Isto é, manter o peso adequado, investir em uma dieta saudável, praticar atividade física e fazer acompanhamento médico”, destaca o Dr. Mauricio Abrão.
Fonte: IG SAÚDE
Saúde
Especialistas se reúnem em workshop para discutir estratégias e inovações para impulsionar a economia de baixo carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
A redução da emissão de gases poluentes é uma demanda mundial urgente para desacelerar o processo de aquecimento global. O impacto das mudanças climáticas, com a recorrência de eventos extremos como verões mais quentes, períodos de secas e chuvas mais concentradas e intensas, impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.
Para estimular a troca de experiências e conhecimentos sobre o assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) promove, no dia 22 de outubro de 2024, o workshop “O papel das engenharias na transição para uma economia de baixo carbono”. O evento, gratuito e aberto ao público, reúne especialistas para debater soluções integradas para a redução de emissões de carbono e da sustentabilidade em diversos setores como indústria, transporte, construção civil, energia e agronegócio.
O papel da engenharia
Organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) “Economia de Baixo Carbono”, o workshop apresentou novas perspectivas para o mercado de carbono brasileiro e abordou a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) por meio do Projeto de Lei 182 de 2024, em análise no Senado.
“Precisamos ampliar a discussão sobre esse mercado e o papel das engenharias na desaceleração das mudanças climáticas”, pontuou a coordenadora do GT, engenheira mecânica Sírcia de Sousa.
Segundo ela, que também é conselheira da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, a engenharia é essencial para o planejamento e implementação de estratégias de descarbonização para setores industriais, monitoramento e verificação de gases de efeito estufa, além da criação de soluções baseadas na natureza para remoção de carbono. “Os engenheiros também desempenham um papel essencial na produção de normas que orientam e incentivam a população a ter atitudes menos agressivas ao meio ambiente, além de tornar atrativa a adesão da sociedade a um cotidiano de menor emissão de gases poluentes”, ressalta Sírcia.
O engenheiro florestal e técnico administrativo da Ufla, Thiago Magalhães Meirele, destacou a importância de ambientes como o workshop organizado pelo Crea-MG para que profissionais de diversas áreas possam interagir, debater e criar soluções mais ágeis para que o processo de migração do mercado para a economia de baixo carbono seja mais eficiente. “Esse processo é multidisciplinar, cada profissional dentro da sua área, da sua especificidade e atribuição técnica tem seu papel. Juntos, eles vão ajudar na criação de novas tecnologias, no desenvolvimento de protocolos, na aplicação de certificações, dentre outras questões”, disse. Thiago ainda destacou que é preciso que toda a população tenha consciência do tema. “Esses são problemas coletivos e só podem ser resolvidos na coletividade, se não houver um entendimento de que todas as áreas precisam trabalhar juntas para atingir essas metas, a gente não vai conseguir alcançá-las”, afirmou. O engenheiro concluiu explicando a importância do poder público nesse contexto. “Esse processo perpassa também por mudanças de políticas públicas, por incentivos fiscais, por educação”.
Também reconhecendo a iniciativa do Crea-MG em promover um evento para debater um tema “muito importante e de interesse mundial”, o engenheiro florestal Enio Fonseca, com 42 anos de atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e mineração, ele veio participar do workshop. Fonseca parabenizou o Conselho e relembrou que “a engenharia tem um papel muito importante na dinâmica da concepção e operacionalização dessas questões da transição energética e que envolvem o crédito de carbono’’
Exemplo mineiro
Durante o workshop o município do sul de Minas, Extrema, ganhou espaço por ser o pioneiro e ser exemplo em relação a implementação de políticas ambientais. “O primeiro o município que tem esse tipo de modelo de mercado regulado de carbono é mineiro. Extrema é um caso de sucesso que começou em 2005 com uma política de pagamento dos serviços ambientais e na evolução da política, entre 2015 e 2017, eles começaram a incorporar a questão do carbono como uma das condicionantes ambientais”, comentou a engenheira florestal Valéria de Fátima Silva, integrante da Carbon Flore, empresa dedicada a soluções para economia de baixo carbono.
Valéria explicou que em nível estadual e nacional, a regulação caminha lentamente e que ainda existem diversos entraves para que o mercado adote políticas ambientais.
“Para avançar, é preciso haver consenso e envolvimento, e Extrema se diferenciou por fazer esse envolvimento voluntariamente, então só quando as empresas passaram a apoiar o projeto voluntariamente, eles instituíram isso como lei. Então o caminho foi primeiro de convencimento, de engajamento voluntário, para depois a obrigação legal”, explicou a engenheira florestal.
Outro desafio apontado pelo engenheiro de produção civil e professor do Cefet-MG Augusto César da Silva Bezerra é a ampliação do uso de biomassa para a produção de energia. Para ele, o mercado de uma maneira geral está atento ao uso consciente da energia. “A indústria global tem uma projeção de emissões mais voltada para o setor energético, para a energia, o uso da energia na indústria. E a indústria brasileira, nesse aspecto, está bem. A energia brasileira é uma energia mais limpa do que a média global. Nosso principal desafio, eu acredito que seja a gente conseguir potencializar o uso de biomassa, seja para a produção de energia térmica, de biocombustíveis ou de bioenergia, de uma forma ampla”, afirmou.