Descoberta Secular
O Escaleiro de Joaíma: Preservado Pelo Afeto da Comunidade

Em 20 de outubro de 2022, a tranquila cidade de Joaíma, no coração de Minas Gerais, foi marcada por um feito inesperado que trouxe à tona uma parte essencial de sua história. Durante os labores de extração de areia no Sítio Urca, um achado revelador surgiu das águas do Rio São Miguel: um escaler submerso, com a impressionante extensão de 10,85 metros. O objeto, rapidamente apelidado de “escaleiro”, emergiu como um testemunho do passado e imediatamente se tornou objeto de fascinação tanto para os residentes de Joaíma quanto para turistas, que, ao tomarem conhecimento da descoberta, afluíram em massa para o local, desejosos de observar o artefato com seus próprios olhos.
A repercussão foi instantânea, e não demorou para que a Secretaria de Turismo e Cultura da cidade tomasse a dianteira nas providências. No dia subsequente à descoberta, iniciou-se a imponente tarefa de retirar o escaler de seu leito submerso, ação que seria apenas o prenúncio de uma jornada coletiva em prol da preservação de um legado histórico, cultural e emocional de grande significado para a localidade.

Prefeito Dauro Barreto assinando documento de patrimônio cultural e histórico da cidade de Joaíma – MG
A Retirada e Acomodações no Memorial Joaíma: Patrimônio Efetivamente Salvo
Com muito esforço e o trabalho conjunto da comunidade, o escaler, encontrada pelo senhor Dirã e pelo seu filho Breno durante escavações de terraplanagem, foi retirado das águas do Rio São Miguel e transportado para um local seguro. O transporte do escaler foi, por si só, um empreendimento digno de destaque, com a utilização do caminhão de Walter Gonçalves Dias, o Walter Muranga, um cidadão ilustre da cidade. Foram necessários o trabalho voluntário de muitos cidadãos e o comprometimento da Administração Municipal para garantir que a embarcação fosse acolhida adequadamente.
Em 28 de outubro de 2022, chegou ao Memorial Joaíma, um espaço de valor inestimável para os joaimenses, para os mineiros e para o Brasil, escolhido para receber essa peça histórica que, com certeza, preservaria as memórias de tempos passados.
No Memorial, o escaler logo passou a atrair uma gama de visitantes curiosos — desde estudantes até os próprios moradores locais, que enxergavam naquelas tábuas de madeira restauradas, sua história compartilhada e imortalizada. A Secretária de Cultura, Analice Grapiuna, pessoalmente se incumbiu de detalhar aos visitantes a saga do escaler, ressaltando as suas características, e sobretudo o contexto singular do achado.

Dirã e o seu filho Breno encontraram a ESCALER durante um dia comum de trabalho com escavações de terraplanagem
A Obra de Restauração: Um Processo de Devoção e Expertise
Com o escaler abrigado no Memorial, a grande questão que se impôs à cidade foi sua restauração — um trabalho que exigia paciência, sabedoria técnica e, acima de tudo, o envolvimento da comunidade. Após um período de espera de mais de um ano, chegou o momento aguardado por todos. O mestre marceneiro e especialista em restauração histórica, Eustáquio Antônio de Souza, foi escolhido para realizar a monumental tarefa. Eustáquio é um artista cuja habilidade na preservação de bens materiais de grande relevância para a história regional é amplamente reconhecida. Munido de paciência e savoir-faire, dedicou-se à recuperação da embarcação com esmero e profissionalismo, assistido pelo trabalho conjunto da carpintaria de José Wilson Nunes e seu filho José Wilson Nunes Júnior, além de outros colaboradores locais.
Durante 40 dias consecutivos, Joaíma foi palco de um grandioso processo de restauração que atraiu a atenção da população, com moradores frequentemente visitando a carpintaria para admirar o cuidado e a destreza com que o escaler ganhava uma nova vida.

Escaler sendo restaurada pelas mãos do artista Estáquio da cidade de Giru!
O trabalho meticuloso de Eustáquio e sua equipe reavivou o escaler, conferindo-lhe não apenas formas, mas também um simbolismo renovado. Era o entrelaçar do presente com o passado, operando, assim, uma restauração não só material, mas também afetiva para todos que a viam como um elo inquebrantável entre gerações.
O Retorno ao Memorial: O Reencontro com a História
Com a restauração concluída, o 30 de abril de 2024 se tornou uma data emblemática para Joaíma. O escaler, agora restaurado e íntegro, retornava a seu local de origem: o Memorial Joaíma. Esse evento, marcado pela força e união dos trabalhadores municipais, amigos e cidadãos comprometidos com a preservação de seu patrimônio, testemunhou a transformação do escaler em um ícone cultural vivente. Com uma operação complexa de transporte coordenada por Walter Muranga, e de novo com a colaboração de muitos, o escaler foi devolvido a seu novo espaço no memorial, onde aguardaria sua exposição permanente, protegida de forma respeitosa.
O escaler foi cuidadosamente revestido por uma lona espessa, aguardando a construção de sua morada definitiva no Memorial. A devolução do escaler, amparado pelos esforços coletivos e pelo amor à história, foi registrada por Katinho, um fotógrafo local, que eternizou este momento como uma metáfora da união de todos os joaimenses em torno de sua herança cultural.

Dirã e Breno, pai e filho, comemoram o momento especial ao encontrar o escaler restaurado no museu da cidade
Este esforço extraordinário não foi apenas a recuperação de um artefato histórico, mas um reflexo do comprometimento da cidade de Joaíma em preservar sua memória, que através do escaler — essa embarcação de madeira que agora repousa com respeito — permanecerá viva. A população de Joaíma pode, agora, orgulhar-se de sua história preservada, sabendo que o trabalho conjunto e o respeito à cultura resultaram em um legado digno de ser compartilhado com as gerações vindouras.
Neste momento de agradecimento, é impossível não destacar o envolvimento apaixonado de todos os atores desse processo, desde os trabalhadores voluntários até as autoridades municipais. A história do escaler será eternamente lembrada e reverenciada por aqueles que amam sua terra e sua tradição, que tiveram a sorte de testemunhar o retorno dessa grande peça de Joaíma à sua terra natal.
Reportagem
Texto – Alex Cavalcante, jornalista e ex-secretário de Cultura e Turismo de Alpinópolis
Pesquisa e Conteúdo – Edivane Miguel idealizadora do projeto Embaixadores MG
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ENTRETENIMENTO
Alpinópolis e a noite em que a história ganhou voz e rosto
Por entre páginas e memórias, cidade celebra passado e presente em noite de homenagens e autógrafos

Na noite de 25 de junho de 2025, Alpinópolis não apenas abriu um livro — abriu o coração.
Foi mais do que um lançamento. Mais do que uma cerimônia. Foi um reencontro da cidade com sua própria alma. No Espaço de Eventos Cabana, sob luzes cálidas e olhares marejados, nasceu — ou melhor, renasceu — a segunda edição de “Caminhando pela História – Um Passeio pelas Ruas”, obra do sargento e historiador autodidata Juliano Pereira de Souza.
Homem de farda e de memória, Juliano carrega na postura firme o rigor da disciplina militar, mas é no olhar que se revela sua maior missão: preservar o que muitos já esqueceram. Desde 2009, ele vasculha arquivos e ouve vozes anônimas. Percorre cemitérios, cartórios e corações. Com paciência de quem cultiva uma herança, e com amor de quem pertence à terra que pisa, ele escreveu um livro que é, antes de tudo, um gesto de gratidão.
Na plateia, autoridades e amigos. No ar, um clima de reverência e afeto. O evento, que ele mesmo nomeou de “Noite de Autógrafos e Homenagens aos Amigos da História”, contou com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, empresas locais e a presença marcante do prefeito Rafael Freire e do secretário de Cultura, Zé G.
Ali, o tempo parecia suspenso.
Entre discursos, lágrimas e palmas, foram homenageadas figuras que moldaram — e continuam a moldar — a identidade de Alpinópolis. Dos mais velhos, como um senhor de 102 anos, guardião vivo de tempos idos, aos jovens que, com talento e dedicação, levam o nome da cidade para além das montanhas, todos foram lembrados. Empresas que apoiaram o projeto também tiveram seu reconhecimento, num claro símbolo de que cultura e iniciativa privada podem — e devem — caminhar juntas.
“Reconhecer em vida é mais do que um gesto: é um dever”, disse o assessor do Sicoob Credialp, Daniel de Paula, num depoimento que arrancou aplausos sinceros da plateia. E era exatamente isso que acontecia naquela noite — vidas sendo valorizadas, histórias sendo contadas por quem ainda respira.
Juliano, ao apresentar a nova edição de sua obra, parecia emocionado como quem entrega um filho ao mundo. E talvez fosse isso mesmo: o livro nasceu em 2012, dentro do projeto “Ventania Valorizando Nosso Povo”, e ganhou forma em 2021, na primeira edição. Agora, revisado, ampliado e ainda mais vibrante, se consolida como instrumento precioso de identidade.
Nas páginas, genealogias, narrativas, documentos, mapas, nomes de ruas e bairros, registros que, mais do que dados, são fragmentos de alma. Um detalhe chama atenção: entre 2019 e 2023, graças ao movimento de valorização histórica, ruas passaram a homenagear personalidades esquecidas — uma verdadeira reparação simbólica promovida em tinta e concreto.
Durante a solenidade, a escritora Conceição Lima — sempre sensível e provocadora — usou seu momento ao microfone para refletir sobre o impacto da obra e da pesquisa. Destacou a importância de equilibrar tradição e tecnologia, lembrando que até mesmo a inteligência artificial pode — e deve — servir à preservação da memória. E ali, ao lado de Juliano, essa ponte entre passado e futuro se fez real.
Depois das palavras, vieram os autógrafos. Juliano, paciente e sorridente, fez questão de dedicar cada exemplar com o cuidado de quem sabe o que carrega. Entre abraços, fotografias e agradecimentos, se via algo raro nos eventos públicos: comunhão.
Ao final, foi servido um jantar, em clima de festa e pertencimento. Mas era mais que comida — era partilha. E o sabor maior vinha da consciência de que ali, naquela noite, algo maior havia acontecido: a cidade tinha se olhado no espelho da própria história — e gostado do que viu.
“Jamais podemos permitir que a memória de nossos antepassados se perca no tempo”, escreveu Juliano em sua obra. E naquela noite, Alpinópolis deu um passo firme na direção contrária ao esquecimento.
Foi uma noite memorável. Daquelas que se contam aos filhos. Daquelas que viram, por merecimento, mais um capítulo na história da cidade. E que, com certeza, estarão nas próximas edições do livro de Juliano — porque a história de Alpinópolis não para de caminhar.

O escritor Juliano comemorou a noite ao lado da família!
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